Linda aurora, luz sem par

Comentário e Reflexão

29/06/2012

HPD 276 Linda aurora, luz sem par (EG Nr. 270)

O hino alemão Morgenglanz der Ewigkeit [Estrela Luminosa e Matutina da Eternidade] composto em 1654, ainda hoje em dia se encontra tanto em hinários evangélicos, quanto católicos. Ele apareceu com sete estrofes de seis versos em Neues Helicon... d.i. Geistliche Sittenlieder... (Novo Helicon1 com suas nove Musas, ou seja: hinos espirituais e éticos a respeito do reconhecimento da verdadeira felicidade e da infelicidade causada por falsos valores, e ainda a respeito de meios como chegar a verdadeira bem-aventurança e permanecer nela...), publicado pelo autor Christian Knorr von Rosenroth, 1684, em Nürnberg. Esta coleção originalmente se destinava para as devoções domésticas, e não para o culto público. O próprio autor afirma que o hino está baseado num poema feito por Martin Opitz2: O Licht, geboren aus dem Licht [Luz, nascida da luz eterna]. Um comentarista descreve este hino como um dos mais cordiais, mais originais, e mais espirituais dos hinos matutinos religiosos; parece ter nascido como o orvalho do amanhecer . Este também deve ter sido o pensamento na Inglaterra, pois lá são pelo menos 14 traduções, das quais 10 estão em uso pelas várias igrejas. O hino foi traduzido para o português pelo professor Siegfried Dietschi e se encontra no nosso hinário HPD sob nº 276: Linda aurora, luz sem par, resplendor da eternidade.

Neste hino o autor, observando o incomparável brilho da aurora numa linda manhã, nos leva a meditar sobre o resplendor da eternidade. O sol nascente, a luz sem par, nos faz lembrar de Jesus Cristo, cujo nome é citado somente no final da última estrofe. Ele veio para resplandecer nas trevas (João1,5 e 9) e vencer em nós treva e dor. A segunda e terceira estrofes lembram que necessitamos da graça de Deus tão bem como as plantas precisam da luz do sol. Ela faz nascer a fé, nos reaviva e dá alento ao povo de Jesus. Ela anima e renova a nossa vida. Na quarta estrofe os pensamentos se dirigem para o além. Rogamos que Jesus, a graça e luz transfigurada, nos mantenha no caminho certo para a celestial morada.

A melodia ariosa original, feita por Christian Knorr von Rosenroth, não conseguiu impor-se. Mais fácil propagou-se a melodia puiblicada no Hinário de Freylinghausen, Halle, 1704, que é aquela que consta em nosso hinário (HPD 276). Esta se baseia numa ária Seele, was ist Schöners wohl (Alma, será que há algo mais bonito...) de Johann Rudolph Ahle (1625–1673)

Christian Knorr von Rosenroth, nascido em 15 de julho de 1636 em Alt-Raudten, (Silésia), era filho do pastor luterano Abraham Benedikt Knorr von Rosenroth (1594-1654) e de Susanna ns. Neumann. Guerra e a Contra-reforma na Silésia marcaram a sua infância. Depois de estudar nas escolas em Fraustadt e Stettin ele passou (1655) para a Universidades de Leipzig (MA 1659) a fim de preparar-se para a carreira política, planejada por seu pai. Estudou teologia, direito, história, filosofia, línguas antigas e modernas. Depois fez uma excursão estendida pela França, Inglaterra, e Holanda. Em Amsterdã, ele conheceu um príncipe armênio, e fez amizade com o rabino principal, Méier Stern, de Frankfurt/ Meno, com Dr. John Lightfoot, Dr. Henry More, e outros. Como resultado destes encontros ele se interessou por idiomas orientais, alquimia, e estudos cabalísticos. Em parte, devido ao conhecimento dele nestas áreas, ele entrou no serviço do Palgrave (Conde) católico Christian August de Sulzbach que, em 1668, o designou Geheimrath e Kanzlei-diretor (Conselheiro titular e Diretor da chancelaria). Em julho do ano 1668 ele casou em Regensburg. Em 1677 o Imperador Leopold I lhe concedeu o título de Barão von Rosenroth. – Christian faleceu 8 de maio de 1689 em Groß-Albershof , próximo de Sulzbach, perto de Amberg, (Baviera).

Knorr von Rosenroth era uma pessoa que se encontrava entre a ortodoxia luterana e o pietismo. No seu amor afetuoso a Jesus era semelhante a Johann Scheffler e Johann Franck. Além de traços típicos para a época do barroco encontram-se nas suas obras já algumas idéias do racionalismo.

Johann Rudolph Ahle, compositor alemão, organista, teorista, e músico de igreja protestante, nasceu 24 de dezembro de 1625 em Mühlhausen, Thuringia. Ele frequentou a escola de gramática em Göttingen e depois (de 1645 a 1649) estudou teologia na Universidade de Erfurt. No ano 1646 ele se tornou precentor na Igreja de Stº André em Erfurt. Em 1648 ele publicou um tratado teórico sobre canto coral que foi reimpresso várias vezes durante a sua vida e pela última vez 50 anos depois pelo seu filho Johann Georg (a última edição apareceu em 1704). Ahle assumiu o cargo de organista na Igreja de St. Blasius em Mühlhausen em 1654. No ano seguinte ele casou Anna Maria Wölfer. Ele foi eleito conselheiro da cidade de Mühlhausen em 1656. Ele foi eleito o prefeito (Burgomestre) pouco antes da sua morte, que aconteceu em 9 de julho de 1673.

Ahle compôs música vocal, coros sacros, música instrumental, e música de órgão. Ele é mais conhecido por motetes e concertos sagrados (a maioria deles em alemão, algum em latim. Ele também é conhecido por melodias de hinos, das quais algumas ainda estão em uso hoje em dia, como por ex. HPD nº 113 e 276.

Notas:

1 Helicon, na mitologia grega, era o monte das nove musas.
2 Martin Opitz von Boberfeld (*1597, +1639) era poeta alemão, fundador da Escola de Poetas da Silésia.
 


Autor(a): Leonhard Creutzberg
Âmbito: IECLB
Hino: 276. Linda aurora, luz sem par
Título da publicação: Hinos do Povo de Deus Comentados / Ano: 2012
Natureza do Texto: Música
Perfil do Texto: Comentário ou reflexão sobre hino
ID: 15510
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