Marcos 8.27-38

Auxílio Homilético

13/09/2009

Prédica: MARCOS 8.27-38
Leituras: ISAÍAS 50.4-9a; TIAGO 3.1-12
Autor: Erní Walter Seibert
Data Litúrgica: 15º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 13/09/2009
Proclamar Libertação – Volume: XXXIII

1. Introdução

O texto de Marcos 8.27-38 marca o início da preparação de Jesus para sua morte e ressurreição. Os discípulos tinham ouvido muitos ensinamentos, assistido a muitos milagres e fatos extraordinários. Poderiam ter uma idéia unilateral da missão de Jesus. Poderiam pensar na obra de Cristo como sendo apenas de poder e glória. Poderiam esquecer-se do sofrimento, da cruz.

No texto do evangelho para este domingo, há duas partes interconectadas. Na primeira, v. 27 a 30, os discípulos reconhecem Jesus como o Messias. Olhando para sua experiência com ele, não poderia haver dúvida: Jesus era o Messias. O povo reconhecia que Jesus era alguém importante. Falavam dele como sendo um novo João Batista, ou Elias, ou um profeta. Os discípulos sabiam que Jesus era o Messias. A palavra Messias (um termo hebraico) significava o mesmo que, em grego, significava a palavra Cristo, a saber, ungido. Jesus era o ungido, o salvador prometido, aquele que libertaria o povo. Mas que libertação seria essa? Como ela seria alcançada? Para responder essas perguntas Jesus fala, nos v. 31 a 38, de sua morte e ressurreição e pede discrição aos discípulos. Eles não deveriam falar sobre isso.

2. Exegese

O texto começa localizando o episódio geograficamente. Os discípulos estavam perto de Cesaréia de Filipe. O episódio imediatamente anterior (Mc 8.22-26) tinha acontecido em Betsaida. O povoado de Betsaida ficava na Galiléia, ao norte do mar da Galiléia. Jesus e os discípulos agora estavam rumando para a Judéia, portanto para o sul. Cesaréia de Filipe ficava na Samaria, região mais próxima do mar Mediterrâneo. A transição geográfica indica que também há uma transição no tipo de acontecimento. Jesus encaminhava-se para a parte final de seu ministério, de sua missão.

A pergunta que Jesus faz aos discípulos é uma questão avaliativa sobre seu ministério. Primeiro ele pergunta quem o povo dizia que ele era. Depois ele quer saber a resposta dos discípulos. Não bastava que eles soubessem a opinião do povo. Eles precisavam se posicionar. Seria como que dizer que o Brasil é considerado um país cristão porque a maioria de seu povo se declara seguidora de uma das igrejas cristãs. A pergunta seguinte é pessoal: E você, que faz parte deste país, você é cristão?

Quem responde pelos discípulos é Pedro. Ele é líder. O líder fala, via de regra, pelo grupo. A resposta de Pedro diz que eles reconheciam Jesus como o Messias. A resposta dos discípulos a respeito de quem era Jesus apontava para um título: Messias (hebraico) ou Cristo (grego).

Na antigüidade, as pessoas destinadas a uma missão especial eram ungidas com azeite. Derramava-se azeite sobre suas cabeças para mostrar que elas estavam incumbidas de uma missão. Reis, profetas, sacerdotes eram ungidos. Assim também Cristo era o ungido de Deus, o Messias, aquele que havia sido prometido para salvar seu povo.

A evidência de que Jesus era o Messias, sem dúvida alguma, eram seus ensinamentos e os sinais e milagres que ele fazia. No entanto, a compreensão do que significava ser ele o Messias não era a mesma na mente de todas as pessoas. Muitos pensavam no Messias como um líder político. Até mesmo entre os discípulos havia os que assim pensavam (vejam o exemplo dos zelotes). A mesma coisa acontecia entre o povo. Havia quem esperava um Messias político. A vinda do Messias era, inclusive, uma ameaça aos que ocupavam algum tipo de poder. No entanto, Jesus precisava cumprir sua missão até o fim. E para que isso ocorresse, era preciso prudência. Os discípulos deveriam ter discrição. Não deveriam alardear isso. Eles próprios precisavam estar melhor preparados.

Então inicia a segunda parte do evangelho. Jesus começa a preparar seus discípulos para a sua morte e ressurreição. Ele mostra que tipo de Messias ele era.

Primeiro, Jesus fala sobre seu sofrimento e morte. Ele expõe o assunto com clareza. O que ele teria de enfrentar dali para frente não seriam momentos gloriosos, pelo menos do ponto de vista humano. Ele seria rejeitado pelos líderes dos judeus, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei. Todas as pessoas importantes iriam abandoná-lo e colocar-se contra ele. Além disso, ele seria morto. Mas havia uma nota de esperança: ele ressuscitaria em três dias.

Pedro, o líder dos discípulos, não concordava com Jesus. Ele achava essa coisa de sofrimento e morte desnecessária num plano de salvação do povo. Isso não lhe causava nenhum entusiasmo. Melhor seria um caminho glorioso, sem cruz. Pedro, inclusive, sentiu-se no direito de repreender Jesus. Chamou Jesus para um canto e pretendeu convencê-lo de que não precisava ser assim. Mas Jesus sabia o caminho. Então ele repreende Pedro diante dos discípulos. O caminho que Pedro queria seguir era um caminho diferente daquele que Deus havia planejado. Pedro andava, naquele momento, nos caminhos de Satanás. Ele precisava ser repreendido. E Jesus diz: “Arreda, saia da minha frente, Satanás”.

O caminho para a vida eterna, o caminho da glória, passa pela cruz. Se alguém não estiver disposto a morrer, como Jesus estava disposto a morrer, se alguém não tomar sobre si a sua cruz, não entrará na glória eterna. E se não entrar na glória eterna, nada vale a pena.
Esta é a grande lição: o caminho para a glória passa pela luz.

3. Meditação

Será que os temas levantados pelo texto bíblico estão na vida das pessoas hoje em dia? Como será que os problemas apontados pelo texto bíblico se apresentam na vida da igreja?

O primeiro ponto levantado é o verdadeiro conhecimento sobre Jesus. Conhecer Jesus verdadeiramente é o desafio. São dois os aspectos que o texto aponta: Quem o povo diz que é Jesus? Esta é uma pergunta. A outra é: Quem eu digo que é Jesus? Será que o povo conhece Jesus? Se o Brasil é considerado um país cristão, será que Jesus é verdadeiramente conhecido?

A outra questão cada pessoa deve responder individualmente: Quem é Jesus para mim? E não basta dar a resposta correta. Não adianta ter uma resposta decorada, na qual nem confiamos. Pedro respondeu a pergunta corretamente, mas foi, em seguida, chamado de Satanás.

O segundo ponto levantado pelo texto é o caminho para a salvação. O caminho da salvação passa pela cruz, pelo sofrimento. A glória é o destino desse caminho que passa necessariamente pela cruz. Jesus cumpriu sua missão. Ele padeceu, morreu e ressuscitou. Nós devemos estar dispostos a morrer, assim como Jesus morreu. Devemos estar dispostos a tomar sobre nós a cruz. Rejeitar a cruz é rejeitar o caminho que conduz à salvação. Isso não significa uma busca mórbida pelo sofrimento, mas significa confiar em Cristo e saber que essa fé, tantas e tantas vezes, para ser seguida, passa pelo duro caminho do sofrimento. Os exemplos estão aí na história para ser observados. Os profetas, os apóstolos, os mártires mostram que o caminho da cruz continua sendo o caminho que conduz à glória. Vale a pena seguir esse caminho. A vitória já está alcançada.

4. Imagens para a prédica

A história de heróis da fé que passaram por sofrimento, mas continuaram firmes nas pegadas de Jesus, pode ser inspiradora para encorajar as pessoas a seguir o mesmo caminho. Podem ser histórias de personagens bíblicos do Antigo Testamento, como os profetas Isaías, Jeremias ou Sofonias. Histórias de personagens do Novo Testamento, como Estevão, o apóstolo Paulo, o apóstolo Pedro. Personagens do período patrístico, como Policarpo. Exemplos de tradutores bíblicos, como Tyndale. Exemplos contemporâneos, como os de Dietrich Bonhoeffer, Martin Luther King ou Madre Tereza de Calcutá. Contar aos ouvintes a vida coerente dessas pessoas é inspirar as pessoas a seguir seu exemplo.

O que deve animar as pessoas a estar dispostas a enfrentar tudo, até o sofrimento e a morte, por amor a Cristo, é o fato de Cristo ter vencido a morte e ter prometido a vida eterna, a verdadeira vida, a todos aqueles que nele confiam.

5. Subsídios litúrgicos

A cruz é o símbolo mais conhecido da fé cristã. Nem sempre ela é bem compreendida. Colocar uma cruz em destaque nesse dia pode ajudar as pessoas na reflexão sobre o texto do evangelho.

Existem hinos que expressam a dura realidade da cruz de Cristo. É possível escolher um deles para cantar durante o culto.

É possível também capturar imagens de mártires em sites na internet. Caso a igreja tenha projetor (data-show), é possível fazer uma apresentação em power-point, mostrando imagens de mártires, contando resumidamente a sua história. Caso esse recurso eletrônico não esteja disponível, é possível fazer um cartaz ou um mural, falando sobre alguns exemplos de fé que foram fiéis ao Salvador Jesus mesmo no sofrimento.
 


Autor(a): Erní Walter Seibert
Âmbito: IECLB
Natureza do Domingo: Pentecostes
Perfil do Domingo: 15º Domingo após Pentecostes
Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 8 / Versículo Inicial: 27 / Versículo Final: 38
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2008 / Volume: 33
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 24559
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Devemos orar com tanto vigor como se tudo dependesse de Deus e trabalhar com tanta dedicação como se tudo dependesse de nosso esforço.
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