Sínodo Sudeste



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ID: 18

Esperança

Motivações e Subsídios para Jovens e Comunidades

20/11/2012

Esperança

(Tempo de Advento, antes do Natal)

Como viver se não houvesse o amanhã?
Tenho muito ainda para fazer!
Como lidar com as minhas coisas velhas,
com os meus erros, com o que está mal
resolvido. Sem esperança, fatalmente
estou condenado a viver longe do movimento
sagrado de Deus que socorre,
cuida e transforma a vida.
Preciso do novo que há de vir.

A esperança é uma dimensão fundamental da nossa fé. E o ritual do Tempo de Advento (quatro domingos antes do Natal), favorece a apropriação da esperança como parte viva da fé. Somos chamados para uma esperança viva. A nossa esperança está firmada no Deus que foi crucificado, que conhece a nossa realidade de morte, por misericórdia, instala nela sinais da plenitude da vida. Nele ancoramos nossa esperança.

Vi um novo céu e uma nova terra. A morada
de Deus está entre os seres humanos. Não
haverá mais morte, nem tristeza, nem choro,
nem dor. As coisas velhas já passaram
.

(Apocalipse 21. 1 ss)

Somente em Deus encontro paz e nele ponho
a minha esperança
.” (Salmo 62.5)

... Trabalhamos e lutamos, pois esperamos
no Deus vivo, que é o Salvador de todos os
homens, principalmente dos fiéis
.(1 Tm 4:1)


Prática da Esperança

(Lindolfo Weingärtner)

Uma canoa à beira da laguna.
Um velho pescador, os pés firmados na popa,
lançando a tarrafa.
Há meia hora que o estou observando.
É um senhor tarrafeador: Em círculo perfeito
a rede cai sobre a água.

Ele espera, enquanto a tarrafa afunda,
até que suas bordas, pesadas de chumbo,
tocam o fundo lamacento.
Depois começa a puxar a corda,
cauteloso, com mãos esperançosas, ansiosas,
sentindo se há vida na rede,
ou se vai ser outra esperança desfeita.

A rede está vazia.
Ele a sacode, prepara o próximo lance.
Contei os arremessos: Vinte e três vezes seguidas
ele lançou a tarrafa.
Vinte e três vezes a tirou da água, vazia.

Ele sabe:
Há dias em que é preciso lançar a rede,
contrariando as expectativas, contrariando o
bom senso—vinte vezes, cinqüenta vezes,
cem vezes...

Porque é preciso lançar a rede,
ensaiando a esperança, praticando a esperança —
porque deixar de lançá-la seria o mesmo
que desistir, e desistir, seria igual a morrer.

Prática da esperança:
Agradeço-te, velho pescador. Teu trabalho não
foi em vão.
Hoje eu necessitava desesperadamente que alguém
me desse o recado que me acabas de dar.
Eu o entendi.

A esperança não é um
sonho, mas uma maneira
de traduzir os
sonhos em realidade.

(Suenens)

Sinto forças e esperança
quando vejo comunhão.
No encontro de pessoas,
tantos gestos de união.
Só me envolvo com alegria
quando todos temlugar.
Orientados e unidos, temos
meios para amar.
Veja bem como é possível
até mesmo tropeçar.
Nós podemos aprender a
repartir e perdoar.
Veja amigo e amiga nós
podemos receber.
O Deus vivo está presente
ele permite renascer
.

Pois tu és a minha esperança,
SENHOR Deus, a
minha confiança desde a
minha mocidade. - Sl 71.5

 

Meditação:

A fé em Deus instala em nós confiança e esperança. Podemos comparar com um suporte lógico (Software) que, no computador, permite a realização de tarefas e projetos. A esperança, de modo semelhante, sustenta o dia-a-dia da pessoa e a desperta para viver em comunhão com Deus, sua vontade e missão.

No tempo de ADVENTO, a Igreja convida as pessoas para confrontarem-se com a sua esperança. Em quem confiam e o que esperam?

Arrisco afirmar que um segmento considerável das pessoas, hoje, está entorpecido pela esperança que se restringe ao seu tempo, ao seu juízo, desejos e vontades - Metas transitórias e materiais construídas pelo conjunto dos esforços e sabedorias humanas.

A esperança que procede da comunhão com Deus, instalada em nós pela fé, assume uma outra dimensão. Transcende o nosso controle, poder e conhecimento. Inclui a participação na construção de sinais do reino, da presença de Deus em nosso meio, uma antecipação de pedacinhos da grandeza que virá.

A Bíblia, nos evangelhos, relata a esperança e a alegria das pessoas que confiaram e reconheceram no menino Jesus de Nazaré, filho de José e Maria, o SALVADOR. Na realidade escura, sem rumo e sem futuro, na escuridão brilhou a luz do Deus misericordioso que veio morar na Criação.

Debate e partilha:

Compartilhar esperanças, aquelas do quotidiano e aquelas relacionadas ao futuro. Sem a armadilha do julgamento — certo e errado — procurar discernir as esperanças construídas para além de interesses e poderes individuais. Onde estão os sinais de plenitude em nossas esperanças?

A Praia um filme britânico de 2000 dirigido
por Danny Boyle, baseado em romance de Alex
Garland e estrelado por Leonardo DiCaprio. Três jovens, depois de vencerem muitos obstáculos chegam ao sonhado destino.

Encontram uma pequena comunidade de
viajantes, que como eles encontrou a praia e
vivem em segredo.

Encontram a ilha paradisíaca, “o paraíso”. Deixam
para trás o mundo que conheciam. Mas na
realidade do “céu na Terra” não é tão perfeito. O
sonho se tornou pesadelo. O paraíso virou um inferno.

Os seres humanos conseguem 
sozinhos criar o paraíso? Nossa esperança
restringe-se ao que já conhecemos?

 

Anunciai ao mundo inteiro que Deus é amor!

Jeremias 17.7:Bendito o ser humano que confia no SENHOR e cuja esperança é o SENHOR.

1 Coríntios 1519: Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os seres humanos.

Missão:

Não esperamos, pela fé, a plenitude individual. Ela é sempre comunitária. A esperança vivida m comunhão com Deus inclui a todas e todos. Não é um tesouro individual.

Ao esperar o novo que construímos com Deus tornamo-nos gratos e livres, testemunhas, diáconas e diáconos—missionários. A esperança na vida com dignidade, caminhada em comunhão com a presença de Deus, marcada pelos direitos da paz e da justiça, iluminada pela eternidade Desperta em nós a vontade de dialogar com os outros e, assim, dar conta da nossa esperança.

As pessoas e o mundo estão sedentos de esperança. Os indícios pessimistas sobre a vida, as chantagens sobre o fim dos tempos como condenação e morte, os medos, angústias e perdas envenenam a todos. Essa visão fatalista do presente e do futuro contamina os espíritos e leva, especialmente os jovens, ao fatalismo, ao absolutismo e violência. Com facilidade destroem a si mesmos e desistem de lutar, de confiar no novo, de entregar para um novo nascimento em Cristo.

A fé em Deus é libertação. Abre horizontes e sara os corações. Dá sentido a vida. Cria comunhão e dá sede de paz, de justiça e de amor. Torna o ser humano perseverante e solidário. Cria esperança.

Não viva sozinho.
Viva com mais amor.
Partilhar com os outros
te faz transformador.
Este é o caminho,
caminho do Senhor.
Assim é a vida que
pulsa, que grita e vai
ressuscitar.”

Oração:

(Hoje tenho muito a fazer,
portanto preciso orar
muito. Martim Lutero)

Deus de amor renova
em mim a esperança.
Cria em mim um espírito
solidário. Prepara-me
para dialogar com
os outros sobre a esperança.
Já não sei se
tenho fé não percebo
a sua presença e o
seu cuidado. Rogo por
tua graça e amor.
Quero ter novos horizontes.
Amém.


Contexto:

Não é fácil descrever o nosso contexto. Mais difícil ainda são os diagnósticos sobre a juventude. Os tempos mudaram e estão sempre mudando. Apresentamos algumas observações sobre o contexto e o perfil de jovens nas cidades. Pois estamos certos de que Deus está presente em nossa realidade, no quotidiano, em nosso meio. A graça e o amor de Deus estão presentes na vida dos jovens. Quem são eles? Onde vivem? E o quê esperam?

Jovens com acesso ao consumo e a tecnologia:
Jovens, vocês que nasceram na década de 80 e 90, hoje, estão munidos de muita informação local e global e em tempo real. Estão inundados por tecnologias. No lugar de esperança estão dopados pela vida hedonista, que busca o prazer em primeiro lugar. São individualistas, ao mesmo tempo, cosmopolitas. São capazes de consumir produtos que comprometem os recursos naturais e, ao mesmo tempo, simpatizarem com as causas de defesa do meio ambiente. São familiarizados com o quotidiano que inclui as multitarefas. Combinam facilmente esportes, trabalho, estudo, prazer, viagens, música. As suas escolhas, valores e visão da realidade não fogem desse “mundo” virtual e pessoal.

Jovens sem informação, formação, espaço, reconhecimento, inclusão:
Simultaneamente, há jovens no espaço da cidade, também hedonistas e alimentados por muitos desejos e vontades, da mesma geração, que sobrevivem com menos chances, oportunidades e dignidade. Devido sua origem e condição social não têm acesso aos meios tecnológicos, oportunidades de formação, de movimentação, de interação que possibilitam o consumo e o acesso a sustentabilidade.

“A desigualdade social
está entre as maiores
causas da violência
entre jovens no Brasil.
Ela é o grande contexto,
o pano de fundo,
onde vive a população
mais atingida por esse
problema”. (Luseni Aquino)

“Não se deixe manipular
pelas falsas esperanças,
ou pelo mundo
sem esperança. A vida
digna e plena não se
encontra em schows,
auditórios, ou em rituais
prazerosos. A vida
vem da cruz.”

“Quem não se vê retratado
nos sofrimentos
de Cristo, ainda
não o compreendeu”.

Martim Lutero

 

As situações em que vivem os jovens, suas escolhas, prisões, liberdades e esperanças são múltiplas. Não podemos esquecer de mencionar os jovens indiferentes com o seu meio e contexto. Com seus medos e verdades preferem a proteção de um mundo menor.

Apesar de ser um agravante das situações de violência, números de pesquisas mostram que a pobreza não é a preponderante causa do comportamento violento, mas sim a desigualdade social.

“Como a violência afeta mais os pobres, é usual fazer um raciocínio simplista de que a pobreza é a principal causadora da violência entre os jovens, mas isso não é verdade. O fato de ser pobre não significa que a pessoa será violenta. Temos inúmeros exemplos de atos violentos praticados por jovens de classe média”. (Pesquisadora Enid Rocha)

A pesquisadora Thais Cardinale Branco, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) estabeleceu a relação da violência com o comportamento e os valores de jovens que vivem em bairros da periferia de São Paulo. Segundo ela, a violência é um atrativo. Armas, drogas e homicídios tornam-se sedutores para jovens que vivem em condições sem perspectiva diante da pobreza do meio em que vivem. Mais do que o retorno financeiro, a expectativa é de que a escolha pelas atividades ilegais seja uma maneira de adquirir respeito e admiração.

Os jovens que vivem em comunidades carentes e em situação de risco são os que estão mais sujeitos ao que chamamos de desestruturação social múltipla.” Márcio Lázaro, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Organizem um debate sobre o contexto dos jovens.
Ajudem os jovens a verbalizar o seu mundo, suas
expectativas, críticas, sonhos e esperanças.
Cultivem os valores do diálogo que facilitam o
aprendizado
.

 

Uma Confissão de Fé:

Cremos no Deus, Criador e Solidário;
Cremos em Jesus Cristo, amor que se fez gente,
venceu a morte e salvou a vida;
Cremos no Espírito Santo, sopro de vida e criatividade,
que santifica.
Cremos que o trino Deus nos capacita e nos dá
coragem para mudar a nossa realidade e o mundo.
Cremos que Deus age em nós e através de nós.
Cremos na graça de viver pela fé;
Cremos na ESPERANÇA. Sonhamos com um
mundo novo e com a plenitude da vida;
Cremos na justiça e na paz.
Cremos no reino de Deus. Amém.

(Inspirado no Credo da Juventude Brasileira — CESE)

Oração:

Ó Deus da vida plena, da paz e da justiça, Deus de amor e esperança damos-te graça porque os sinais do teu Reino está entre nós e, por graça, deles podemos participar. Damos te graças, porque não nos deixas sozinhos em nossos contextos. Graças, ó trino Deus, porque em ti podemos sempre confiar e esperar. Santifica a nossa esperança na plenitude. Rogamos te, ó Deus, para que despertem compromissos nas autoridades do mundo e do nosso país em favor da construção de estruturas de ensino, formação, com espaços para todos e todas. Desperta em nós a indignação diante da violência e das desigualdades. Dá-nos coragem para viver comunhão contigo e em comunidade. Concede-nos forças para denunciar os poderes da morte.
Rogamos o teu cuidado em favor de todos os jovens do mundo. Afasta-nos do mal. Em no me da plenitude da vida, por Jesus Cristo. Amém.

DINÂMICA PARA FACILITAR O DIÁLOGO SOBRE OS MOTIVOS DE ESPERANÇA

Se o grupo for muito grande dividir em pequenos grupos.

Material utilizado: uma folha em branco e caneta, para cada participante.

Tempo: trinta a quarenta minutos, aproximadamente.

Processo:
O animador, no início, apresenta os objetivos da dinâmica.
A seguir, escreverá num quadro ou numa cartolina as seguintes perguntas:
Qual é para mim a melhor palavra para descrever esperança e por quê?
O que me faz ter esperança no futuro?
Posso ter esperança de um mundo melhor se eu lutar sozinho? Por quê?
Pelo espaço de dez minutos, todos respondem às três perguntas por escrito.
O animador organiza subgrupos de cinco pessoas, que se reunirão, pelo espaço de quinze minutos, para partilhar as respostas. A síntese das respostas, de cada grupo, será, a seguir, apresentada no plenário.
Reorganiza-se o plenário para o relato das sínteses dos subgrupos, os comentários e a avaliação do exercício.

Esperança
Esperança é como frutas. São muitas, com muitos sabores, cores e formas. Tal como árvores frutíferas produzimos e carregamos esperanças.

As esperanças que mudam as pessoas procedem da fé da graça, do amor e das promessas de Deus

Cremos que o reino de Deus está entre nós. Cremos que Cristo na cruz venceu a morte e na ressurreição inaugurou a eternidade. Cremos que a salvação veio ao mundo por meio de Jesus Cristo.

Cremos que o Espírito Santo de Deus, que sopra como e onde quer, assegura a participação de todos, pela fé, neste reino de amor incondicional e de vida sem fim. 

Portanto, quer vivamos ou morramos somos eternos, filhas e filhos de Deus, chamados para a vida de justiça e de paz. 

Pela fé nossas esperanças são legítimas e interagem com a presença salvadora de Deus. São frutas que resultam do cuidado de um agricultor misericordioso, de uma árvore que gesta a vida, movida pelo vento espírito, que espanta o mal, purifica e refresca.

Vivemos tocados pela misericórdia de Deus. Sustentados pelo Espírito e pela presença do Salvador. Alimentados pela nova aliança, feita de partilha e doação. Pela fé e com a esperança vivemos sem medo. Se erramos, podemos começar de novo - somos perdoados. Se caímos, somos levantados – somos amparados. Se perdemos, surpreendentemente novas janelas e portas se abrem com um novo horizonte – somos guiados. Vivemos como livres.


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Autor(a): Guilherme Lieven
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Área: Missão / Nível: Missão - Jovens
Natureza do Domingo: Advento

Título da publicação: Motivações e Subsídios para Jovens e Comunidades / Ano: 2012
Natureza do Texto: Educação
ID: 28704

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A fé não pode aderir ou agarrar-se a qualquer coisa que tem valor nesta vida, mas rompe os seus limites e se agarra ao que se encontra acima e fora desta vida, ao próprio Deus.
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