Viagem à Patagônia Austral - uma aventura

01/12/2011

Viagem à Patagônia Austral

— uma aventura —

Anne Ehlert

Ufa... Tudo pronto, óleo do motor verificado, freios checados, pneus novos, lista de materiais a levar, tudo OK, alforjes carregados (um para cada um de nós), roupa de chuva, botas, $$, etc..., etc...

Como é boa a época de férias, não é? Ainda mais quando se passou o ano inteiro planejando uma viagem de quase 12.000 quilômetros em moto! Pois é. Loucura?

Mas... vocês já tentaram ir daqui à praia em moto? As coisas não ficam bem mais próximas da gente? O ar é mais frio, o sol mais quente, as cores mais vivas, as paisagens ao alcance da mão... a sensação é de leveza, liberdade, de fazer parte do ambiente!

Planejar! Como tudo na vida, até as atividades de férias têm que ser planejadas. Especialmente quando se parte para lugares onde o idioma é diferente, a moeda não é a mesma, o clima é outro, os costumes não coincidem com os nossos...

Virada do milênio — como saber se haverá hotéis ou campings disponíveis nesta época concorrida?

Com a certeza do dever de casa bem feito, saímos rumo ao desconhecido e ao nosso sonho — de chegar à capital mais austral do planeta de moto (a cidade de Ushuaia — pronúncia usswaia - capital da Terra do Fogo). Preferencialmente sem acidentes e atropelos. Teríamos que conseguir a façanha de ir, visitar e voltar dentro de 30 dias!

Só para chegar a Ushuaia levaríamos sete dias, rodando 750 a 800 km/dia, onde só se parava para abastecer, alimentar-se e dormir. O itinerário teria que ser seguido à risca, ou o planejamento iria por água abaixo!

Ushuaia, também chamada de fim do mundo foi, durante muitas décadas, uma colônia penal para os bandidos da Argentina. Inclusive para presos políticos. Como se situa no final da Cordilheira dos Andes, e fica a 1.000 km da Antártida, pode-se imaginar o frio que faz durante a maior parte do ano. Portanto era um lugar ideal para um presídio. De um lado a cordilheira, de difícil passagem, e do outro, o mar gelado que dificultava fugas. O vento que sopra da cordilheira é geladíssimo, o que faz com que uma temperatura de 10° C (temperatura média do verão) seja sentida como se fossem 3° C. Aos pouco foram se estabelecendo ali as famílias dos carcereiros, desenvolveu-se o comércio e estabeleceu-se uma vila ao redor do presídio, que acabou fechado por volta de 1947.

Os dias, no verão, ficam mais longos e pode-se desfrutar de sol claro até 22h3Omin Só aí o sol começa a se pôr. Essa é a melhor época para se visitar a região, porque permite que se façam passeios a pé, de barco pelo canal de Beagle (onde se avistam lobos e elefantes marinhos e especialmente um tipo de pássaro, chamado cormorán, parecido à gaivota, só que de cor negra — que, de longe, parece pinguim). De Ushuaia também se pode subir a um barco pesqueiro e viajar até a Antártida por 17 dias.

Ao lado de Ushuaia fica o Parque Nacional Tierra del Fuego, onde se encontra Lapataia — local onde termina a Ruta (estrada) Nacional 3 (este local fica a 3.063 km de Buenos Aires, capital Argentina). Ali a gente se senta à frente de uma baía e só fica imaginando como será a paisagem do real fim de mundo, com suas terras sempre cobertas de gelo.

Enfim, aproveitamos para visitar vários parques nesta região, como o Parque Nacional los Glaciares (onde se encontram várias geleiras — neve, que transformada em gelo, derrapa da Cordilheira dos Andes e entra quilômetros adentro nos lagos. Estas geleiras têm 1/3 de sua massa fora d'água e 2/3 ficam embaixo d'água. Destas é que se soltam pedaços —os icebergs — que ficam flutuando nos lagos e/ou mares). Os glaciares mais importantes aqui são o Glaciar Perito Moreno e o Upsala, dentre outros. Visitamos também El Chaltén, onde os picos mais conhecidos e visitados são o Cerro Torre e o Fitz Roy. No lado do Chile visitamos Torres del Paine, a mais recente formação rochosa da Cordilheira dos Andes.

Viajamos sete dias para chegar, visitamos as belezas naturais por 14 dias e levamos mais sete dias para voltar.

O cansaço de dias a fio sobre a moto valeu a pena... Dizem que a Patagônia não é um lugar, é a vontade de ir sempre mais longe... 

MAIS LONGE...?

Observação da autora: Lembranças de uma viagem de moto à Patagônia/ Argentina, em dez. 99 — jan. 2000.
A autora é professora de inglês aposentada e reside em Joinville/SC


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Autor(a): Anne Ehlert
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Anuário Evangélico - 2012 / Editora: Editora Otto Kuhr / Ano: 2011
Natureza do Texto: Artigo
ID: 31868
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