Cristãos, alegres jubilai

Comentário e Reflexão

15/09/2013

HPD 155 - Cristãos, alegres jubilai é o hino mais extenso em nosso hinário, contando com 10 estrofes; é um dos hinos da autoria do Reformador Martin Luther. Ele compôs o texto no ano de 1523, e no mesmo ano já foi publicado por meio de folhetos avulsos. O título original foi: “Ein Danklied für die höchsten Wohltaten, so uns Gott in Christo erzeigt hat” (Um hino de agradecimento pelos maiores benefícios que Deus em Cristo nos mostrou). Mais tarde usaram-se ainda outros títulos que, com poucas palavras, resumem o conteúdo do hino, como p.ex. em 1531: “Um cântico que abrange a vida cristã inteira”, e em 1535: “Um ótimo canto espiritual, como o pecador pode receber a graça”.

Como modelo para a melodia Martin Luter usou uma canção popular da época. Pois numa pequena edição dum cancioneiro de 1524 lê-se antes deste hino a informação: >Segue um bonito cântico evangélico que se canta conforme a melodia de “Alegrai-vos, mulheres e homens, pois Cristo ressuscitou” a qual se costuma cantar na festa da Páscoa.< Provavelmente esta canção deu a Luther o impulso para a 1ª estrofe.

Conteúdo:

A 1ª estrofe é um apelo. Somos chamados para jubilar alegres, exultar, cantar e glorificar a Deus. (Conhece outros hinos nos quais aparecem estes verbos? P.ex. HPD 7; 14; 30; 60; 247; 253; 260...). Na continuação da 1ª estrofe aprendemos o porque de tanta alegria e o preço que Deus pagou por nós.  

Nas estrofes 2, 3 e 4 Luther fala de sua própria experiência feita antes de 1517: a sua vida triste vã sob o peso do pecado (2ª); a tentativa de salvar-se por meio de obras boas (3ª); e finalmente a certeza da salvação por graça (4ª). Veja o que o apóstolo Paulo diz em Tito 3.3-7. - Agora já conhecemos o motivo da alegria dos cristãos.  

A 5ª estrofe explica o que passou pelo coração de Deus, na forma interessante de um diálogo entre Deus Pai e Deus Filho. E a 6ª estrofe ressalta a obediência de Jesus (Filipenses 2.5-11). O texto original alemão fala aqui da Virgem, lembrando o Natal. E em lugar de “Lutou por minha causa” o original diz que Jesus veio para caçar o diabo.  

Nas quatro últimas estrofes é o próprio Jesus quem fala. E não fala mais só ao aflito Martin Luther, e, sim, a qualquer um de nós. Imagino-o estendendo a mão (7ª), pedindo: A minha mão segura... (veja HPD 216) e declarando: eu sou teu e tu és meu (veja HPD 222,3ª e 4ª de Paul Gerhardt). 

Na 8ª estrofe fala mais uma vez do alto preço que ele pagou para nossa salvação: derramou seu sangue e sofreu na cruz – lembramos Semana e Sexta-feira-Santa. A 9ª estrofe se refere à Ascensão de Jesus, quando volta ao Pai e promete não nos abandonar, pois envia o Espírito Santo, o Consolador, que nos ampara e guia. 

A 10ª estrofe baseia-se nos últimos versículos do evangelho Mateus: “Ide, fazei discípulos de todas as nações... e eis que estou convosco todos os dias.” (Mat. 28.19 e 20) e o 1º capítulo dos Atos dos Apóstolos: “Sereis minhas testemunhas... até aos confins da terra.” (Atos 1.8). Como discípulos temos a missão de fazer e ensinar o que Jesus havia feito e ensinado. E´ uma maneira de agradecer ao Senhor pelo seu grande sacrifício, além de jubilar e cantar.

Observação

Hoje em dia é difícil achar alguém que tenha fôlego para cantar 10 estrofes em seguida. Porém, já que cada uma das estrofes tem sua importância, convém que todas sejam cantadas. Pode-se cantar as estrofes impares e ler as pares alternadamente. Ou, onde um coro está presente, este pode alternar com os demais membros da comunidade. Ou divide-se os membros presentes em dois grupos: homens e senhoras, jovens e adultos, lados da esquerda e da direita, etc. Sendo a primeira e a última estrofes cantados por todos.

HPD 155,10 “A luz dos homens é falaz, enganadora é sua paz”

No ano de 1557 os líderes e nobres alemães se reuniram em Frankfurt sobre o Meno, por ordem do Imperador. No dia de São João os evangélicos reuniram-se na Igreja de São Bartolomeu . Ali um pastor evangélico deveria transmitir-lhes a Palavra de Deus. Mas ficaram muito admirados quando de repente um sacerdote católico romano foi ocupar o púlpito. Cantaram o hino antes da prédica. E quando o sacerdote queria iniciar sua mensagem os príncipes evangélicos começaram a cantar um hino da autoria de Martin Luther: “Ó Santo Espírito do Senhor, dá-nos fé e verdadeiro amor” (HPD 82), e o povo reunido os acompanhava. O sacerdote aguardou com paciência. Depois começou a ler o Evangelho do Dia. Os visitantes o escutaram em silêncio e com respeito. Em seguida, quando o sacerdote ia começar seu sermão, os príncipes iniciaram um outro cântico. Agora foi o hino luterano “Cristãos, alegres jubilai, felizes exultando...”. Cantam todas as dez estrofes. O sacerdote, ao escutar a terceira estrofe “As obras nunca poderão livrar-me do pecado...”, desce irado do púlpito. Ele se confronta com um dos mais importantes príncipes e grita: ‘Me obrigam a abandonar o púlpito; no juízo final terão que prestar contas por isso.’ – O príncipe respondeu: ‘Sem licença vossa senhoria ocupou o nosso púlpito. A respeito do juízo final eu penso que nem estaremos tão próximos um ao outro!’ – O sacerdote irritado, jogou no chão a ampulheta que estava na sua mão, e cheio de raiva saiu da igreja. Depois o culto evangélico podia ser celebrado sem perturbação.

Fonte: Otto Schlisske “Handbuch der Lutherlieder”, Göttingen, 1948, pág

                        


Autor(a): Leonhard Creutzberg
Âmbito: IECLB
Hino: 155. Cristãos, alegres jubilai
Natureza do Texto: Música
Perfil do Texto: Comentário ou reflexão sobre hino
ID: 25160
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