1 João 4.(7-16a) 16b-21

Auxílio Homilético

11/05/1997

Prédica: 1 João 4.(7-16a) 16b-21
Leituras: Atos 1.15-26 e João 17.(9-10) 11-19
Autor: Osmar Zizemer
Data Litúrgica: 7º. Domingo da Páscoa
Data da Pregação: 11/05/1997
Proclamar Libertação - Volume: XXII


1. Delimitação do Texto

A Série ABC de perícopes nos propõe como texto de pregação para este 1° Domingo da Páscoa — domingo Exaudi, o domingo entre Ascensão do Senhor e Pentecostes — l Jo 4.13-21. Esta delimitação do texto é surpreendente e dificilmente justificável, em especial no que tange o início proposto para a mesma. Ninguém na pesquisa, até onde pude constatar, faz uma incisão maior entre os vv. 12 e 13 — nem os comentários a meu alcance, nem as edições do texto em grego, nem as versões em português e espanhol, nem ainda a série de perícopes alemã.

No próprio texto há dois aspectos que, a meu ver, falam contra uma incisão entre os vv. 12 e 13: a) No v. 13 não fica claro a quem se refere nele, ele e dele. Somente o v. 12 aclara que aqui se está falando de Deus. Logo, por motivos de clareza, não se deveriam separar ambos os versículos; b) O termo permanecer no v. 13 retoma, aprofunda e amplia a ideia também descrita com permanecer no versículo anterior, bem ao estilo dos escritos joaninos.

Mas como devemos então delimitar a nossa perícope?

A maioria dos comentários parte do princípio de que esta unidade abrange l Jo 4.7-21, ou l Jo 4.7-5.4. No entanto, admitem a divisão da perícope em subunidades. E, embora nos detalhes não coincidam nas subdivisões que propõem, num ponto estão quase todos de acordo: fazem uma incisão antes do v. 16b, ou v. 17, e outra após o v. 21. Também a edição do texto grego — Nestle /Aland, 26a ed. — e a ordem de perícopes alemã adotam a delimitação: l Jo 4.16b-21.
Por todos esses motivos rejeito a delimitação proposta pela Série ABC e sugiro que o pregador centre a sua pregação nos vv. 16b-21, ficando a seu critério se quer restringir a leitura também a estes versículos ou se lerá l Jo 4.7-21 todo.

2. Observações Exegéticas

Não pretendo apresentar aqui uma exegese exaustiva de nosso texto. Quero apenas analisar alguns aspectos que me parecem centrais nesta perícope, e a partir deles pode-se então construir a pregação.

Porém, antes de entrar na análise do texto propriamente dito, parece-me proveitoso lembrar que l Jo é uma epístola, uma das assim chamadas epístolas católicas. Isto quer dizer que esse escrito não tem um destinatário específico. Essa epístola se pretende endereçada aos cristãos em geral. (Aliás, também as cartas com destinatário específico, pela prática da Igreja sugerida por Cl 4.16, acabaram transformando-se em epístolas católicas neste sentido.) Mas, não obstante ser uma epístola sem destinatário específico, l Jo deixa entrever que o autor polemiza contra hereges específicos. Quem são eles?

O autor de nossa epístola faz diversas afirmações sobre eles que podem nos auxiliar em sua identificação:

a) Eles negam que Cristo tenha se encarnado verdadeiramente em Jesus: l Jo 2.22; 4.2,15; 5.1,3,13.

b) Para eles a cruz tem pouca importância: l Jo 1.7; 2.Is.; 4.10.

c) Rejeitam a Santa Ceia: l Jo 5.6.

d) Gloriam-se da percepção imediata de Deus: l Jo 4.12; 4.20.

e) Desleixam ou até desprezam o mandamento do amor: l Jo 1.6,8; 2.4; 3.10s.

f) Eles se separaram da comunidade cristã: l Jo 2.19.

A partir dessas observações fala-se na pesquisa — e a meu ver com razão — de gnósticos docetistas como sendo os hereges cuja posição é combatida nesta epístola.

1) V. 16b: Deus é amor! Quem permanece nesta realidade do amor permanece em Deus, e Deus permanece nele!

Muito se tem discutido na pesquisa sobre essa importante frase: Deus é amor! Trata-se de uma descrição da essência de Deus? Pode-se também inverter esta frase, dizendo: O amor é Deus!? E outras questões mais têm sido levantadas. Porém muitos as têm discutido e estudado de modo isolado de seu contexto. Mas a mim me parece que, para fazer justiça ao autor, é necessário interpretar essa frase-cerne no contexto de l Jo.

Essa frase, que repete l Jo 4.8b, conforme nossa epístola não quer descrever a essência de Deus em si. Ela quer, isto sim, descrever Deus enquanto atuante em benefício e em direção aos seres humanos. Isso fica claro quando se observam outras afirmações que o autor pode fazer sobre Deus em relação ao amor: Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco (aliter Almeida!): em haver Deus enviado seu Filho unigênito ao mundo, para que vivamos por meio dele. (l Jo 4.9.) Nisto consiste o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. (l Jo 4.10.) Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo 3.16. Continua discutido na pesquisa se o Evangelho de João e l João são do mesmo autor; mesmo sem querer decidir a questão aqui, cito esta frase por seu evidente paralelismo de conteúdo!) Como se vê, também aqui não se trata de afirmações que pretendam descrever o ser, a essência de Deus. Trata-se, antes, de afirmações que descrevem o atuar de Deus em amor. E ele o faz, conforme vemos, de modo privilegiado em Jesus Cristo, seu Filho unigénito. E neste mesmo sentido também quer ser entendida a frase Deus é amor! Ela não fala da essência de Deus em si. Fala, isto sim, do agir de Deus e do significado desse agir para o ser humano e para o mundo.

Neste sentido a frase Deus é amor contém uma experiência de fé e uma confissão de fé. É uma experiência de fé enquanto só na fé posso perceber e apropriar-me do fato de que o agir de Deus em Jesus Cristo é o ato decisivo de amor pro me! — ato que, porém, não se esgota nesse agir singular e não se limita a ele. Deus continua a agir em amor também hoje. E os olhos da fé tornam possível ver sinais e vivenciar esse agir amoroso de Deus. É uma confissão de fé enquanto somente quem crê e vive nessa realidade do amor de Deus pode também testemunhar e confessar Jesus Cristo como Filho de Deus, salvador do mundo e salvador nosso (l Jo 4.14-16).

Deus é a fonte do amor. E seu amor precede; precede o nosso saber, o nosso perceber e o nosso falar desse amor e nosso viver nesse amor (v. 19b: porque ele nos amou primeiro; cf. v. l0b). Por isso é preciso crer no amor que Deus nos tem... é preciso permanecer nesta fé, nesta esfera do poder do amor divino... é preciso deixar-se dominar por este amor que Deus nos tem (cf. G. Brakemeier, p. 138).

2) Vv. 17s.: A vivência em fé nessa esfera do poder do amor divino, nessa realidade do amor de Deus, lança fora o medo e dá confiança (= parresia) para o dia do juízo final. No amor não há medo, porque o amor perfeito (não é = perfeccionismo ético, mas sim = amor que chegou à sua meta, i. é, que tem sua fonte em Deus e leva a Deus e ao irmão!) lança fora o medo.

O nosso texto tem em vista, efetivamente, o medo diante de Deus como juiz eterno no dia juízo final. Diante dele toda criatura há de comparecer para prestar-lhe contas de sua vida (cf. Mt 25.14ss.; Lc 16.1-8, etc.). Mas, se recebermos de Deus a nossa própria vida como presente, se Deus nos ama a ponto de que ele enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados (v. 10b), se bebermos desta fonte do amor, não há o que temer da parte de Deus. Quem vive nessa esfera do amor de Deus pode enfrentar o juízo final em confiança (= em parresia), pois sabe quem o julgará. Este poder ter parresia, i. é, pode ter a liberdade, a alegria e a altivez confiante do escravo liberto, que, num andar ereto e altivo, e sem temor, pode mostrar-se tal qual é diante de seu Senhor, quando este o chamar para o dia do juízo.

Para dois pontos importantes, porém, G. Brakemeier chama a atenção: a) O amor lança fora o medo diante de Deus, sim. Mas isto não significa que, quando não há mais medo de Deus, não haja mais temor de Deus, no sentido como M. Lutero usa este termo no Catecismo Menor. O temor a Deus não se porta abusadamente com Deus, não fere a sua dignidade e sua autoridade! O amor lança fora o medo, sim; mas mantém o respeito, o temor a Deus (cf. Pv 1.7; 8.13; Is 33.6; Rm 3.18; 2 Co 7.1). b) Embora o texto fale explicitamente do medo do castigo divino no juízo final, que o amor lança fora, não será contra o espírito do texto dizer que o amor de Deus também lança fora o medo diante dos seres humanos e dá parresia na convivência com eles (SI 27.1; Rm 8.28).

3) Vv. 19-21: Exatamente porque o amor de Deus precede tudo o que nós podemos fazer e ser (v. 19), porque o amor de Deus é radicalmente incondicional — o que se manifestou na cruz de Cristo e o que celebramos no Batismo! — , por isso nós amamos (indicativo!). Porque o amor de Deus é forte, porque ele expulsa e lança fora o medo, por isso nós somos capacitados a amar. Será um amor vacilante ainda, será um amor parcial, que cai de novo no medo porque ainda não é perfeito, que necessitará diariamente ser realimentado pela fonte do amor! Mas podemos amar. E esse nosso amor deve ser bidirecional — ser vertical (= dirigido a Deus) e horizontal (= dirigido aos irmãos). Não há fé sem a experiência do amor — pois Deus é amor! — e sem a resposta do amor. E, neste sentido, a vida de fé jamais será algo puramente individual e pessoal. Terá, sim, um componente individual e pessoal, pois Deus ama a seus filhos e filhas pessoal e individualmente. Mas terá também, imprescindivelmente, um compo-nente coletivo, comunitário (vv. 20s.). E esses componentes do nosso amor são como dois lados da mesma moeda — inseparáveis. É isto que o autor do nosso texto afirma categoricamente neste terceiro aspecto de nossa perícope, e finaliza dando ênfase ao mandamento do amor a Deus e aos irmãos!

À semelhança do Evangelho de João, também nossa perícope fala do amor ao irmão (= adelfos), e não do amor ao próximo (= plesion) (cf. Mc 12.30-31 par.). E, conforme João, os irmãos são os membros da comunidade. Deles se espera que se amem, que tenham amor uns para com os outros. Mas isso não significa limitação do amor só aos que se encontram dentro dos muros da Igreja, ou até os limites da sombra de sua torre (cf. l Jo 3.17). Significa, antes, a concretização do amor fraterno. E este, por vezes, é muito difícil — justamente pela proximidade física do irmão. Aí é necessário amar o irmão convivendo com suas virtudes e com seus defeitos, com sua simpatia ou com sua antipatia, com seus méritos ou com suas fraquezas. O necessitado distante, em sua necessidade, é como eu o idealizo. Ele aparentemente não tem defeitos, não incomoda, não me decepciona... Por isso o amor ao irmão muitas vezes é muito difícil...

O amor cristão, no seu aspecto horizontal, não é apenas algo individual, particular, um acontecer entre indivíduos. O amor cristão é um assunto comunitário (= adelfos) e social (= plesion), e há de procurar eficiência nisto. E há de procurá-la sempre mais. Mas o amor cristão necessariamente passa também por esse aspecto individual e particular, dentro e para fora da comunidade!

A vontade de Deus (mandamento — v. 21) é que amemos a ele e aos irmãos. Mas esta vontade não se cumprirá pela educação de um novo homem e pela mobilização de nossas próprias reservas morais e éticas. Ela se cumprirá enquanto nos deixarmos amar incondicionalmente e enquanto buscarmos as forças para amar naquele Deus que é amor!

3. Nosso Texto — Nossa Realidade

Nossa perícope fala, como vimos acima, de três aspectos centrais:

— do atuar amoroso de Deus para conosco;

— do medo, que o amor de Deus lança fora;

— do mandamento do amor a Deus e ao irmão.

Talvez a afirmação Deus é amor seja uma das mais conhecidas, quiçá a mais usada e até abusada no meio cristão (até uma denominação cristã se denomina por ela!). E justamente por isso talvez esteja tão desgastada, que não mais mexe com o ouvinte facilmente. O ouvinte de hoje tende mais a dar-lhe as costas dizendo: Sim? Que bom! Mas e daí?

Ninguém de nós negará a necessidade do amor em nosso mundo! Vivemos, porém, em um mundo em que mais se percebem a violência, a lei do mais forte, a corrupção, a exploração desumana, as drogas... Enfim, o desamor se faz muito mais presente e visível do que o amor. Os motivos para o medo parecem sobrepujar de todo os motivos do amor e da confiança em Deus e das pessoas entre si! Lembremos apenas alguns motivos da atualidade.

— Aviões militares cubanos derrubaram — em águas territoriais/internacionais? — dois pequenos aviões civis desarmados e particulares de exilados cubanos da Flórida, EUA, por violação do espaço aéreo de Cuba. Nas discussões diplomáticas subsequentes, nem os EUA nem Cuba levantaram a questão se não teria havido a alternativa de forçá-los a pousar e de prender os tripulantes com vida. A discussão se restringe a direito/não-direito. E as consequências são: tentativa de maior aperto no bloqueio económico, maior controle sobre o grupo Pastores pela Paz, greve de fome de alguns destes, maior aperto para o povo cubano... A desconfiança e o medo são tão grandes, que inclusive não se consegue admitir, nem entre lideranças cristãs, que do outro lado pelo menos os movimentos eclesiais de apoio possam sequer ter intenções sinceras! Pode-se aí manifestar o amor?

— Um grupo de policiais rebeldes de Belo Horizonte, descontente com seus baixos salários, em protesto, executou alguns jovens marginais e desovou os presuntos na periferia da cidade. Em carta ao comando da polícia confessaram os assassinatos e ameaçaram continuar com esses crimes, caso não melhorem seus soldos. Que valores! Que defensores da justiça, da lei e da vida! Quanto ainda vale a vida?! Até onde se tem de chegar, para agir assim com vidas humanas! Há lugar para algo como o amor? Para algum sentimento humano?

— Cresce o número de portadores do vírus da AIDS entre meninos e meninas de rua, devido ao uso de drogas e à promiscuidade precoce! Não há lar, não há escola, não há educação, não há auxílio, não há medicamentos, não há hospital... Há lugar para a experiência do amor de Deus e de pessoas humanas?

— Cresce o desemprego entre os trabalhadores têxteis no Vale do Itajaí. A política neoliberal está tirando as fábricas menos competentes do mercado, e as que permanecem estão reestruturando e modernizando seus parques fabris. Isto significa que, passada a recessão no setor têxtil, os postos de trabalho agora eliminados não serão reabertos! Isto causa medo no seio das famílias, da comunidade e das próprias fábricas: Serei eu o próximo despedido? Se sim, onde encontrarei outro emprego na minha especialidade? Como viver? Como sobreviver?''

— Caminhando-se por cidades brasileiras, vê-se medo por toda parte. As casas estão cada vez mais cercadas de altos muros, grades, sistemas de alarme e segurança. Elas estão se transformando cada vez mais em verdadeiras prisões, que impedem até mesmo ver a vida na rua e na cidade! Muitas pessoas não andam mais a pé pelas ruas. E as que ainda ousam andar vão tensas, agarradas a suas bolsas/carteiras, sem desviar o olhar para o lado, para alguém: poderia ser um assaltante, um batedor de carteira, um trombadinha...

Que mundo é esse em que vivemos?! Não é compreensível que alguns grupos de cristãos, frente a essa realidade e frente ao fim do séc. 20, comecem a se preocupar em identificar sinais dos tempos? Fica difícil perceber sinais do amor de Deus neste mundo, e sinais do amor de irmãos!

Não obstante, não creio que o mundo de hoje esteja, digamos, em situação pior do que nos tempos do Novo Testamento. Também o mundo de Jesus e dos cristãos dos séc. l e 2 tinha as suas mazelas sociais e suas crises de valores. Basta lermos autores contemporâneos para nos certificarmos disso! O que ocorre hoje é que, pelos modernos meios de comunicação, estamos (ou podemos estar) melhor informados das coisas que ocorrem ao nosso redor e pelo mundo afora. Com a globalização das informações, temos a impressão de que as coisas estão muito mais próximas e nos afetam diretamente. E assim se eleva o nível de nossa angústia e de nosso medo. Sem dúvida estão mais agudos hoje do que então o problema da superpopulação e os problemas ecológicos, p. ex. Há maior poten¬cial de destruição na mão do ser humano. Mas também há saber, há técnicas e há potencial para solucionar dificuldades antes insolúveis!

O que quero dizer é que o mundo em que vivemos hoje não é pior do que o mundo de nossos pais nem do que o mundo dos primeiros cristãos. Nosso mundo c um mundo de medos e de angústias? É! Nosso mundo é um mundo em que nos parece difícil identificar sinais do amor de Deus? É! Nosso mundo é um mundo em que a prática do amor fraterno parece desaparecer cada vez mais? É! Assim como o foi o mundo dos primeiros cristãos! E, não obstante, é este o mundo que Deus ama. São estas as pessoas para as quais vale o amor de Deus. li neste mundo que recebemos a mensagem do amor incondicional de Deus em Jesus Cristo. E é para este mundo que Cristo nos envia com a mensagem do amor incondicional de Deus e com o mandamento do amor a Deus e aos irmãos!

Celebramos o 7o Domingo da Páscoa, domingo entre a Ascensão do Senhor e Pentecostes. Nos ouvidos de muitos ouvintes de nossa pregação ainda estará soando a pergunta dos mensageiros divinos no monte da ascensão: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? (At l.11a.) Cristo já não está fisicamente presente entre os seus. Mas eles não podem permanecer parados, com os olhos fixos nas alturas. Eles, nós somos enviados para dentro do mundo que está aí, como descrito acima, com esta mensagem — em palavras e ações — do amor de Deus. Nós devemos vivê-lo e testemunhá-lo.

Desse amor e desse envio nos lembram também as leituras para este domingo:

— Atos 1.15-26: Os discípulos e a assembleia dos irmãos (cerca de 120 pessoas) escolhem Matias para com eles ser testemunha da ressurreição. A comunidade cristã necessita do testemunho do amor de Deus em Cristo; o mundo necessita do testemunho deste amor!

— João 17.(9-10)11-19: Cristo, numa grande expressão de amor, intercede pelos seus diante do Pai: a) para que sejam um (tenham amor fraterno) (v. 11); b) que tenham e vivam a Palavra/Verdade de Deus e sejam santificados nela (vv. 14 e 17); c) que o Pai não os tire do mundo, mas os guarde do mal (v. 15); d) e assim preparados e recomendados ao amor e ao cuidado do Pai, Cristo os envia ao mundo (v. 18).

4. Passos da Pregação

A pregação pode seguir os três momentos ressaltados em nosso texto pela exegese, antecedendo-lhe, porém, o assunto: medo.

a) Fazer cartazes em que se escrevam as coisas da realidade de que se tem medo e que por isso nos podem impedir de ver e sentir o amor. (Pode-se fazê-lo com sugestões da comunidade, na hora, ou pode-se trazê-los feitos por algum grupo durante a semana).
— Apresentá-los com um comentário, sublinhando o seu conteúdo.
— Entregá-los nas mãos de membros da comunidade espalhados pela igreja.

b) Leitura do texto de pregação: l Jo 4.(7-16a)16b-21.

c) Deus é amor!
— Apresentar cartazes trazidos prontos, com sinais do amor de Deus, onde não podem faltar: cruz; Batismo; Palavra; Ceia.
— Ter um cartaz em branco, para colocar sinais sugeridos pela comunidade.
— Apresentá-los com um comentário breve e entregá-los nas mãos de membros espalhados pela igreja (quem quer pode levá-los ao fim do culto!).

d) O amor lança fora o medo!
— Os que têm os cartazes com os medos nas mãos os rasgam, e os restos são recolhidos na cesta do lixo!
— Homilia: Não é tão fácil. Os problemas que nos causam medo permanecem! E há que enfrentá-los, quem sabe conviver com eles, e até morrer com eles! Mas os cristãos podem saber: eles não são decisivos! O amor de Deus é o decisivo! É o mais forte! Ele cuida dos seus em meio aos problemas e aos medos que eles nos provocam — cf. Jo 17.15! Cristo nos envia assim ao mundo, para testemunhar e viver o amor de Deus e o amor ao irmão...

Que aspectos poderia ter esse amor ao irmão em nossa comunidade? Isto o pregador deverá concretizar a partir de sua realidade local! Quem sabe, a seguinte história possa ajudar nesta concretização:

Rabbi Moshe Leib contou: Como se deve amar uma pessoa eu aprendi de um colono. Este, juntamente com outros colonos, estava numa taverna e bebia vinho. Durante longo tempo guardou silêncio, como todos os outros. Quando o seu coração estava animado pelo vinho, ele disse a seu companheiro ao lado: Diga-me, você tem amor por mim ou não? E este lhe respondeu: Sim, tenho muito amor por você. Mas o colono disse novamente: Você diz: 'Eu tenho muito amor por você', e nem sabe dos meus problemas e das minhas necessidades. Se tivesse amor por mim de verdade, você saberia deles! O companheiro não conseguiu dizer nenhuma palavra. E o colono que havia feito a pergunta ficou novamente em silêncio, como antes. Mas eu compreendi: amar as pessoas (= o irmão) é sentir os seus problemas e necessidades, e levar as suas cargas. (Lisa Neuhaus, p. 141.)

e) Se possível, na saída entregar a cada pessoa um cartãozinho em que esteja escrito: Assim diz o Senhor: Não temas, eu te remi. Chamei-te pelo teu nome; tu me pertences. (Is 43.1.) Vai, ama a Deus e ama a teu/tua irmão /irmã! (l Jo 4.21.)

5. Sugestões para Hinos do HPD (Hinos do Povo de Deus)

Antes da pregação: Deus, teu amor é igual paisagem bela... (no 176).
Após a pregação: Nem só Palavra é Amor... (no 170).
Hino final: Deus sempre me ama... (no 209).

6. Bibliografia

HARCLAY, William. /, //, /// Juan y Judas. Buenos Aires, Aurora, 1987. p. 109-115. (El Nuevo Testamento Comentado, 15).
BRAKEMEIER, Gottfried. Meditação sobre l Jo 4.16b-21. In: KIRST, Nelson, coord. Proclamar Libertação. São Leopoldo, Sinodal, 1979. vol. V, p. 135-143.
BROWN, Raymond E. The Epistles of John. London, Geoffrey Chapman, 1983. p. 512-567. (The Anchor Bible, 30).
KÜHLWEIN, Johannes. Meditação sobre l Jo 14.16b-21. In: BORNHÄUSER, Hans, ed. Neue Calwer Predigthilfen; 2. Jahrgang. Stuttgart, Calwer, 1980. p. 47-54.
KUSS, Otto & MICHEL, Johann. Carta a los Hebreos y Cartas Católicas. Barcelona, Herder, 1977. p. 645-653. (Comentário de Ratisbona al Nuevo Testamento, 8).
NEUHAUS, Lisa. Peinlich konkret; Meditação sobre l Jo 4.16b-21. In: HÄRTLING, Peter, ed. Textspuren; Konkretes und Kritisches zur Kanzelrede. Stuttgart, Radius, 1991. p. 139-141.
THÜSING, Wilhelm. Las Cartas de San Juan. Barcelona, Herder, 1986. p. 148-172.
VOIGT, Gottfried. Das Heilige Volk; Homiletische Auslegung der Predigttexte; neue Folge. Göttingen, Vandenhoeck & Ruprecht, 1979. vol. 2, p. 283-290.


Autor(a): Osmar Zizemer
Âmbito: IECLB
Natureza do Domingo: Páscoa
Perfil do Domingo: 7º Domingo da Páscoa
Testamento: Novo / Livro: João I / Capitulo: 4 / Versículo Inicial: 16 / Versículo Final: 21
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1996 / Volume: 22
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 17660
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