Diaconia Urbana

Subsídios para Trabalhos com Grupos

23/04/2014

Subsídios para Trabalho com Grupos
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Quando procuramos imagens de cidade na internet, ficamos chocados e tristes com as cenas. Mas também sorrimos e ficamos admirados com outras. Ainda assim, a maioria das cenas são negativas. Revelam violência, construções irregulares e precárias, problemas na educação e na saúde, pessoas doentes e solitárias.

Para quem mora na cidade, como é meu caso, essas cenas são diárias. As contradições são visíveis. Nosso país têm muitas coisas boas e vários progressos, mas ainda falta muito para vivermos em igualdade, justiça e vida digna. Até mesmo alguns artistas brasileiros revelam sua crítica na música, como a seguir na composição de Renato Russo.

Que país é esse?

Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação

Que país é esse? (4x)

No Amazonas
E no Araguaia ia, ia
Na Baixada Fluminense
No Mato grosso
E nas Gerais
E no Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso
Mas o sangue anda solto

Manchando os papeis
Documentos fiéis
Ao descanso do patrão
Que país é esse? (4x)

Terceiro mundo se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão

Que país é esse? (4x)

Cada vez mais as pessoas deixam o campo e as cidades menores em busca de emprego e educação na cidade grande. Há sim, muitas facilidades. É um mundo de oportunidades e descobertas. Elas podem ser boas, mas também podem trazer riscos. Lembro que no mês passado uma mulher deixou sua filha com a mãe na Bahia e veio em busca de emprego. Foi morar num bairro onde as moradias não são tão caras. Começou vida nova. Novo emprego e um novo relacionamento. Grávida de 7 meses, foi brutalmente assassinada pelo companheiro com tiros na cabeça.

Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor, porque na sua paz vós tereis paz (Jr 29.7). É verdade! Precisamos orar por nossas cidades. Como igreja que é corpo e comunhão, temos a grande missão de estar presente na cidade.

De Jesus aprendemos que ele não se cansava de ir de cidade em cidade (Lc 8.1 ss), ensinando, curando e anunciando a boa notícia do Reino de Deus. Jesus já apontava os problemas sociais que ainda hoje causam exclusão. Pensemos em nossas comunidades. São espaços de comunhão? Quem não é bem-vindo, bem-vinda? De quem falamos e apontamos como pecadores e pecadoras?

Ah sim! Cada pessoa faz suas escolhas! É muito fácil se perder na cidade. Há muitas facilidades, mas a sobrevivência não é fácil. Chegar na cidade grande e se sentir deslocado, não ver sua igreja (ou não saber qual escolher), sentir-se pequeno. Essa é a realidade de quem migra.

Quem nasce na cidade, se acostuma desde cedo. É uma infância e adolescência diferente, diria que os riscos são maiores porque a violência e as drogas estão presentes até nas escolas. Nosso olhar precisa ser de empatia (de colocar-se no lugar do outro), antes de julgar suas escolhas. Hebreus 13.3 orienta: Pensais também em todos os que sofrem como se partilhásseis das suas tribulações.

O mundo de oportunidades para crescimento envolve os meios de comunicação. A Internet está presente em praticamente todas as residências, assim como o telefone celular. As comunidades já perceberam que os meios midiáticos facilitam a comunicação e precisamos saber usufruir da melhor maneira para que também sejam espaços de divulgação e informação. O que percebemos, por outro lado, é que as pessoas tendem a se isolar, a viver uma espiritualidade sem religião. A Internet não oferece a comunhão das comunidades e grupos, nem mesmo a que Jesus ensinou. Aprendemos a lidar com as pessoas convivendo com elas. Não adianta compartilhar apenas uma foto ou um vídeo onde alguém fez alguma coisa boa ou onde houve superação se também nós pessoalmente e comunitariamente não nos envolvemos em praticar o amor, a estar ao lado das pessoas em seu isolamento, nas suas enfermidades, prisões e vícios para a transformação e vida digna.

Precisamos da diaconia na cidade, porque ela é capaz de chegar mais perto das pessoas. Na minha opinião, a diaconia é um eixo na igreja que não pode faltar. A diaconia verdadeira, a partir de Jesus, não consegue apenas olhar de longe. Diaconia vê de perto, toca, envolve-se. É um dom.

Nossas comunidades carregam o dom divino de serem mais diaconais se quiserem sobreviver na cidade. Como? Diaconia é um modo de ser igreja. Nossos cultos, visitas, grupos, acolhimento e condução revelam esse modo de ser. É dar vida em meio à comunhão. Diaconia não é trauma para nenhuma comunidade, é a maneira pela qual Jesus nos ensinou a chegar perto das pessoas e tocar seu coração para que tenham força e esperança. A música a seguir ajuda nossa reflexão. Que tentemos estendei' nossos braços e gastemos nossos passos nos esforço de servir, porque não podemos viver para nós mesmos.

O amanhã virá

Andando pela cidade,
Meus irmãos eu procurei.
Vi tanta infelicidade
Nas pessoas que encontrei.

/: Mas o amanhã virá,
trazendo um novo sol.
A nova luz da esperança nascerá. :/

Tentei entender os braços,
Minhas mãos tentei abrir,
Gastei todos os meus passos
No esforço de servir.

/: Mas o amanhã virá,
trazendo um novo sol.
A nova luz da esperança nascerá. :/

A tarde, caindo lenta,
Deixa tantos a vagar.
À noite, em calçadas sentam
Criancinhas sem nenhum lar.

/: Mas o amanhã virá,
trazendo um novo sol.
A nova luz da esperança nascerá. :/

Atualmente, sabemos que nosso planeta está comprometido. Vemos grandes desastres naturais. As pessoas sofrem com eles. A diaconia ecológica foi, ao longo dos anos, item de palestras e testemunho na nossa igreja.

Na cidade, o lixo não recebe o devido destino. A população é muito negligente ao jogar lixo na rua, nos bueiros, rios e praias. O consumo de refrigerantes e enlatados cujas embalagens atrapalham o meio ambiente, aponta o porque cada vez mais as pessoas estão doentes. Sobre isso tenho um testemunho muito bonito, de diaconia ecológica, de uma comunidade aqui perto. A comunidade recolhe as garrafas pet e latinhas para reciclagem. Além de ajudar no orçamento, dá um belo testemunho pelas ruas. A comunidade é conhecida por essa ação e as pessoas da rua chegam na igreja para trazer as embalagens.

Tenho uma preocupação especial pelas pessoas idosas, principalmente quando chegam na fase em que precisam de acompanhamento. As famílias não têm mais a estrutura de antes, porque praticamente todos os membros trabalham ou são crianças. Há poucos lares de idosos, instituições de longa permanência, que em sua maioria são julgadas como inadequadas e solitárias, ao contrário das experiências que tenho tido. Como diácona, busco dar atenção especial às pessoas idosas nas visitas e celebrações. Pois muitas nem conseguem sair de seu apartamento.

Concluindo, como sugestão, seria interessante incluir nos planejamentos estratégicos ou comunitários novos pontos de evangelização através da diaconia. Antes de construir o templo, chegar perto e sentir as necessidades das pessoas. Perguntemo-nos:

• O que mais poderíamos fazer por essa cidade? O que existe e não existe?
• Quais são as pessoas invisibilizadas?
• Com quem poderíamos criar parcerias (CRAS — Conselho Regional de Assistência Social, Prefeitura, Sindicato...)?
• Quem mais poderíamos chamar para ajudar no trabalho diaconal?
• Quem poderia administrar a comunicação e divulgação? • Como o atendimento comunitário poderia ser mais diaconal?
• Como ser comunidade que enxerga, acolhe e oferece comunhão para que todas as pessoas se tornem visíveis?

A constituição de Grupos de Diaconia Comunitária pode ajudar nessa tarefa, acolhendo e cuidando das pessoas mais fracas e mais marginalizadas.
Que não deixemos a agenda nos consumir, nos deixar exaustos, exaustas e desanimados, desanimadas, a ponto de fé e amor esfriarem. Que Deus nos sopre sempre de novo com o fermento da empatia.

Veja em anexo Uma Imagem para reflexão

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Autor(a): Angela Lenke
Âmbito: IECLB
Área: Missão / Nível: Missão - Diaconia
Natureza do Texto: Educação
Perfil do Texto: Estudo
ID: 27742
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