Fé e razão

Durante três dias especialistas nacionais e internacionais estiveram reunidos na Faculdades EST

02/10/2015

Encerrou na sexta-feira, 02, o Seminário Internacional Fides et Ratio organizado pelo Programa de Pós-Graduação de Faculdades EST (PPG-EST) e a Cátedra de Lutero. O Seminário Internacional Fides et Ratio foi uma iniciativa entre a Faculdades EST e docentes do Departamento de Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora.

O grupo organizador foi formado por Vítor Westhelle, Valério Schaper, Oneide Bobsin e Roberto E. Zwetsch (Faculdades EST) e Luís H. Dreher e Eduardo Gross (UFJF).

Durante o evento, os palestrantes apresentaram diferentes releituras sobre a teologia de Lutero, resgatando o pensamento da reforma e colocando-o a partir da perspectiva latino-americana e de perguntas atuais.

Uma das palestrantes, Claudia Jahnel (Alemanha) falou sobre o tema fé e razão. Para ela, a razão ocidental, como formada nos tempos do Iluminismo e em tempos coloniais, tem construído a fé e a religião como entidade irracional e assunto privado. “Este é um processo que foi e continua marcado por fortes tensões. Tanto mais que esses chamados novos movimentos são considerados como provenientes do Oriente ou do chamado Sul. Assistimos nas últimas décadas uma nova mutação da razão ocidental diante do neoliberalismo, uma mutação que tem impactos na fé e na religião”, reforçou Claudia.

Para Martin Hoffman (Alemanha/Costa Rica), existe uma lógica especial da Teologia da Cruz, mas não é algo natural. “Se perguntarmos sobre a verdadeira humanidade, a lógica da cruz nos orienta para as vítimas, os marginalizados e os oprimidos de todo o tipo. Nenhuma sociedade humana não consegue lembrar dos fracos. Esta lógica depende do crucificado como o verdadeiro ser humano. Essa orientação contradiz os valores de poder, prestígio e riqueza. É por isso que o apóstolo Paulo chamou essa lógica de loucura. A sabedoria deste mundo é loucura aos olhos de Deus e a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria humana. Esta mudança de perspectiva da humanidade que vai salvar o mundo”, destacou Martin.

Sobre a atualização da reflexão do pensamento de Lutero, Else Marie Wiberg Pedersen (Dinamarca) salienta que Lutero queria reformar a Igreja (Católica) universal exatamente porque ele queria que fosse uma igreja para todos, com a tarefa de pregar a palavra de Deus para todos. “Eu acho que todos nós podemos aprender com Lutero que a verdadeira fé não é uma propriedade pertencente a uma elite, que não sabe de hierarquias. A fé pertence aos crentes - o povo de Deus, como Lutero chamou a igreja - dentro da racionalidade do bem comum”, salientou Else Marie.

Mary Phillip (Índia/Canadá) diz que na relação entre fé e razão, este “e” significa tanto ruptura quanto continuidade. “No entanto, quando eu digo “ruptura” não o faço no sentido de uma ruptura levando à separação, mas como a criação de uma dissonância cognitiva, o que permite uma compreensão diferente para algo novo para acontecer, novas possibilidades que podem trazer sobre a transformação da realidade”, lembrou Mary.

Jornalista responsável: Mariana Bastian Tramontini

 

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