Alimento para todos – um mundo mais generoso e solidário

01/12/2013

O mundo ainda passa fome.

Precisamos construir uma sociedade mais generosa e solidária, onde esta realidade seja apenas uma triste lembrança do passado.

Uma em cada oito pessoas passa fome no mundo, alerta estudo da ONU de outubro de 2012. E o mesmo estudo ressalta: “No mundo de hoje, de oportunidades técnicas e econômicas sem precedentes, achamos inaceitável que mais de 100 milhões de crianças menores de cinco anos estejam abaixo do peso e, portanto, incapazes de realizar seu potencial humano e socioeconômico. E achamos inaceitável que a desnutrição infantil seja uma causa de morte para mais de 2,5 milhões de crianças a cada ano”.

Os programas sociais desenvolvidos pelo Governo brasileiro foram elogiados no documento, que recomenda o programa Bolsa Família como uma referência para o mundo, como instrumento positivo para promover a capacitação econômica das comunidades. Mas ainda assim, no país, cerca de 13 milhões de pessoas passam fome ou sofrem com desnutrição.

O problema maior, em termos ambientais e sociais, é que se investe mais em produção de produtos para exportação - que demandam recursos físicos, ambientais e financeiros como soja e carne, (produzir 1 kg de carne bovina requer 43.000 litros de água; ao passo que produzir 1 kg de batatas consome apenas 630 litros de água) – e se investe pouco na produção de produtos básicos de nossa alimentação.

Nós temos no Brasil 300 milhões de hectares de terras agriculturáveis e a maior reserva de água doce. Somos depositários de 19% do estoque mundial de água. Nosso maior desafio é usar toda essa riqueza, desenvolvendo comunidades rurais, distribuindo os bens produzidos, alimentando as pessoas e preservando o ambiente e a biodiversidade. É a isto que chamamos de “desenvolvimento sustentável”. Esta não é uma fórmula difícil. E ela tem sido feita ao longo dos anos pelas culturas tradicionais produtoras de alimentos nos diversos países e continentes.

Diante destes argumentos, surge a pergunta: “Quem alimenta o mundo”?

Os diversos organismos internacionais como a FAO, EED/PPM – Pão para o Mundo tem dito que quem alimenta o mundo é a agricultura familiar e camponesa 
de pequena escala. No Brasil o melhor exemplo disso é a agricultura familiar que produz 70% dos alimentos consumidos no país.

E na agricultura familiar e tradicional é importante lembrar e reconhecer o papel chave das mulheres. Pois na maioria dos casos, são elas que transmitem de geração a geração os complexos conhecimentos a cerca de métodos de cultivos ecológicos. São também elas as principais responsáveis pela segurança alimentar, pela saúde e pela subsistência das famílias.

A construção de uma sociedade que respeite os direitos básicos, entre eles a alimentação digna e saudável, é responsabilidade de todos e não apenas dos agricultores produtores de alimentos, técnicos e políticos. Somos todos nós como consumidores, que podemos fazer a mudança exigindo e comprando alimentos mais puros e saudáveis, não tão processados, oriundos de feiras e mercados regionais, fortalecendo os agricultores da região em que vivemos. E somos nós também, como cidadãos e cristãos, que podemos exigir maiores investimentos e atenção para a produção de alimentos de qualidade e quantidade suficiente e para todos, e para o acesso a eles.


A autora é Engenheira Agrônoma e Coordenadora do CAPA – Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor em Pelotas/RS


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Autor(a): Rita Surita
Âmbito: IECLB
Área: Missão / Nível: Missão - Diaconia / Subnível: Missão - Diaconia - Saúde e alimentação
Título da publicação: Anuário Evangélico - 2014 / Editora: Editora Otto Kuhr / Ano: 2013
Natureza do Texto: Artigo
ID: 34386
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