Idéia era maluca, mas tinha chance de dar certo

DIRETORES DO JOREV

01/08/1988

Idéia era maluca, mas tinha chance de dar certo

No período em que Kannenberg estava à testa do Jornal Evangélico surgiu, pela primeira vez, a idéia de viabilizar esse veículo de comunicação para todas as famílias da IECLB. A proposta era subvencionar as assinaturas com um acréscimo nas contribuições para a IECLB. No início, isso representaria 50% do custo do jornal. Entendia-se que com 150 mil assinaturas o JOREV seria o maior jornal setorial do país e teria uma atração muito grande para as empresas, tão grande que em três anos a assinatura seria coberta somente com a publicidade. Hilmar reconhece que a idéia era maluca, mas tinha todas as chances para dar certo.

Também o Conselho de Imprensa da IECLB, que definia a linha editorial do JOREV, achara interessante a idéia de distribuir o jornal gratuitamente entre todas as famílias da IECLB. No entanto, prossegue Kannenberg, quem não aprovou a idéia foi a Secretaria Geral da IECLB. Por dois motivos: pela repercussão negativa que teria junto às Comunidades o aumento da contribuição e pelo sentimento de mal-estar que a Igreja sempre tem quando se trata da comercialização de alguma coisa a ela relacionada.

CAMINHO ABERTO

Hilmar afirma que hoje faria tal projeto completamente diferente. Em primeiro lugar, teria que ser definida a filosofia de comercialização — a partir da ética da Igreja. Um segundo passo seria constituir a equipe profissional para assumir esta filosofia e montar o departamento de marketing para colocar em prática a busca de publicidade. Para executar este projeto, seria preciso o financiamento de apenas quatro edições, garante Hilmar.

Hilmar Kannenberg garante, por sua vez, que sempre foi muito bom o seu relacionamento com a direção da Igreja, porque foi crítico de ambos os lados. Também foi relativamente fácil porque o Ohler tinha aberto o caminho, ressalta. No meu tempo — prossegue — o JOREV também nunca usou linguagem muito agressiva, mas, independente disso, dizia as coisas. Mesmo assim, quando a direção da IECLB e a direção do Jornal Evangélico tinham algo a se dizer, conversavam francamente, atesta Kannenberg. Acrescenta, ainda, que o mérito da direção da Igreja era ser companheira e procurar o diálogo. Imposições nunca são tão facilmente aceitas, sublinha.

Destaca que a linha editorial era definida pelo Conselho de Imprensa da IECLB e que o maior censor nunca foi a direção da Igreja, mas, sim, foram os assinantes do Jornal Evangélico, que não escreviam muitas cartas, mas com uma tranqüilidade assustadora cancelavam as assinaturas. Neste particular, Kannenberg lembra que o JOREV perdeu 150 assinaturas de uma só vez por causa de uma matéria que envolvia as escolas evangélicas.

LUTA PELO PODER

Perguntado sobre o que mais o desgostou durante o seu trabalho à frente do Jornal Evangélico — de abril de 1975 a julho de 1977 —, Kannenberg afiança que nada teria a destacar em relação a este período. Contudo, ressalta: O que mais me desgosta é uma dor contínua em relação ao jornal: a perda da bandeira da unidade da Igreja toda e, por conseguinte, do Jornal Evangélico como jornal dos membros desta Igreja.

Deixou claro que nada tem contra jornais de Comunidades, Distritos e Regiões, mas destaca ser radicalmente contrário a que estes jornais, em vez de serem vistos como complemento para maior expressão local, passem a representar concorrência ao Jornal Evangélico. Kannenberg é desta posição porque entende que justamente atrás desta atitude está a negação da idéia da IECLB como uma Igreja nacional, o que, sociologicamente falando, é a luta pelo poder.

FORTALECER TENDÊNCIAS

Hilmar Kannenberg, que exerce seu pastorado na Comunidade Evangélica de Hamburgo Velho e é presidente da Associação Mundial para Comunicação Cristã (WACC) na região América Latina e Caribe e, além disso, membro do Comitê Central e do Comitê de Finanças da WACC mundial, é de opinião de que nem o rádio, nem o jornal e nem outro sistema de comunicação vão criar novos membros. O que podem estes meios é unicamente fortalece tendências existentes. A atividade de aumentar o número de membros é das pessoas, dos próprios membros, das próprias comunidades. Por não criar novos membros, a comunicação sempre é vista com suspeitas. E uma das formas de expressar esta reserva é exigir a chamada comunicação objetiva, assegura Kannenberg.

Ele esclarece, porém, que comunicação objetiva não existe, porque é uma pessoa de carne e osso que escreve, que fala, que lê e que ouve, sendo cada um obrigado a colocar o seu próprio sentimento. Caso contrário, não seria 'humano.


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HISTÓRIA
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Jesus Cristo diz: Passarão o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão.
Lucas 21.33
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