"Vem para fora, desata e viva livre"

Caderno de Estudos sobre Deficiência - 2002

01/09/2002

Vem para fora, desata e viva livre

Para ler: texto do evangelho de João 11.17-46. A leitura poderá ser em conjunto e de forma alternada. Bom seria que todos/as os/as participantes tivessem acesso ao texto.

Para refletir

Nada estava errado com Lázaro, com sua vida; com suas coisas; com sua casa; com sua família; com as irmãs; os/as amigos/as; com seus negócios. Não havia nada de problema imediato ou circunstancial. Mas ao mesmo tempo tudo estava errado, pois estava morto. Que drama. Criatura morta!

Podemos estar fisicamente vivos mas espiritualmente, emocionalmente e psicologicamente MORTOS. Nada estava errado com Lázaro; e tudo estava errado com ele, porque estava morto. Pensando em pessoas com deficiência podemos dizer que muitas estão “enterradas” em seus “guetos”, casas e quartos. Há pessoas (com deficiência ou não) que, vivem em estado de morbidez e letargia!

O primeiro sintoma de estar vivo ou morto é esta realidade: morto não tem apetite. Os evangelhos ensinam que Marta e Maria faziam quitutes saborosos (Lucas 10). Podemos, no entanto, garantir que depois de quatro dias de putrefação, depois de envolto na sombria morte, não havia perfume de comida apetitosa que levantasse Lázaro daquela tumba, simplesmente porque nada apetece aos mortos.

Espiritualmente, mortos também não têm apetite. Não têm gosto para oração, para comunhão, para compromissos com a vida. Quando se voltam para Deus não é por causa de Deus: é por causa das coisas que lhe possam advir - os benefícios, as curas, as bênçãos, enfim, os resultados. Não é a pessoa de Deus que os atrai, pois eles não têm apetite de Deus. Deus não é o grande prazer da vida.

E mais: mortos não têm ação. O que caracteriza a morte é a inércia mais profunda. Não há movimento, não há reação, não há vibração.

Mortos também não reagem ao amor. Primeiramente, não reagem ao amor de Deus. O texto diz que Jesus chorou, quando chegou à sepultura de Lázaro. Ele o amava. No entanto este não reagiu ao amor de Jesus. Suas lágrimas não o ressuscitaram. Também não há reação ao amor dos semelhantes, amigos/as e queridos. Marta e Maria choravam; seus amigos choravam, todos pranteavam, mas Lázaro não ressuscitava.

De que será que os mortos espirituais precisam? Alguém diria que eles precisam de estímulo. Mas isto é tão simplista quanto pegar um cadáver de quatro dias e aplicar sobre ele uma descarga de 220 volts. A única coisa que vai acontecer é gente tentando ressuscitar mortos com o poder do pensamento positivo. Mortos não precisam de energia. Também não precisam de “shows”. Não precisam de “passeios” à Terra Santa. E nem de “oração poderosa”. Mortos precisam de vida!

A resposta de Jesus aos mortos é: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crer em mim ainda que morra viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá eternamente”. Crês isto? Mortos precisam de ressurreição. Precisam sair do pó.

A ATITUDE DE JESUS

Jesus se comove quando vê Lázaro morto. Como é que Deus pode se aproximar de um morto sem chorar? Suas lágrimas clamam: !Eu não fiz as pessoas para morrer!”. Jesus vê as pessoas que não têm apetite para seu Criador, que não têm ação espiritual, que não reagem diante do amor - só tem que chorar.

“Tirai a pedra”... o túmulo precisa ser desobstruído. É preciso tirar a pedra do preconceito, da indiferença, da incredulidade, da vaidade, da ambição.

E mais: Jesus anda na direção das pessoas e diz que esse processo de libertação – “ressurreição” - implica crise. Marta diz: “Vai ser um cheiro mau. Será horrível”. Que a realidade venha à tona! Há coisas “guardadas” que precisam ser manifestas. Há muitas coisas varridas para baixo do tapete.

Há ainda uma coisa que precisamos entender. Lázaro ressuscitou, mas ainda havia amarras que o prendiam, Jesus então lhes ordenou: “Agora desatai-o. Deixa-o ir!”. O processo da ressurreição necessita viver livre. Não basta re-viver é preciso libertar. “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Não vos ponhais, pois em jugo de escravidão outra vez!. (Gálatas 5.1).

Seguindo o jeito de Jesus

Um possível processo de libertação junto às pessoas com deficiência

1 - Olhar, ver e se deixar comover diante do sofrimento...

2 - .Tirai as pedras.. Desobstruir. Abrir-se...

3 - .Vem para fora.. Sair, levantar e ir...

4 - .Desatai-o.. Desamarrar das amarras da morte...

5 - .Deixai-o ir.. Criar pontes que aproximam e libertam.

Técnica

Sugestão prática:

Distribuir entre os/as participantes fita “mimosa” colorida de vários tamanhos ou corda. E ter um tempo de diálogo que poderá ser orientado pelas seguintes perguntas:

“Tirar a pedra” é sair para a vida. Você concorda com esta afirmação? Dê sua razões.

O que “amarra” você em relação ao agir para a inclusão das pessoas com deficiência? Você é alguém totalmente livre de
preconceitos em relação aos deficientes?

O que amarra nosso grupo (JE, OASE, Ensino Confirmatório, Estudo Bíblico, Presbitério, grupo de Apoio das PPDs ou outros...) para que aconteça libertação e vida plena?

Depois de algum tempo de diálogo (mais ou menos 20 minutos), as pessoas participantes poderão ser “amarradas”. Ter mais uns minutos para compartilhar (só alguns) como é se sentir “amarrado”? Em seguida sugerir que todas sejam “desatadas”. O que podemos fazer de positivo com as “fitas” ou cordas que nos amarram?

Como sugestão podemos fazer tranças. Essas tranças poderão ser ligadas umas nas outras formando assim uma ponte. Lembrando que pontes nos unem e nos aproximam. (Sugiro a leitura do livro da Ed. Sinodal A ponte de capim, de Christine e Kurt Rosenthal). As amarras que antes nos impediam agora poderão ser usadas para nos aproximar, nos “ligar’. Pontes nos ajudam a ir, caminhar e nos envolver.

Bom seria compartilhar mais um tempo sobre: Como eu posso ser ponte? Existem pontes entre nós? Quais? Vamos concretamente fazer o que para que as pessoas com deficiência “saiam”, venham para fora, sejam “desatadas” e vivam incluídas em nosso meio?

Índice do Caderno de Estudos sobre Deficiência - 2002


Âmbito: IECLB
Testamento: Novo / Livro: João / Capitulo: 11 / Versículo Inicial: 17 / Versículo Final: 46
Natureza do Texto: Educação
ID: 23898
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