Lucas 13.22-30

06/09/1998

Prédica: Lucas 13.22-30
Leituras: Isaías 66.18-23 e Hebreus 12.18-24
Autor: Arteno I. Spellmeier
Data Litúrgica: 14º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 06/09/1998
Proclamar Libertação - Volume: XXIII
Tema:

1. Introdução

“Somente por causa dos loucos tempos, por causa dos loucos sacerdotes é que nos veio a tristeza, porque nos veio o cristianismo. Porque muitos cristãos aqui chegaram com o verdadeiro Deus: mas este foi o começo de nossa miséria, o começo do tributo, o começo do esmolar, a causa do surgimento da discórdia oculta, o começo das lutas com arma de fogo, o começo dos atropelos, o começo da espoliação de tudo, o começo da escravidão pelas dívidas, das dívidas castigadas às costas, o começo da rixa constante, o começo do padecimento. Foi o começo da obra dos espanhóis e dos padres, o começo de se utilizar os caciques, os mestres de escola e os fiscais.

E como nada mais eram senão meninos pequenos, os rapazes das aldeias! Mesmo assim os martirizaram! Infelizes dos coitadinhos! Os coitadinhos não protestavam contra aquilo que, a seu bel prazer, os escravizava: o Anticristo sobre a terra, tigre dos povos, galo montês dos povos, destruidor do pobre índio. Mas virá o dia em que cheguem até Deus as lágrimas de seus olhos e a justiça de Deus baixe de um só golpe sobre o mundo.” (Texto indo-mexicano do século XVII).

Quanta dor e destruição causadas em nome do Deus do amor! Quantas guerras e injustiças feitas em nome do Deus da justiça! Quanta crucificação, escravização e erradicação de povos inteiros em nome daquele que morreu na cruz para superar todas as cruzes, todas as formas de escravidão e todos os genocídios! Quanta negação do crucificado e ressurreto através de sua instrumentalização para legitimar a crucificação e a submissão de povos inteiros! Quanta prepotência e quanta arrogância em nome daquele que a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo... (Fp 2.7)! Quanta confissão pelos lábios e ideias e quanta traição e negação pelas mãos e pela vivência! Quanta ignorância e safadeza a serviço da ganância, da paixão pelo poder, da vontade de se apoderar das riquezas e das pessoas que aqui viviam! Quanta participação, omissão, submissão e conivência por parte da Igreja e dos cristãos! Quanta vergonha desse passado da Igreja cristã!

Quanta culpa a expiar, quanto perdão a pedir e viver, quanta reconciliação a encaminhar, quantas relações a reconstruir, quanta solidariedade a praticar!

Os textos previstos para o 14° Domingo após Pentecostes testemunham, entre outras coisas, que Deus quer tomar em seus braços todos os seres humanos que praticam a justiça e que à mesa de seu Reino sentar-se-ão pessoas de todas as culturas e povos. Os três textos manifestam essa vontade de Deus quase que casualmente. Pessoas de todas as nações são mencionadas como herdeiras do Reino em contexto de juízo e julgamento, e elas contemplarão a sua glória e grandeza. Quando a Bíblia fala da grandeza de Deus, do seu infindável amor, da sua insuperável justiça, do seu ilimitado poder, ela não o restringe a um pequeno grupo de iluminados, mas testemunha-o como sendo o Senhor onipotente de toda a sua criação.

Na promessa do novo céu e da nova terra todas as pessoas e coisas estão inclusas. A Bíblia não deixa por menos, pois Deus não só ama a nós, mas também àquelas pessoas que são diferentes de nós e o entendem de uma maneira diversa da nossa. Verdade é que não podemos deixar de imaginar e entender a Deus, mas Ele é maior que a nossa capacidade de imaginá-lo e compreendê-lo. Verdade é que Deus sempre se manifesta no dialeto local e na cultura de cada povo, mas não se deixa prender aos parâmetros culturais dos seres humanos. Verdade é que somos convocados a participar da construção do seu Reino, mas é ele quem determina o processo. Quando reduzimos Deus ao tamanho da nossa imaginação, o transformamos em ídolo e ele deixa de ser Deus. A Igreja cristã perdeu o senso do ridículo em muitos momentos de sua história. Um deles foi quando cristãos e cristãs, presos/as aos limites de sua cultura, de seus interesses econômicos e de sua ideologia, acusaram os povos indígenas de idolatria. Não se flagraram que eles mesmos estavam instrumentalizando e usando Deus para justificar a conquista pelas armas, transformando-o em ídolo criado à sua imagem. Será que é correio falar só no passado?

Quero abordar o texto de Lc 13.22-30, enfocando, principalmente, a opção de Deus por todos os povos, por aqueles que praticam a sua justiça.

2. Considerações exegéticas – reflexão

O texto de Lc 13.22-30 é uma composição de diversos ditos e fragmentos que em Mateus encontram-se espalhados em contextos diferentes, nos capítulos 7, 8 e (25). Não há consenso quanto à origem da composição atual do texto. Há comentaristas que julgam ter a atual formulação sua origem na fonte Q, enquanto outros a consideram mais uma obra de Lucas e das primeiras comunidades. Considera-se palavra do Jesus histórico somente o v. 24 - Respondeu-lhes: Esforçai-vos por entrar pela porta estrei¬ta, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão -, e a parábola do grão de mostarda nos w. 18-19. Originalmente, o v. 24 formava, em paralelo aos w. 18-19 e 20-21, a parábola da porta estreita ou da porta fechada, que convocava para a conversão e advertia para o tarde demais.

Tanto a parábola do grão de mostarda quanto a do fermento falam da vinda do Reino como um processo natural, que dá a ideia de se desenvolver independente do ser humano, e têm uma conotação universal. Com a parábola da porta estreita, Lucas coloca um contraponto, afirmando que a entrada nesse Reino depende de decisão e de tomada de posição frente à vontade de Deus e ao próximo. Enquanto as duas parábolas anteriores refletem processos naturais (crescimento e fermentação), a da porta estreita diz que há um tarde demais, que a entrada no Reino não é natural, nem automática, nem isenta da ação humana.

A pergunta: Senhor, são poucos os que são salvos? deve ser entendida, por um lado, tendo como pano de fundo o pensamento apocalíptico dos fariseus. Esse pensa¬mento afirmava, entre outras coisas: Deus criou este mundo para muitos, mas o mundo vindouro para poucos, de onde se deduzia que muitos são criados, mas poucos salvos. Por outro lado, a pergunta acima também deve ser entendida a partir da situação das primeiras comunidades cristãs, que eram minoritárias, sentiam-se ameaçadas em sua existência e convicções, e estavam à procura de uma identidade própria. Jesus ignora a especulação implícita na pergunta e desafia os ouvintes a se decidirem e a se esforçarem por entrar pela porta estreita. Não interessa a quantidade, o número de adeptos, mas a ação, o empenho, o esforço, a decisão e a prática da justiça. Por ser estreita, a porta não dá passagem para quem vem com uma bagagem muito grande.

A porta estreita e, num segundo momento, a porta fechada não aparece em detalhes. Apenas é dito: a) são poucos os que por ela entrarão; b) a entrada por ela exige um esforço muito grande; c) ela se fechará definitivamente; d) haverá um tarde demais; e) Jesus é o juiz atrás da porta fechada; f) qual o lugar à mesa do reino de Deus destinado aos patriarcas, aos profetas e aqueles muitos que virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, gente de todos os povos e nações (v. 29); g) os primeiros (os judeus) serão os últimos, e os últimos (gentios) serão os primeiros; h) os que se encontram junto ao dono da casa, no salão de festas, praticaram a justiça (SI 6.8), e os que pela porta fechada não mais podem entrar praticaram a iniquidade (v. 27). O critério para entrar pela porta estreita e participar da festa do pai não é mais a pertença ao povo judeu com suas promessas, ritos e leis, mas a prática da justiça.

Deve ter doído muito, e trazido muita insegurança aos fiéis judeus, essa afirmação de Jesus, pois ela invertia os valores, rompia com a tradição e lhes tirava a certeza da salvação.

O Antigo Testamento conhece a separação entre judeus que serão salvos e aqueles que não o serão; conhece a convocação dos gentios, pessoas de todas as nações (Is 66.18) para glorificarem a Deus, mas desconhece totalmente a situação em que pessoas de todas as origens encontram-se juntas aos patriarcas e profetas à mesa no reino de Deus, ficando de fora os representantes do povo eleito.

Essa inversão total dos valores deve ter abalado profundamente a fé dos judeus fiéis e a sua vida. O direito de entrada por nascimento e origem foi definitivamente posto em dúvida. O dono da casa, postado junto à porta, os conhece, mas não reconhece o seu direito de participar da festa na casa do pai. De nada adianta apelar com o lembrete tal como comíamos e bebíamos na tua presença, e ensinavas em nossas ruas. Essa chave não abre a porta. A comunhão de mesa e o fato de ter ouvido os ensinamentos não compensam as iniqüidades praticadas, nem a ausência da prática da justiça.

Será que essa parábola só vale para os adeptos da fé judaica, no tempo das primeiras comunidades cristãs? Será que os adeptos da fé cristã não vivem, na atualidade, uma situação de falsa segurança? Será que não se baseiam menos nas boas obras e mais na tradição? Não estarão ancorados na desconsideração de que haverá um tarde demais e na salvação pela graça sem graça? Não estarão sentindo-se donos de Deus, instrumentalizando-o, apossando-se dos conteúdos de fé e colocando-os a serviço dos seus interesses e ideologias, reduzindo Deus ao tamanho de sua imaginação? Por que os cristãos do Brasil colonial, em lugar de todo o esforço feito para converter os povos indígenas, em transformá-los em europeus e em rotular a sua religiosidade de idolatria, não combateram frontalmente o genocídio, a escravização e aniquilamento desses po¬vos praticados em nome de Deus? Por que faltou-lhes a visão profética? Por que foram prisioneiros de seus valores culturais, da ideia de um Cristo guerreiro? Por que nunca foi tentado, verdadeiramente, o diálogo com a fé e a espiritualidade indígenas? Penso que precisamos formular todas essas perguntas também no presente.

Devemos refletir com carinho a relação da inversão total dos valores e a cultura. Nas tradições e nos costumes de nosso povo cristalizaram-se conhecimentos, experiêcias e momentos importantes da historiados membros (Hb 12.18-24). Jesus combate tradições e costumes judaicos não por eles mesmos, mas por estarem instrumentalizados pelos mais diferentes interesses, por obstruírem a visão para o irmão e a irmã, por estarem em contradição com a prática da misericórdia, por impedirem a prática da justiça (Mt 25.31ss.).

Em que parte da história estamos? Ainda comemoramos a Santa Ceia como a dádiva suprema de Deus, recebida gratuitamente, sem nenhum mérito de nossa parte? Ou já a transformamos em condição para entrar no céu, em ritual que nada mais tem a ver com a morte e a ressurreição de Cristo, com a prática concreta de sua justiça na política, na economia, na sociedade? No texto, o dono da casa nem contesta a afirmação dos que estão parados à porta de que estiveram juntos à mesa, mas simplesmente diz: Não sei de onde vós sois, apartai-vos de mim, vós todos os que praticais iniqüidades (v. 27). Ainda celebramos a Palavra com aquele espanto dos que sabem que não merecem tanto amor, tanta graça e aceitação, ou já a aprisionamos em nossos esquemas teológicos e em nossas premissas de salvação, e a isolamos da prática diária de justiça? No texto, o dono da casa também não contesta a afirmação dos que se postaram junto à porta de que estavam presentes quando ensinavas em nossas ruas (v. 26), mas insiste que não os reconhece porque praticaram iniqüidades.

Com Jesus veio a salvação para todos os povos e todas as culturas, mas ninguém pode reclamar para si o direito a ela de antemão. Nem mesmo os cristãos podem fazê-lo.

Será que a Igreja cristã de hoje não está na situação do povo judeu do tempo de Jesus? Será que junto aos patriarcas e profetas não estão à mesa no Reino gente de todos os povos e nações - indígenas, negros, crianças... - que formalmente nunca pertenceram a uma igreja cristã e que, eventualmente, nunca ouviram falar da morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, mas que praticaram a sua justiça e viveram o seu amor?

3. Pistas para a prédica

O texto permite diversos acentos e diversas abordagens na prédica. Uma delas poderá ser a reflexão pura e simples do texto, procurando-se exemplos locais para falar do tarde demais (esse motivo não deve ser usado para aterrorizar os membros); da diversidade dos hóspedes e da alegria à mesa do Reino (o Pai tem a liberdade de escolhê-los, pois é ele quem convida e é ele o dono da festa); da prática de iniqüidades, ou melhor, da prática da justiça como motivo de entrada no Reino. A amarração deve acontecer com a vida real dos membros. Ela não deve ter uma conotação de falsa espiritualização e moral, mas de opção pelo Reino, de vivência de acordo com a justiça trazida por Cristo e de prática diária da justiça nas relações comerciais, sociais, políticas, familiares... A prática da justiça é, antes de mais nada, resposta à aceitação por parte de Deus.

Uma segunda abordagem pode acontecer a partir da necessidade de trabalharmos a questão cultural em nossas comunidades. Já somos uma igreja de Cristo no Brasil, ocorrendo a maior parte dos cultos, dos estudos bíblicos e dos trabalhos comunitários em português, ao contrário do que era frequente num passado próximo. Parece-me que também não mais corremos o perigo de cairmos num germanismo político e ideológico. Sabemos, no entanto, que em nossas comunidades há profundos preconceitos contra pessoas que são diferentes: portadores de deficiência, indígenas, negros, mestiços, mulheres..., baseados numa ideia de superioridade cultural, racial, física e de gênero.

Algumas pistas que, eventualmente, podem ajudar na reflexão:

1) Como o tema é complexo, muitos passos devem ser dados, tanto a nível de reflexão como a nível de prática, sendo a prédica, talvez, somente um primeiro passo.

2) Sabemos que muitos membros de nossas comunidades continuam centrados na sua etnia, cultura e tradições - também nas grandes cidades —, o que se denomina de etnocentrismo e é comum a todos os grupos humanos. O etnocentrismo nasce da necessidade de se diferenciar dos demais grupos. Temos que trabalhar a questão dos valores culturais que dão origem ao preconceito e que são usados para justificar opressão, exploração e exclusão. Essa questão, no entanto, precisa ser trabalhada com muito carinho, pois nela teremos que abordar valores que são íntimos e caros aos membros, que fazem parte de sua história e a dos antepassados, que são norteadores para a sua vida.

3) Além disso, a cultura implica muitas dimensões: a) ninguém vive sem cultura; b) ela tem a função de dar sentido, explicar, ordenar e dar identidade às pessoas; c) ela diz respeito ao nosso modo de ser, de viver, de nos relacionar; d) a diversidade cultural é uma riqueza e todas as tentativas de criar monoculturas acabaram redundando em ditaduras, opressão e eliminação dos grupos divergentes.

4) As pessoas têm valores culturais diversificados, variando de origem e de região de colonização, e têm direito a eles. Fazem parte deste mundo da cultura: o conceito de trabalho, o relacionamento mútuo, a comunicação, as festas, a música, a concepção de mundo, a concepção de Deus... É nesses conceitos que, por via de regra, cristalizam-se os preconceitos. Basta perguntar ao pessoal o que eles acham, por exemplo, dos nordestinos. Não existem, porém, cultura superior e cultura inferior, existem culturas, algumas favorecem mais a vida do que outras, algumas solucionam melhor os problemas frente à vida do que outras. Procurar o diálogo com a cultura da outra pessoa não significa negar a sua própria. O diálogo com a outra cultura e pessoa enriquece e ajuda a entender e descobrir melhor a própria cultura.

5) A questão cultural entrava, muitas vezes, o trabalho missionário da Igreja. O que é construído arduamente com o testemunho dedicado e com a fiel pregação da Palavra muitas vezes é destruído pelo preconceito, fruto de uma cultura de exclusão. É verdade que só conseguimos falar de Deus dentro de parâmetros culturais, mas a palavra Deus é multicultural e jamais fica prisioneira dos mesmos. Não podemos falar de Deus sem falarmos a língua específica de cada povo, mas Deus tem muitos outros caminhos para se aproximar das pessoas, e jamais está preso a uma cultura, a um povo, a uma língua. A Palavra pode confirmar ou questionar valores culturais vigentes; ela deve interpretá-los e ajudar a entendê-los; ela se move dentro deles e não está amarrada a eles.

6) O texto propicia a reflexão sobre o valor dos costumes, ritos, tradições e leis, enfim, da cultura orientadora nas comunidades, e a inversão de valores da mensagem cristã, tendo como exemplo o que aconteceu com os eleitos de Israel. A prática da justiça pode ser refletida em muitas direções. O texto, no entanto, não permite uma interpretação preconceituosa, excludente e marginalizadora.

7) Podemos falar da destruição cultural e física dos povos indígenas em nome de uma cultura que se tinha como superiora e de uma fé que se considerava cristã, e que em verdade só eram e continuam a ser ídolos destruidores, autoritários e impiedosos, que nada mais têm a ver com a prática da justiça, nem com o Deus da Bíblia, nem com a comunhão e a alegria à mesa do Pai e, muito menos, com o seu Filho que deu a sua vida a nosso favor, por uma questão de justiça. A alegria à mesa do Pai é uma alegria partilhada, gratuita e acessível a todos e todas que praticam a justiça.

4. Subsídios litúrgicos

Confissão de pecados: Confessemos os pecados que cometemos contra os povos indígenas e contra Deus Pai e Mãe que gerou vida para todas as pessoas. Perdoa-nos pela exploração dos povos e sua terra e também pelo assassinato praticado por nossos antepassados.

Todos e todas: Recebe-nos novamente como irmãs e irmãos!
Perdoa-nos quando desprezamos o sofrimento dos povos indígenas e quando desvalorizamos sua cultura e seus conhecimentos.

Todos e todas: Recebe-nos novamente como irmãs e irmãos!
Perdoa-nos quando nos julgamos superiores aos povos indígenas e tira de nós os preconceitos que impedem a convivência com as irmãs e os irmãos indígenas de igual para igual, mesmo sendo diferentes.

Todos e todas: Recebe-nos novamente como irmãs e irmãos!
Finalmente, perdoa a nossa omissão e submissão diante dos poderes econômicos e políticos injustos que estão a serviço de uns poucos.

Todos e todas: Recebe-nos novamente como irmãs e irmãos! (Liturgia Tupari 1995.)

Oração de coleta: Oh. Criador, que estás nos confins de um mundo sem igual. Que deste ser e valor aos seres humanos, dizendo: Este seja homem; e às mulheres: lista seja mulher. Fizeste-os, formaste-os, e lhes deste o ser.

Protege, portanto, e ampara os seres que criaste e a quem deste o ser, para que vivam são e salvos, em paz e sem perigo.

Onde estás? Habitas, porventura, no alto do céu, ou debaixo da terra, ou nas nuvens e tempestades?

Ouve-me, responde-me e concede-me o que te peço, dando-nos vida para sempre e estendendo-nos tua mão. E recebe agora nossa oferta, onde quer que estiveres, ó Criador!
(Oração do povo inca.)

Oração de intercessão: Temos a tua promessa, Senhor: Muitos virão do Leste e do Oeste, do Norte e do Sul, e vão sentar-se à mesa no Reino de Deus - Lucas 13,29.

Tu és o Salvador e Libertador de todos os seres humanos e de toda a Criação.

O teu reino está aberto a pessoas de todos os lugares, a mulheres e homens, crianças e idosos, a representantes de todas as raças e cores, de todas as culturas e tradições.

Presentes estarão pessoas do Oriente com sua mística, pessoas do Ocidente com sua racionalidade, pessoas do Norte com sua ciência, e pessoas do Sul com sua esperança.

Tudo será de todos e de todas.

Em teu Reino há lugar para mulheres oprimidas e violentadas; crianças roubadas de sua infância; homens explorados em seu trabalho; povos indígenas massacrados, estrangeiros em sua própria terra.

Todos poderão contar suas histórias de sofrimento, partilhar suas experiências de resistência e espiritualidade, enriquecer, com o seu amor e a doação, a convivência e a comunhão.

Por que esperar por um futuro incerto, se o teu Reino já está em nosso meio? Por que protelar a partilhar, se tu partilhas tudo conosco?

Por que discriminamos aquelas pessoas que são diferentes de nós, se tu nos aceitas em nossa alteridade?

Por que queremos uniformizar tudo cm tua criação, se a fizeste tão heterogênea, tão diversificada, rica e colorida?

Agradecemos-te por podermos ser diferentes. Agradecemos-te por não precisarmos ser tudo. Agradecemos-te por podermos ser limitados. Agradecemos-te por nos complementarmos uns aos oulros. Agradecemos-te por nos aceitares cm nossa alteridade e limitação.

Agradecemos-te que também na morte a vida não perde o sentido, porque tu lhe dás uma nova forma e um novo sentido em tua eternidade. Amém!

Bênção: Oh grande Espírito, cujo sopro infunde vida no mundo, e cuja voz se ouve na brisa suave: precisamos da tua beleza e da tua sabedoria. Leva-nos a andar nos caminhos da beleza. Dá-nos olhos capazes de contemplar o pôr do sol de púrpura. Dá-nos sabedoria para que possamos entender o que tu nos ensinas. Ajuda-nos a comparecermos à tua presença com mãos limpas e olhos atentos, para que, quando a vida adormecer, como o poente, nossos espíritos se aproximem de ti sem temor.

(Bênção de um povo indígena norte-americano.)

5. Bibliografia

CONSELHO LATINO-AMERICANO DE IGREJAS. 500 Anos - Presença cristã na América Latina e Caribe. São Paulo, 1991
GRUNDMANN, Walter. Das Evangelium nach Lukas. Berlin : Evangelische Verlagsanstalt, 1974. (Theologischer Handkommentar zum NT, III).
SCHMITHALS, Walter. Das Evangelium nach Lukas. Zürich : Theologischer Verlag, 1980. (Zürcher Bibelkommentare, NT).
SCHÜNEMANN, Rolf. Lucas 13.22-30. In: Proclamar Libertação. São Leopoldo : Sinodal, 1991. vol. XVII, p. 193ss.
STORNIOLO, Ivo. Como ler o Evangelho de Lucas. São Paulo : Paulinas, 1992. (Série Como Ler a Bíblia).


Proclamar Libertação 23
Editora Sinodal e Escola Superior de Teologia


Autor(a): Arteno I. Spellmeier
Âmbito: IECLB
Natureza do Domingo: Pentecostes
Perfil do Domingo: 14º Domingo após Pentecostes
Testamento: Novo / Livro: Lucas / Capitulo: 13 / Versículo Inicial: 22 / Versículo Final: 30
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1997 / Volume: 23
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 7104
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A música é o melhor remédio para quem está triste, pois devolve a paz ao coração, renova e refrigera.
Martim Lutero
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