Juventude Evangélica



ID: 2770

Que papo é esse de gênero?

16/07/2014

Que papo é esse de gênero?

Algumas considerações sobre igualdade e justiça de gênero na Juventude

Para iniciar esse nosso bate papo sobre gênero, é importante entender de que forma isso influencia na nossa vida cotidiana e nas relações com as outras pessoas. Usamos gênero como forma de análise dos papéis sociais que nos são atribuídos. Como acontece isso? Simples! Mesmo antes de nascermos, a nossa mãe e no nosso pai compram roupas e brinquedos que estão diretamente ligados à noção de masculino e feminino. Para meninos predomina a cor azul e para meninas a cor rosa. Para meninos se compra carrinhos, bonecos de guerra, jogos esportivos, entre outros itens que apontam para o mundo externo, fora do lar. No caso das meninas, acontece o contrário, os brinquedos são as panelinhas, vassourinhas, fogão, bonecas, bebês, livros com contos de fadas. Tudo isso aponta para o espaço doméstico ou do lar. Mas, e os meninos que não gostam de jogar futebol e as meninas que não curtem brincar com bonecas?

Papéis socialmente construídos

No ano de 1949, uma grande pensadora francesa chamada Simone de Beauvoir publicou o livro chamado “O segundo sexo”. Essa se tornou uma das obras mais conhecidas da autora em todo o mundo. Ela propõe, através desse trabalho, novas bases para o relacionamento entre homens e mulheres, afirmando que a educação que recebemos desde a infância pode influenciar diretamente nas nossas decisões e na nossa formação enquanto pessoas. Com base nisso, a autora diz que “não se nasce mulher, torna-se”. Com isso, Simone de Beauvoir abre espaço para uma reflexão sobre o quanto o nosso comportamento enquanto homens e mulheres é construído pela cultura na qual estamos inseridos e inseridas. É comum o entendimento de que discussões associadas à igualdade de gênero e combate ao machismo são assuntos que dizem respeito apenas às mulheres. Mas isso não é verdade. Os comportamentos machistas e as atitudes violentas, resultado desses comportamentos, trazem prejuízos tanto para homens quanto para mulheres. E é sobre isso que queremos falar.

Modelo de masculinidade e feminilidade

Desde muito cedo, somos ensinados e ensinadas que meninos não choram. Demonstrar emoções é sinônimo de fragilidade. Aprendemos que homens precisam ser fortes, determinados e rápidos. Isso implica em não demonstrar fragilidades em público. Esse é, sem dúvidas, um preço muito alto. Os meninos que não se encaixam nesse modelo são excluídos ou humilhados. Sofrem perseguições por não conseguirem se impor ou se defender da agressividade dos outros meninos.

Nessas situações, evidenciamos os típicos casos de bullying tão comuns nas escolas e nos grupos de jovens. Precisamos dialogar mais sobre esses modelos e entender que ser “homem” não significa ser agressivo ou intolerante. Da mesma forma, ser mulher não significa ser sempre frágil ou delicada. Esses atributos podem ser comuns aos dois sexos, tanto masculino quanto feminino.

Homens e mulheres no mercado de trabalho

Percebemos que as mulheres têm se destacado cada vez mais no mercado de trabalho, ocupando cargos de liderança nas igrejas, nas empresas e na política. Porém, ainda assim, esses cenários permanecem sendo ocupados em sua maioria por homens. O número de mulheres na política brasileira ainda é pequeno. Em algumas empresas, os salários pagos às mulheres ainda são menores que os salários pagos aos homens, mesmo que estejam desempenhando as mesmas funções e tenham as mesmas responsabilidades. Nas igrejas o cenário não é diferente, algumas denominações religiosas se utilizam de textos bíblicos isolados para justificarem a ausência de mulheres nos cargos de liderança dentro da igreja. Esse não é o caso da IECLB que ordena mulheres para os quatro ministérios ordenados da igreja (diaconal, pastoral, missionário e catequético).

A ausência de homens em alguns cargos, como professores de séries iniciais, também chama a atenção pelo fato de que se acredita que homens não possam trabalhar com crianças pequenas. De forma equivocada, acredita-se que essa função está diretamente ligada às mulheres. Apenas 0,5% das pessoas que atuam na educação infantil são homens. E no culto infantil? Quantos homens você conhece que trabalham com crianças nas nossas comunidades?

Igualdade e Justiça de gênero

Para compreendermos um pouco mais sobre essas questões de gênero e relações justas e igualitárias entre homens e mulheres, foi elaborado, pela Coordenação de Gênero da IECLB, um caderno de “Estudos sobre Gênero” com ótimos textos
para auxiliar na discussão nos grupos existentes nas comunidades.

Esse material pode ser solicitado à Secretaria de Ação Comunitária – SAC/Secretaria Geral – IECLB através do e-mail:
coordenacaogenero@ieclb.org.br

Ou acessado no Portal Luterano através do link: www.luteranos.com.br/conteudo/estudos-sobre-genero

Rogério Aguiar - Teólogo


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Autor(a): Rogério Oliveira de Aguiar
Âmbito: IECLB / Organismo: Juventude Evangélica - JE
Título da publicação: CONGRENAJE EM REVISTA / Ano: 2014
Natureza do Texto: Artigo
ID: 29251
MÍDIATECA
Ao deixar de orar por um único dia sequer, perco grande parte da minha fé.
Martim Lutero
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