Debate mostra como melhorar qualidade de vida nas vilas

03/09/2004


As diferentes formas de ajudar os mais necessitados foram discutidas na última Sexta Cultural, no dia 03/09, na Igreja da Paz. Com a presença de pessoas atuantes nos morros e vilas de Belo Horizonte, o debate ajudou a compreender como a CECLBH (Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte) pode mudar as condições de vida nesses lugares.

A representante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC) na Secretaria Estadual de Saúde, Maria Lúcia de Godoy Pereira, lembrou a boa-vontade de muitas pessoas que não sabem como ajudar àqueles que vivem em situações precárias. Geralmente, o primeiro passo é dar uma esmola ou cestas-básicas. Dessa maneira, resolve-se o problema imediato, mas não se propicia condições para a pessoa se desenvolver e poder se sustentar.

Pastor Gert Müller revelou o erro de interpretação por trás da ação paternalista da igreja. Os milagres de Jesus foram entendidos como se fossem apenas uma ajuda pontual, por exemplo, com a simples cura de leprosos, sem a preocupação com a inclusão social do curado. Então a igreja dava esmolas e agia de modo paternalista, sem se preocupar com o contexto no qual as pessoas necessitadas viviam.

No entanto, o P. Gert citou o Antigo Testamento para interpretar as ações de Cristo, que agia segundo a cultura judaica. Essa parte da Bíblia mostra que Deus deu todas as condições para que o homem seja autônomo e possa construir uma casa, plantar e colher seus alimentos. Contudo, a defesa do Livro Sagrado foi veemente. Deve-se criticar a igreja e não a Bíblia, afirmou. Ele também destacou a importância da justiça para melhorar as condições das regiões socioeconomicamente carentes. Dar cesta básica não é dar justiça, dar justiça é dar as condições básicas para o desenvolvimento das pessoas, afirmou.

A necessidade de dar autonomia aos moradores de vilas foi defendida por todos em oposição ao paternalismo. Porém, Silvana Knup, uma das coordenadoras executivas da Instituição Beneficente Martinho Lutero (IBML), prefere o termo proteção ao paternalismo. O último cria uma situação de dependência nas pessoas ajudadas. Já o primeiro considera a necessidade de apoio pontual, devido ao alto nível de carência econômica.

A assessora de projetos sociais da Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente (AMENCAR), Tânia Narciso, ressaltou o distanciamento dos moradores da cidade em relação às vilas. Segundo Tânia, o processo de inclusão deve ser feito em mão-dupla: tanto o habitante da vila deve ser inserido na sociedade, quanto as pessoas da cidade devem conhecer a realidade do morro. Poucos moradores da cidade já foram no morro, mas a maioria dos habitantes de vilas vão para o centro todo dia, provoca.

P. Gert lembrou que a comunidade luterana não deve servir apenas para cultos, mas deve se envolver nos problemas da região. As igrejas não percebem fé como ação social, criticou.

O debate foi finalizado com a citação do trecho bíblico Mq 6:8, O Deus Eterno já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus.
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Bruno Blankenburg, pela CECLBH
 

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