O Podador de Árvores - uma história verdadeira que a vida conta

01/12/2013

Em tempos não tão remotos um cidadão alemão emigrou para o Brasil e se fixou na região do Vale do Itajaí. Seu filho mais velho se encantou com uma linda índia. Ela ainda era quase uma criança, de 13 anos. O pai dela não quis saber deste relacionamento e até ameaçou o rapaz de morte.

Mas o que ele podia fazer contra o amor dos dois que lhes queimava o coração?

De noite o rapaz se aproximou, em silêncio, bem pertinho da oca da moça. Chamou-a para fora e, conforme combinado, fugiram naquela mesma noite, no lombo de um cavalo. Foram para bem longe dali – até Curitibanos, na serra catarinense. Os poucos pertences pendurados na sela.

O rapaz buscou trabalho, aceitando qualquer serviço de peão, de auxiliar, onde pudesse ganhar o sustento para os dois. Também conseguiram um lugar para morar.

Quando a moça havia completado quinze anos, teve o seu primeiro filho. Ele foi chamado de Antônio, ou simplesmente “Tonjo”, como é conhecido até hoje. Um menino de cútis um pouco morena, mas de olhos claros.

Depois não pararam mais de vir filhos, chegando aos nove. Que trabalho para sustentar tamanha família! De tanto dar duro e se preocupar, o pai ficou doente e veio a falecer. Ficou a viúva, agora sozinha com toda a responsabilidade. E o destino dos filhos? A incerteza.

O mais velho deles, o Tonjo, teve que se empregar quando só tinha doze anos. O que conseguiu foi trabalho duro na roça, desde a madrugada até o por do sol. O pouco que ganhava, entregava à mãe para ajudar no sustento da família.

Conforme Tonjo, a mãe era muito bonita. E não demorou, apareceu um homem que se encantou por ela. Juntaram-se. E os filhos pequenos? Foram distribuídos a quem os quisesse criar. Só o mais novo, o nenê, ficou na casa com a mãe.

Da nova união de sua mãe nasceram outros filhos. Mais tarde a família mudou-se para Itajaí. Os filhos, meio irmãos de Tonjo, conseguiram estudar. Todos estão bem de vida, conforme ele.

– Só eu continuo pobre! – afirma o Tonjo.

– Vivo de podar árvores! Mas gosto daquilo que faço.

Será que o Tonjo, com seus mais de 60 anos, não pode ser um exemplo? Acho muito importante o que ele falou. Muitos, bem mais ricos, não têm este privilégio. A saber: – Gostar daquilo que fazem!


A autora é professora aposentada e artista plástica e reside em Curitiba/PR


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Autor(a): Elfriede Rakko Ehlert
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Anuário Evangélico - 2014 / Editora: Editora Otto Kuhr / Ano: 2013
Natureza do Texto: Vários
Perfil do Texto: Crônica
ID: 34389
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2Crônicas 14.11
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