O mundo da superstição em confronto com a fé cristã

01/12/2011

O mundo da superstição em confronto com a fé cristã

P. em. Nelso Weingärtner


Em todos os lugares e em todas as épocas o homem se sentiu e se sente ameaçado por forças desconhecidas que o cercam. Povos primitivos viam o mundo e as coisas do mundo habitadas por espíritos bons e espíritos maus que determinavam o seu destino. Para conviver com esses espíritos eles desenvolviam cultos nos quais procuravam atrair para si e os seus os espíritos bons e manter afastados os espíritos maus.

Uma nova visão de mundo surgiu com a revelação de Deus na Bíblia Sagrada. Segundo os ensinamentos da Bíblia o mundo e as coisas existentes no mundo foram criados por Deus e não tem poder em si mesmo. O homem é chamado a viver em comunhão com Deus e a dominar o mundo e as coisas que nele existem. Mas a Bíblia também alerta, que no mundo está presente o adversário de Deus, Satanás, que segundo 1 Pedro 5.8: Anda em nosso derredor como leão que ruge procurando alguém para devorar. Mas nós podemos resistir a este leão, se vivemos em comunhão com Jesus ao qual devem dobrar-se todos os joelhos no céu, na terra e debaixo da terra (Filipenses 2.10). Quem vive em comunhão com esse Senhor, pode cantar com Martim Lutero: Se inúmeros demônios vem, querendo exterminar-nos, sem medo estamos, pois não tem poder de superar-nos. Pois o rei do mal, de força infernal, não dominará; já condenado está por uma só palavra.

O pequeno dicionário da Língua Portuguesa define superstição assim: Sentimento que se funda no medo ou na ignorância e que leva ao conhecimento de falsos deveres e à confiança em coisas ineficazes. Cristãos que não vivem mais em comunhão com Jesus Cristo, ficam inseguros, medo toma conta deles e por qualquer problema real ou imaginário recorrem aos benzedores, curandeiros ou milagreiros, que através de vencimentos, despachos ou amuletos lhes prometem ajuda. Muitos desses benzedores possuem uma grande força de sugestão e através da firmeza de suas afirmações impressionam pessoas hipocondríacas, e elas sentem alívio por certo período.

Mas não é só isso, que acontece no mundo do ocultismo. Em meu entender, não resta dúvida, que no mundo do ocultismo e das benzeduras com fórmulas, despachos e outras práticas, atuam forças que tomam conta do ser humano e o transformam totalmente.

Na prática pastoral fui confrontado com dezenas de pessoas, que recorreram ao mundo do ocultismo e da superstição, em suas mais variadas formas e que encontraram alívio para determinados sofrimentos ou problemas que os afligiam. Mas em compensação foram deteriorando e decaindo em sua personalidade: Intranquilidade, pensamentos obscuros, tais como tendência ao suicídio, medo, cobiça, inveja, preguiça, Dreckteufel (desinteresse pela higiene em todos os sentidos), perversão sexual e outros vícios tomaram conta deles. Por fim, eles deixaram de ser o sujeito de sua personalidade e se tornaram um joguete daqueles poderes que buscaram no mundo do ocultismo. Diante de qualquer problema elas não reagem mais, mas recorrem a novas fórmulas e trabalhos e então temos mais um neurótico. Durante muitos anos observei e estudei um grande número de suicidas que viviam nas sombras do ocultismo.

O que podemos fazer para ajudar essas pessoas, que sentem este grande vazio dentro de si e se tornam presas fáceis do mundo da superstição, acima descrito? Pessoalmente cheguei à conclusão, que pouco adianta falar sobre o perigo da superstição. Existe algo muito mais eficaz: devemos conscientizar os cristãos que eles podem contar com Deus no seu dia a dia. A palavra de Jesus em Marcos 11.24 ainda vale: Tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco. Aqui temos a diferença fundamental do mundo da fé e do mundo da superstição: A pessoa do mundo da fé tem as rédeas de sua vida na mão — ela é sujeito — ela dialoga com Deus e procura soluções. A pessoa do mundo da superstição se vê empurrada, como um objeto. Ela não reage mais e consequentemente deteriora em sua personalidade.

O autor é Pastor emérito da IECLB e reside em Timbó/SC


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Autor(a): Nelso Weingärtner
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Anuário Evangélico - 2012 / Editora: Editora Otto Kuhr / Ano: 2011
Natureza do Texto: Artigo
ID: 31877
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