Em esperança: agora são outros 500 Nele vivemos, nos movemos e existimos!
Segundo Lutero, ‘assim como [os hebreus] foram conduzidos pelo deserto, sempre ainda em esperança, visto que eles ainda não tinham tomado posse da terra de fato, do mesmo modo nós sempre ainda somos conduzidos nesse deserto em esperança’. Em outro momento, Lutero constata: ‘vejam, então, de que grandes misérias estamos repletos. Quem não sente isso está morto e, como eu disse, quem realmente o sente é por certo um dos discípulos que acorda Jesus e diz: Senhor, salva-nos! Perecemos!’(Mt 8.23-27).
A celebração do Jubileu da Reforma desafia a buscarmos respostas diante do absurdo que permeia o nosso dia a dia, pois Nele vivemos, nos movemos e existimos! (At 17.28a). Esse tem sido um grande desafio também para a IECLB. Por onde caminhar em esperança solidária? No Fórum Nacional de Missão, realizado no início do mês de junho deste ano, nos perguntamos Como dar conta da Missão que Deus confiou à IECLB? O momento que vivemos em nosso país, mas também em nosso mundo, é complexo! O mercado religioso é cínico! O povo (eleitorado) não assusta nem intimida os nossos políticos! O mercado ignora as pessoas humildes! Há uma fragilização da Democracia e isto é perigoso! Há, ainda, os ‘internautas proféticos’, que acreditam no poder mobilizador das massas e transformador da realidade por meio de cliques!
O Sociólogo Zygmunt Bauman não falava em deserto, mas em ‘interregno’, ou seja: estamos ‘suspensos entre o não existe mais e o não existe ainda e, por isso, somos necessariamente instáveis – nada à nossa volta é fixo, sequer a direção da nossa viagem’. Como, no contexto da celebração do Jubileu da Reforma, dar conta dos atuais desafios, superar as polarizações? Como evitar os movimentos (atitudes e críticas) que apenas fragilizam e não ganham pessoas para a causa do Reino?
Bauman aponta para um caminho fundamental: ‘O que estamos enfrentando é um trabalho que exige muito tempo e muito esforço. [...] Entre os veículos para a viagem ao longo da estrada, é o diálogo sério, com disposição favorável (informal, aberta, cooperativa), buscando a compreensão mútua e o benefício recíproco, que merece mais confiança. Esse tipo de diálogo não é tarefa fácil nem divertida. Ela exige determinação resoluta, contínua e imune aos sucessivos resultados negativos. Exige um sentido forte de propósito, grande arte, capacidade de admitir os próprios erros, além do dever árduo e doloroso de repará-los. Acima de tudo, serenidade, equilíbrio e paciência’.
P. Dr. Nestor Friedrich | Pastor Presidente da IECLB