Diaconia - A fé ativa pelo amor



ID: 2660

Subsídio para Prédicas

Dia Nacional de Diaconia - 2014

23/04/2014

Misericordias Domini
4 de maio de 2014

Texto com base em: Lucas 24.13-35; Salmo 116.14, 12-19; 1 Pedro 1.17-23.

Estamos no terceiro domingo da Páscoa. Ainda ecoa em nós a mensagem da cruz, mas ainda mais forte é a boa nova da ressurreição. Motivo pelo qual nos reunimos para celebrar a vida em comunhão com o Cristo ressuscitado. Viemos com nossos sentimentos, nossas intenções, nossos pedidos a Deus. O Evangelho nos ensina a termos também um olhar para nosso próximo e nossa próxima, e isso implica ter um olhar para os clamores do mundo. Neste olhar, podemos perceber que um dos clamores da humanidade atual é por justiça e paz.

A igreja, em sua tarefa de auxiliar um mundo desorientado e repleto de clamores, nunca se esqueceu de sua tarefa diaconal. Desde o princípio, passou a ser uma característica da igreja cristã: ouvir os clamores do mundo e fazer intervenções concretas transformadoras em meio às situações de injustiça, promovendo novas perspectivas de vida e empenhando-se para que haja paz e superação. A IECLB é uma Igreja diaconal, motivo pelo qual temos em nosso calendário eclesiástico uma data alusiva ao Dia Nacional da Diaconia, fixada no terceiro domingo da páscoa, e que hoje celebramos. Neste ano, o Dia da Diaconia tem por tema desafios e oportunidades da Diaconia na cidade. Este tema vai ao encontro do Lema da IECLB, que nos remete a olhar para a realidade da falta de paz na cidade - (convidar a comunidade a ler, juntos, o lema no cartaz) - Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor, porque na sua paz vós tereis paz. Jr 29.7).

Paz se faz necessária ali onde existe vida, nos mais remotos cantos da criação de Deus. Temos ouvido e presenciado o quanto há falta de paz nas cidades. Todos os dias chegam a nós notícias de vítimas da violência nas cidades. A criminalidade, a hostilidade, a exclusão e a intolerância estão em evidência. O nosso desafio, como comunidade cristã, é lançar olhares sobre esta problemática. Temos a tarefa de diaconar nas cidades. Há muito que fazer! Mas por onde começar? O que podemos e devemos fazer? Qual é de fato a nossa tarefa e competência enquanto igreja cristã e diaconal? Para estas perguntas vamos buscar em Jesus as respostas. O Evangelho de hoje nos ajuda a abrir os olhos e enxergar os problemas sociais e buscar soluções mais efetivas. O Caminho de Emaús nos leva a uma viagem com Jesus e com ele aprendermos a didática diaconal do grande Mestre.

Jesus se aproxima das duas pessoas que estão conversando sobre os últimos acontecimentos na cidade de Jerusalém. Estão falando da morte de mais uma vítima. Desta vez foi Jesus, alguém não distante, não anônimo, mas que elas conheciam e nele tinham depositado suas esperanças por uma restauração da paz e de justiça. Jesus caminha com as duas pessoas e toma uma postura de ouvinte, mostra interesse e se importa com o sentimento delas. Jesus pergunta a elas sobre o que estão pensando e conversando. Aqui Jesus nos ensina que a primeira atitude de uma pessoa cristã é aproximar-se das pessoas, buscar empatia e perguntar sobre a real situação de seus problemas.

Após ter ouvido, chega a vez de Jesus falar, e ele começa pelas Escrituras Sagradas, e lhes explica de forma que compreendam os fatos que lhes eram incompreensíveis. Jesus lhes fala da ação de Deus e o seu propósito de Salvação para o ser humano. Jesus faz uma retrospectiva das Escrituras Sagradas. Começa por Moisés, depois os profetas até chegar ao Salvador prometido. As duas pessoas precisavam compreender que a morte de Jesus foi em favor da humanidade. Mas que a morte não é o fim.

Ao relatarem sobre a morte de Jesus, as duas pessoas que caminhavam se mostram incrédulas quanto a sua ressurreição. Impressionadas e até mesmo decepcionadas, elas se ativeram muito mais à morte de Jesus do que à sua ressurreição, e mesmo tendo ouvido que as mulheres testemunharam a sua ressurreição, para elas não passava de boatos, tanto que Jesus lhes fala: como vocês demoram a entender e a crer em tudo o que os profetas disseram (Lc 24.25).

A caminhada segue e elas ouvem atentamente, pois Jesus lhes falava com ciarem e explicava as Escrituras Sagradas. Jesus dialoga com elas sobre as Escrituras, o que permite uma aproximação e aceitação, de forma que elas o convidam para adentrar no íntimo de seu lar. Em sua casa oferecem um lugar junto à mesa e partilham o alimento. Jesus faz uma ação: ele toma o pão, dá graças e o parte aos demais junto à mesa. Neste gesto de partir o pão elas reconhecem que é Jesus que está com elas, pois a partilha era um gesto peculiar de Jesus. Um gesto diaconal.

Neste ato da partilha, seus olhos passam a enxergar a verdade; veem agora claramente. É interessante atentar para o que elas dizem: Porventura não nos ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava das escrituras? (Lc 24.32). Enquanto Jesus lhes falava das Escrituras, elas começaram a sentir em seu coração, e quando Jesus faz a ação de partilhar o pão, elas o reconhecem. A ressurreição é desvelada por meio da Palavra e ação. A Palavra, pelo ouvir, desperta a fé, e como resposta a esta fé surgem os frutos da fé, a diaconia.

Com Jesus aprendemos que é preciso nos colocar a caminho, sair dos nossos muros, e neste caminhar permitir que Jesus se aproxime e caminhe com a gente. Assim podemos fazer a intervenção diaconal em meio à falta de paz, justiça e humanização na cidade e em meio ao convívio humano. Para ajudar a outra pessoa eu preciso compreender a Palavra de Deus em minha vida. E como Igreja não podemos nos esquivar de ser uma Igreja autêntica e compromissada com o Evangelho, não apenas em palavras, mas também em ações concretas.

É fundamental ouvir as pessoas. Não ter medo e nem resistência em conhecer sua realidade de vida. As pessoas necessitam ouvir palavras de ânimo e conforto que lhes reascenda a chama da esperança. E nada é maior do que falar do amor de Deus e do plano de salvação que se concretiza em Jesus Cristo. Como ouvimos na leitura de 1 Pedro 1.19: Assim temos mais confiança ainda na mensagem anunciada pelos profetas... Pois ela é como uma luz que brilha em um lugar escuro, até que o dia amanheça e a luz da estrela da manhã brilhe no coração de vocês.

Nesta tarefa não estamos sozinhos e sozinhas, o Espírito Santo está conosco. 1 Pedro 1.21 nos diz: Pois nenhuma mensagem profética veio da vontade humana, mas as pessoas eram guiadas pelo Espírito Santo quando anunciavam a mensagem que vinha de Deus. É preciso ter consciência que no fazer diaconal o fazemos por ação do Espírito Santo; é Ele quem faz a obra e nós que nos dispomos a sermos participantes desta obra. Nós a fazemos por gratidão a Deus e por sermos pessoas cristãs.

A cidade oferece muitas facilidades e atrativos, mas também apresenta problemas sérios de falta de estrutura, injustiça, exclusão social e com isso vem a violência. Vemos as grades e os muros tomando conta das fachadas das casas e prédios. Investe-se muito dinheiro em segurança. Reivindica-se uma maior segurança pública por conta da violência. As pessoas vivem com medo e desconfiança. Como diz o Salmo 116.3: Os laços da morte estavam me apertando, os horrores da sepultura tomaram conta de mim, e eu fiquei aflito e apavorado.

Há um grande número de pessoas que vive às margens de uma sociedade dividida, que é regida por regras sociais desumanas, injustas e excludentes. Como pessoas cristãs, temos o desafio de ser uma comunidade mais sociável, acolhedora e humanizada. Necessitamos ser um espaço que possibilite às pessoas excluídas receber o alimento espiritual e encontrar novas perspectivas de vidas. O Evangelho liberta, abre os olhos para enxergar novamente sinais de vida onde só havia dor, tristeza e sinais de morte. A diaconia visa libertar as pessoas por meio do Evangelho, de forma que passem de vítimas a protagonistas de mudanças em sua vida e de seu condicionamento social.

Assim como os caminhantes de Emaús voltaram para Jerusalém, para se encontrar com os discípulos e lhes falar do que ouviram e viram, assim também as pessoas que são libertadas de suas limitações e condicionamento social começam a reagir, buscando novas possibilidades de vida e superação.

A diaconia possibilita que pessoas reaprendam a ser solidárias entre si, a se reorganizarem; que planejem sua vida e que reconheçam que é preciso vencer as barreiras sociais não com violência e sim com união e humanização. Pessoas unidas e munidas por um espírito solidário conseguem quebrar paradigmas, desestruturar sistemas opressores e agregar força às ações comunitárias. Suas reivindicações ecoam com mais força, intimidam e enfraquecem as forças dominantes, arrebentam as correntes, superam e vencem os condicionamentos sociais discriminatórios.

Somos chamados e chamadas, enquanto igreja cristã, a ser sal e luz. Também lemos no salmo de hoje, no versículo 15: O Senhor Deus sente pesar quando vê morrerem os que são fieis a ele. O Salmista também reconhece a ação de Deus e que Ele tem ouvido para as suas orações, de forma que a ação de Deus é tão grande que não há como retribuir algo em troca, porque nada que venha de nós pode pagar o que Deus nos tem dado. Podemos ver isso no versículo 12 do Salmo 116: Que posso eu oferecer a Deus, o Senhor, por tudo de bom que ele tem me dado?.

Mesmo em meio a tantas formas de injustiça, violência, morte e falta de paz, ainda assim é possível ver o amor de Deus agindo. Trazendo-nos paz e graça que devem ser sinalizados em oposição a um mundo injusto e violento. E a comunidade cristã deve continuar a louvar e render graças a Deus pelos seus feitos. Levarei ao Senhor uma oferta de vinho para lhe dar graças porque me salvou (Salmo 116.13). Assim como Jesus trouxe uma nova perspectiva de vida aos caminhantes de Emaús e restabeleceu as suas esperanças, assim também Jesus nos anima para permanecermos firmes em nossa tarefa de diaconar. Sigamos animados e animadas, pois Jesus caminha conosco.

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Autor(a): Valderlei Boldt
Âmbito: IECLB
Área: Missão / Nível: Missão - Diaconia
ID: 27743

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