Por uma sociedade mais justa e mais humana
Em 8 de março, celebramos o Dia Internacional da Mulher. Este é um mês em que boa parte dos programas, das atividades e das notícias envolve questões do universo feminino. Embora não seja assunto novo, a violência contra a mulher tem pautado a agenda de múltiplos espaços de reflexão, estudo e ação, em nível nacional e internacional.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a violência doméstica é a maior causa de mortes ou deficiências para meninas e mulheres entre 16 e 50 anos. No Brasil, 63% das mulheres já sofreram violência e 75% desses casos aconteceram no âmbito doméstico. De acordo com o Mapa da Violência 2015, o Brasil é o quinto país no ranking em violência contra a mulher. A cada cinco minutos, uma mulher é agredida e esse número se refere somente aos casos que são denunciados. Muitas dessas mulheres morrem, em sua maioria vítimas da violência praticada por seus próprios maridos, companheiros, namorados.
Embora pareça assunto invisível e silencioso, a violência doméstica é crescente em todo o país. Especialmente por seu caráter privado – acontece dentro de casa – a tendência das pessoas é de não se envolver com o assunto. A vergonha, o medo, a ideia de que algo aconteceu para suscitar o ato de violência, as expectativas estereotipadas sobre os papéis do homem e da mulher dentro da família, a reprodução de comportamentos violentos e sancionados culturalmente, a falta de informação e conhecimento de direitos são algumas barreiras a serem derrubadas quando o assunto é violência contra a mulher.
Em 2006, com a promulgação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340), o Brasil deu um passo significativo no enfrentamento à violência contra a mulher. Essa lei torna mais rigorosa as punições contra os agressores e dita meditas de proteção para a mulher que está em situação de violência. Certamente, um forte incentivo para que mulheres rompam o silêncio, que é o maior aliado da violência e da impunidade.
Enfrentar a violência contra as mulheres não é uma tarefa fácil, porém é inadiável se queremos construir uma sociedade mais justa e mais humana. É uma tarefa que, sem dúvidas, exige vontade política dos poderes públicos, mas também posição e articulação dos diferentes serviços e das organizações, inclusive da Igreja.
Se quisermos ser Igreja que segue o exemplo de Jesus Cristo, o assunto da violência contra a mulher precisa ser tratado em nossas reflexões, em nossos Cultos, em nossos grupos de estudo para que: (a) saia do âmbito doméstico e se misture com os assuntos da vida comunitária, (b) seja reconhecida como pecado, (c) rompa com o silêncio, responsabilizando e comprometendo homens e mulheres em atitudes que busquem a transformação da situação.
Pa. Carmen Michel Siegle | Coordenadora de Gênero, Gerações e Etnias
PRONUNCIAMENTO |
Não existe mais diferença
Nós professamos que, a partir da fé em Jesus Cristo, não existe mais diferença entre judeus e não judeus, entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres (Gl 3.28), por isso não nos é permitido silenciar diante das injustiças cometidas por causa das diferenças de gênero nem podemos nos dar por satisfeitos com os avanços que aconteceram, ainda que sejam motivo de celebração e gratidão.
Somos pessoas criadas à imagem e semelhança de Deus. Por meio da fé em Jesus Cristo, nos tornamos filhas e filhos de Deus. Ele nos chama para servir com os nossos dons para o bem comum e o fortalecimento da novidade que o Evangelho traz ao mundo.
Apresentação da cartilha Estudos sobre Gênero/2013