1912 - TITANIC - 2012

01/12/2011

1912 - TITANIC - 2012

P. em. Meinrad Piske

Neste ano lembramos o centenário da tragédia do navio Titanic na sua viagem inaugural de Southampton, na Inglaterra, a New York nos Estados Unidos. A travessia do Oceano Atlântico deveria estabelecer um recorde de velocidade. Era a primeira viagem deste transatlântico que recebeu o nome TITANIC, lembrando os titãs da mitologia grega. Seu nome anunciava o que era: um gigante, tanto pelo seu comprimento de 269 metros, como pela potência de suas máquinas. Era o mais luxuoso e maior navio de passageiros planejado e construído para fazer a rota da Europa para os Estados Unidos e vice-versa.

Ele foi construído com a melhor e mais inovadora ciência náutica. Ele foi projetado como uma colmeia com compartimentos isolados por portas a prova de água. O navio era considerado tão seguro que a possibilidade de afundamento estava descartada. Não afundaria mesmo que dois dos compartimentos fossem invadidos pelas águas; e os entendidos julgavam que mesmo com quatro compartimentos cheios de água não haveria naufrágio. Mas o Titanic se chocou com um iceberg. E este choque foi tão violento que avariou cinco compartimentos. O transatlântico estava condenado como constatou o projetista Thomas Andrews. Ele imediatamente avisou o comandante de que em aproximadamente duas horas o navio iria afundar.

Quando o comandante recebeu esta informação de imediato tomou as providências cabíveis para salvar o maior número possível de pessoas. Ordenou a descida dos barcos salva-vidas e dentro do lema primeiro as mulheres e as crianças aproximadamente 1/3 das pessoas que estavam a bordo foram salvas, mas 2/3 pereceram.

O navio chocou-se com um iceberg no seu quinto dia de viagem, dia 14 de abril de 1912 às 23h40.

Duas horas e quarenta minutos depois ele afundou levando consigo 1.510 pessoas para o fundo do mar. Cerca de 700 pessoas foram salvas nos barcos salva-vidas e recolhidas por outros navios e foram levadas por estes até New York.

Por solicitação do comandante a orquestra do navio apresentou músicas durante o embarque nos barcos salva-vidas visando acalmar as pessoas. Conta a história que o último hino tocado pela orquestra foi Perto, mais perto quero estar. Este hino com isto se tornou conhecido em todo o mundo e foi associado até os dias de hoje ao Titanic. Quem ouviu o hino talvez o tenha cantado ou cantarolado, consciente de que não tinha como se salvar, a morte estava bem perto. O hino fala do estar perto de Deus e é associado, desde aquela noite de 14/15 de abril de 1912, à morte iminente.

A confiança na ciência e na capacidade humana sofreu um grande abalo. Como poderia um navio deste tamanho, tão grande e poderoso como o próprio nome sugeria, afundar já na sua primeira viagem? Tudo tinha sido estudado e cuidadosamente planejado. Os compartimentos se fechariam mecanicamente ou manualmente, impedindo que a água inundasse todo o navio. Desta forma a confiança de total segurança foi alimentada. Estes compartimentos eram a grande inovação da engenharia náutica.

Muitas publicações abordaram este acidente, sempre tentando entender e explicar as causas desta grande tragédia. Comissões de alto nível, tanto nos Estados Unidos como na Grã Bretanha, foram formadas para analisar este desastre e achar uma explicação sobre os motivos do mesmo. Também filmes — o primeiro data de 1912 — contaram e ilustraram este drama. Livros e artigos de jornais e de revistas foram escritos, sempre com a intenção velada ou com o propósito bem claro de querer desvendar o mistério deste afundamento que teoricamente não poderia ter acontecido.

Até os dias de hoje são realizadas pesquisas e estudos sobre o naufrágio do Titanic que abalou toda a humanidade. Recentemente, por ocasião do lançamento do romance Good as Gold (Bom como ouro) que aborda este naufrágio de 1912 a neta do segundo-oficial do Titanic Charles Lightoller afirmou ao jornal Daily Telegraph que a causa da colisão do navio com um iceberg foi um erro básico de manobra. Seu avô foi o mais graduado tripulante a sobreviver do desastre. Ele teria acobertado o erro nos inquéritos para proteger os donos do navio da falência que faria que muitos de seus colegas ficariam desempregados. Em vez de manobrar o Titanic em segurança em volta do iceberg, pela esquerda, assim que ele foi visto à frente, o piloto, Robert Hitchins, entrou em pânico e virou para o lado errado.

Cada acidente de grandes ou pequenas proporções ensina lições para todos. E a simples busca de eventuais culpados não é o suficiente para acalmar ânimos e restaurar a confiança. Acidentes como o do Titanic - e recentemente do avião de passageiros da Air France e o desastre nas usinas nucleares do Japão — nos alertam e lembram as limitações do ser humano.

O autor é Pastor emérito da IECLB e reside em Brusque/SC


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Autor(a): Meinrad Piske
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Anuário Evangélico - 2012 / Editora: Editora Otto Kuhr / Ano: 2011
Natureza do Texto: Artigo
ID: 31839
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