UMA CRÔNICA: LIBERDADE CRISTÃ
Quanto mais restrições são impostas à liberdade, tanto mais desejamos vê-la restabelecida, tanto mais ansiamos por vivê-la. É bem verdade que cada um sente e entende a liberdade à sua maneira. Mas o importante é que todos concordam num ponto; a liberdade é uma das mais preciosas e belas dádivas, em nossa vida. Em última análise, para não sermos desumanizados, precisamos de liberdade, de justiça, de paz. Tudo isso está relacionado, na vida de cada homem e na existência de toda a humanidade.
Mas existe outro desejo que igualmente acompanha a vida de qualquer pessoa: cada um quer ser dono de si mesmo. E todos confundimos isso com liberdade. Por isso mesmo, vale a pena relembrar: o dono de seu próprio nariz, no fundo, não passa de um espião de si próprio. De tanto querer governar--me, acabo sendo obrigado a fazê-lo. E, se estou sendo forçado a fazê-lo, já perdi minha liberdade. Por isso é que cada um de nós se torna um escravo de si mesmo. O resto são consequências dessa primeira confusão: Será que vai dar certo? E se os outros não permitirem? E o medo! E a inveja!
Não é por acaso que o Evangelho se constitui na mais jubilosa mensagem de liberdade, para cada pessoa. Só a Verdade pode libertar alguém. E nós sabemos e cremos que a Verdade não é uma teoria (que se modifica de vez em quando), mas uma Pessoa - chamada Jesus Cristo. Nesse sentido, pode-se resumir o Evangelho numa sentença: Cristo libertou todos os que são escravos de si mesmos, escravos de outros e escravos de todos e quaisquer poderes. Nossa vocação chama-se liberdade. Onde se encontra o Cristo, existe liberdade. E nessa liberdade pode-se permanecer!
Assim sendo, cada novo dia de nossa vida encerra um renovado convite, um apelo à liberdade que já nos foi presenteada. Todas as leis humanas contêm uma limitação à liberdade. Mas o Evangelho determina a liberdade! Podemos sair de nossa própria prisão e iniciar nova caminhada, abandonando tudo o que nos estava ameaçando e impedindo novos horizontes. O Cristo abriu todos os cárceres. Para sempre!
Essa liberdade (que não depende dos outros nem das circunstâncias) nos foi dada para ser vivida na prática diária. E todo aquele que a viver, sentirá seu efeito benéfico, os reflexos à sua volta. Justamente porque: tons querem ser livres, é importante o exemplo e a palavra da verdadeira, da genuína, da completa libertação. Lutero foi um cristão que procurou proclamar e viver a liberdade cristã. E é, talvez, por essa razão que um de seus primeiros livros, versando esse tema, continua sendo uma fonte de inspiração até hoje, em todo o mundo. Em última análise, cada culto pode ser considerado uma festa da liberdade. E cada exemplar da Bíblia, o documento básico da libertação que veio para dentro deste nosso mundo — para ficar!
(Juventude Cristã - n.° 7, 1967)
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