1 Pedro 3.15-18

09/05/1999

Prédica: 1 Pedro 3.15-18
Leituras: Atos 17.22-31 e João 14.15-21
Autor: Selma Nascimento
Data Litúrgica: 6º Domingo da Páscoa
Data da Pregação: 09/05/1999
Proclamar Libertação - Volume: XXIV
Tema:

Introdução

Como um cristão consegue perseverar em uma sociedade cujos valores em nada se assemelham ao evangelho? Como não ser mais um a fazer parte desta roda-viva onde impera a lei do mais forte?

A ressurreição seria apenas um fato histórico circunstancial? Ontem e hoje, as comunidades questionam-se e buscam o Senhor. Como encontrá-lo? Algumas chavessão necessárias para esta tarefa.

O salmista, no Salmo 73, vv. 2-3, diz: Por pouco meus pés tropeçavam, em nada, meus passos deslizavam, porque invejei os arrogantes, vendo a prosperidade dos ímpios... (Bíblia de Jerusalém). Urge ressuscitar para uma vida nova mais autêntica.

A Carta de Pedro tem o propósito de animar aqueles que ainda resistem. Pistas práticas de como não sucumbir constituem o conteúdo destes quatro versículos. Os outros dois textos nos ajudam, confirmando que esta luta não é nova: no início, nas primeiras comunidades, o problema já se manifestava em sua essência.

Voltando no tempo...

A carta se destina aos cristãos espalhados nas regiões da Ásia Menor. Viviam numa situação de forasteiros, peregrinos, escravos. Não desfrutavam do direito de cidadania, eram alvo de chacotas, por serem cristãos com uma prática oposta à sociedade excludente em que viviam. Pedro lhes dirige uma mensagem de encorajamento e, especificamente em nossos versículos, uma exortação para que, diante dos sofrimentos, tenham uma postura de resistência, de confiança, a exemplo de Jesus.

Caminhando nos textos

Em Pedro é clara a palavra de ordem durante a turbulência: resistir. Esta resistência não se realiza de qualquer maneira. Ele traça um programa cristão. Quais serão os requisitos para uma vida verdadeiramente cristã em meio ao ambiente hostil?

* Honrar a Cristo como Senhor — reconhecer a primazia de sua ação na história, mesmo em situação de conflito;

* Prestar culto — intimidade com o Senhor — ofertando pensamentos e afetos;

* Viver com a intenção reta e sincera de agradar ao Senhor.

Qual a maneira de agir para cumprir tais requisitos? Uma vez mais é o próprio texto que lança uma luz. A boa nova, o evangelho, deve ser defendido através de ações concretas: agir com brandura. Dizia-nos Che Guevara: É preciso enrijecer sem jamais perder a ternura''. Deve-se assumir uma postura de respeito, ter a consciência limpa. A fé deve nortear nossa razão neste contexto em que esses valores são ridicularizados e, às vezes, até tomados como ingênuos. É difícil, porém, não impossível. Temos como garantia a presença do Espírito santificador e a intimidade com o Senhor.

Esses fatos são novos? Não. Olhando o texto de Atos, percebemos que Paulo teve que ser criativo para anunciar a mensagem cristã. Não entra em querelas filosóficas, aproveita o recurso que tem para dar alento àqueles que buscam sinceramente o Senhor. Mas não deixa de acentuar que quem se dispõe a caminhar necessita, a cada instante, de conversão.

Essa conversão não ocorre de maneira imposta, como um movimento de fora para dentro; ela é, sim, decorrência de ser amado. Quem ama, segundo João, se identifica com Jesus, adquire gestos próprios de um discípulo. Apesar dos sofrimentos, confia, pois tem esperança no Senhor Jesus, que também sofreu e manifestou a vida através da ressurreição.

Concluindo

Nada disso ocorre de maneira pessoal e intimista. É na comunidade, em família, na sociedade que as leituras da mediação do Senhor são realizadas. Somos chamados a manifestar, em qualquer tempo e lugar, que o Senhor vive entre nós. É romântico crer que o seguimento de Jesus elimine dificuldades e dúvidas. Importa ter consciência de que não estamos sós, à mercê dos acontecimentos. Conosco está operando o espírito do Senhor, manifestar sua presença é ressuscitar.

Bibliografia

COMBLIN, José. Atos dos Apóstolos : v. II: 13-28. Petrópolis : Vozes; São Leopoldo : Sinodal; São Bernardo do Campo : Imprensa Metodista, 1989. p. 72-79.
JAUBERT, A. Leitura do Evangelho segundo João. São Paulo : Paulinas, 1985. p. 86-87.
MATEUS, Ivan. O Evangelho de São João : análise lingüística e comentário exegético. São Paulo : Paulinas, 1989. p. 606-612.
O sonho do povo de Deus : as comunidades e o movimento apocalíptico. São Paulo : Loyola/CRB, 1996. p. 93-97.

Proclamar Libertação 24
Editora Sinodal e Escola Superior de Teologia


Autor(a): Selma Nascimento
Âmbito: IECLB
Natureza do Domingo: Páscoa
Perfil do Domingo: 6º Domingo da Páscoa
Testamento: Novo / Livro: Pedro I / Capitulo: 3 / Versículo Inicial: 15 / Versículo Final: 18
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1998 / Volume: 24
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 7259
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