Espiritualidade é vivência cotidiana da fé, a Páscoa que não passa
Espiritualidade é vivência cotidiana da fé, a Páscoa que não passa, um jeito próprio de ser, conviver, crer e existir, fundamentado na ação de Deus, mediante a sua Palavra e os seus Sacramentos, na comunhão das pessoas que se reúnem, confessam e celebram que Jesus Cristo é ânimo e força para a caminhada, esperança e coragem para o discipulado e o ecumenismo, paz e justiça para viver e transformar tantos sistemas de injustiça, violência e morte.
A narrativa dos discípulos de Emaús (Lc 24.13-35) descreve a espiritualidade como vivência cotidiana. Os discípulos vivenciam a frustração de ter a sua esperança enfraquecida com a crucificação de Jesus, caminham entristecidos, acolhem outro caminhante, conversam sobre o Evangelho e convidam o caminhante a partilhar do pão. Neste caminhar conjunto, a fé vai aquecendo e, no partilhar do pão e da vida, reconhecem Jesus entre eles. Assim, voltam a Jerusalém com esperança para testemunhar que Jesus ressuscitou.
Caminhar com Cristo nas incertezas e nos desencontros da vida, muitas vezes não o reconhecendo e amargando momentos de frustração, constitui a trajetória da espiritualidade, que se faz no caminho da cruz. O relato de Emaús nos revela que necessitamos manter a caminhada, valorizar a comunhão, pois, no encontro com as outras pessoas, na partilha do Evangelho, do pão e da vida, Cristo se faz presente para aquecer a fé e nos dar esperança que estará conosco no caminho da Páscoa que não passa.
Desta maneira, espiritualidade é um aprendizado continuo e constante de viver com Cristo na realidade que estamos inseridos e inseridas, afirmando e defendendo o valor da vida. Ela nos inspira: a ser misericordioso e misericordiosa ao viver o amor ao próximo, ter autoconhecimento e enfrentar as tentações, superar a dor e aprender com o sofrimento mediante a resiliência, optar em não causar danos as outras pessoas com a não violência, ver conexões entre realidades distintas por meio da alteridade ao diferente, questionar-se sobre ações e desejos que não promovem o Evangelho e a vida digna, seguir os valores do Evangelho e ir contra as convenções que não promovem paz, justiça e dignidade.
Senhor, sou como um vaso vazio. Enche-o. Sou fraco na fé. Fortalece-a. Sou frio no amor. Permite que meu coração queime. Deixa que meu amor jorre sobre o meu próximo... Senhor, ajuda-me. Aumenta a minha fé, permite que eu confie em ti. Sou pobre, tu és rico. No entanto, tu vieste para ter compaixão dos pobres. Eu sou um pecador, tu és justo. Em ti está toda a justiça. Fico contigo, pois de ti posso receber. Lutero
Que possamos aprender a vivenciar a espiritualidade na diversidade da vida, reconhecendo Cristo como fundamento para a nossa caminhada de fé comunitária na Páscoa que não passa.
P. Olmiro Ribeiro Júnior | Secretário da Ação Comunitária da IECLB
PRONUNCIAMENTO |
Igreja como Corpo de Cristo
A diversidade de espiritualidade existente na IECLB é, em princípio, bela e enriquecedora para a Igreja. Não são poucas pessoas que têm se sentido atraídas para a IECLB ou a apreciam particularmente, porque há nela espaço amplo para desenvolver a experiência de fé, a edificação comunitária e o projeto missionário.
A diversidade tem, porém, os seus limites, que são ultrapassados precisamente quando, de algum modo, são atingidos os pilares da confessionalidade luterana e/ou se instala na vida da Comunidade um espírito divisionista, que é incompatível com a compreensão de Igreja como Corpo de Cristo, em que os diferentes membros cooperam para a sua edificação.
Posicionamento sobre o Movimento Carismático (2005)