1º. Encontro de Bispos Católico-Romanos e Pastores Sinodais da IECLB - 6-8/05/2002

Relatório

08/05/2002

1o ENCONTRO NACIONAL DOS PASTORES SINODAIS DA IECLB COM OS BISPOS DA CNBB

Vila Betânia

Porto Alegre, 06 a 09 de maio de 2002

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil


Data: 06 a 08 de maio de 2002
Início: 06/05 – 19:00h
Término: 08/05 – 22:00h
Local: Casa de Retiros Betânia – Rua da Gruta, 230 – Glória/Porto Alegre - RS

Proposta de pauta do encontro

06/05/02 – Segunda-feira

19:00 – Jantar
20:30 – Celebração Ecumênica de Abertura
21:00 – Saudação dos Presidentes: D. Jaime Chemello e P. Huberto Kirchheim
21:30 – Apresentação dos participantes
Apresentação da programação

07/05/02 – Terça –feira

08:00 – Café
08:30 – Celebração da Manhã – Responsável ICAR
09:00 – Aspectos históricos e teológicos da caminhada ecumênica no Brasil.
Assessoria: Pastor Gottfried Brakemeier
- Aspectos históricos e teológicos da caminhada do diálogo internacional católico luterano
Assessoria: Pe. Elias Wolff
12:00 – Almoço
14:00 – Reações às exposições.
14:30 – Partilha das experiências significativas
15:30 – Cafezinho
16:00 – Momento atual do diálogo Ecumênico
Assessores: Pastor Humberto Kirchheim e Dom João Oneres Marchiori/ Pe. José Bizon
18:00 – Celebração da tarde
19:30 – Jantar
20:30 – Breve relato das experiências ecumênicas.
21:30 – Confraternização

08/05/02 – Quarta-feira

07:30 – Café
08:00 – Celebração da manhã – Responsável IECLB
08:30 – Perspectivas de diálogo e caminhada comum no futuro
Assessores: Pastor Walter Altmann e Pe. Gabriele Cipriani
10:00 – Cafezinho
10:30 – Reações às exposições
12:00 – Almoço
14:00 – Grupos – Encaminhamentos e sugestões para o futuro das relações ecumênicas.
15:30 – Cafezinho
16:00 – Apresentação das propostas e debate
18:00 – Celebração de encerramento
19:30 – Jantar
20:30 – Votação das propostas do Documento Final
22:00 - Encerramento

Participantes

Dom Jaime Chemello (Presidente da CNBB) – Dom Aloísio Sinésio Bohn (Diocese de Santa Cruz do Sul – Bispo Referencial do Ecumenismo no Reg ional Sul 3) – Dom José Ivo Lorscheiter (Diocese de Santa Maria – Membro da Diretoria do CONIC) – Dom Angélico Sândalo (Diocese de Blumenau, SC – Setor de Vocações e Ministérios da CNBB) – Dom Dadeus Grings (Arcebispo de Porto Alegre) – Dom Zeno Hastenteufel (Diocese de Frederico Westphalen) – Dom Urbano Alagayer (Bispo Emérito da Diocese de Passo Fundo) – Dom Irineu Silvio Wilges (Diocese de Cachoeira do Sul) – Dom Lúcio Ignacio Baumgaertenr (Arquidiocese de Cascavel, PR) – Dom Hélio Adelar Rubert (Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória) – Dom Manoel J. Francisco (Diocese de Chapecó) – Dom Anuar Battisti (Diocese de Toledo, PR) – Dom Moacyr José Vitti (Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Curitiba) e Dom Meinrad Frrancisoco Merkel (Diocese de Humaitá - AM).

Pr. Humberto Kircheim (Pastor Presidente da IECLB) – Pr. Martin Reusch (Sínodo Centro Campanha Sul, RS) – Pr. Günter K. F. Wehrmann; Pr. Edson Saes Ferreira; Pr. Harald Malschitzky; Pr. Enos Heidemann; Pastor Sinodal Waldir H. Schubert; Pastor Walter Altmann; Pr. Nelso Weingärtner (Sínodo do Vale de Itajaí); Pr. Teobaldo Witter (Sínodo Mato Grosso); Pr. Norberto berger (Vice-Sinodal/Sínodo Espírito Santo-Belém); Pr. Rolf Schünemann (Sínodo Sudeste); Pastor Sílvio Meincke (Comissão Bilateral); Pr. Gottfried Brakemeier; Pr. Dari Jair Appelt (Sínodo Nordeste Riograndense);
Pr. Erni Drehmer; Pr. Erno Feiden (Sínodo Vale do Taquari); Pr. Werner Brunken (Sínodo Parapanema); Pastora Lisete Marlene Tanscheit (Sínodo da Amazônia); Pastora Vice-Sinodal Margarete Emma Engelbrecht (Sínodo Noredeste Gaúcho); Pr. Jorge Antônio Signori (Sínodo Sul Riograndense); Pr. Valdemar Witter (Sínodo Uruguai); Pr. Edgard Ravache (Sínodo Rio Paraná); Pr. Renato Augusto Kuhne (Sínodo Brasil Central).

Pe. Gabriele Cipriani (Secretário Adjunto do CONIC); Pe. José Bizon (Assessor de Ecumenismo da CNBB); Pe. Elias Wolff (assessor); Pe. José Carlos Stoffel (Setor de Ecumenismo do regional Sul 3 da CNBB); Pe. Guido Klein (Assessor de Ecumenismo - Regional Sul 3 da CNBB).

 

CELEBRAÇÃO DE ABERTURA
(Coordenação: Pastor Romeu Martini – Departamento de Liturgia da IECLB)

Expressões de gratidão diante da caminhada ecumênica e o clamores do povo, formando uma cruz com pedras. Súplicas e intercessões pelo encontro e pela vida de nossas comunidades.
Palavra de saudação dos líderes das Igrejas.

Dom Jaime Chemello – Presidente da CNBB
Dom Jaime destaca a importância histórica desse encontro. Que esse encontro também seja um gesto de acolhida da Declaração Conjunta da Doutrina da Justificação por Graça e Fé. Como colocá-la agora em prática? Estamos cumprindo este propósito desde o início. Recordamos o momento significativo da assinatura pública da DJGF, em Brasília. Estamos apenas no início de uma caminhada. Conseguiu-se um consenso em torno de verdades básicas após uma história de condenações mútuas. Há ainda um trabalho a ser feitos e passos novos a serem dados diante das questões ainda abertas (sacramentos, ministério, autoridade...). Demos graças ao Senhor por este passo na superação das divisões e que el nos conduza à unidade visível desejada por Cristo. Possamos estar mais abertos à proposta de Cristo.

Pastor Huberto Kirchheim – Presidente da IECLB
Pela primeira vez Bispos Católicos e Pastores Sinodais se encontram para refletir em conjunto. Ver a tarefa comum que temos no atual momento ecumênico e arriscar olhar para o futuro. É um momento especial da Graça Divina. Que todos sejam um por causa da vida em abundância que Deus deseja para todos. Qual o futuro de nossas relações ecumênicas diante da caminhada que já fizemos e diante do momento atual. O diálogo bilateral Luterano/Católico já realizado há tanto tempo e intensificado pela “Declaração Conjunta” apontou o consenso básico que temos em torno da Sagrada Escritura>. Devemos intensificar a cooperação nos diferentes serviços e diaconias pela preservação da vida e aprofundar o diálogo sobre os desafios teológicos e eclesiológicos. Neste encontro fazemos a tentativa, com nossa transitoriedade e limites de responder à vontade divina de sermos dispenseiros dos mistérios de Deus.

Após a palavra de acolhida dos presidentes das Igrejas, procedeu-se a Bênção Final desta Celebração.
Encaminhamentos Finais
a) Apresentação dos presentes
b) Aprovação da Pauta (segue em anexo)
c) Distribuição de serviços, equipes e coordenações das sessões
d) Comissão de Redação do Documento Final do Encontro
e) Informações práticas.

07/05/02 – Terça-feira – 2º Dia do Encontro

08h30min – Celebração da Manhã – Coordenada pelos pastores Erno Feiden e Sílvio Meinke.
Esta celebração estava centrada no texto de Ne 2,1-20, no louvor e na oração comum.

Dom Zeno Hastenteufel acolheu os novos participante e o Pastor Gottfried Brackemeier, o primeiro assessor da manhã que tratará sobre o tema “ Aspectos históricos e teológicos da caminhada ecumênica no Brasil”. (vide Anexo 1)

Pastor Gottfried começa destacando que o futuro da Igreja Cristã será ecumênico ou será extremamente prejudicado. O caráter pioneiro deste encontro e mais um capítulo dos sinais pioneiros no Brasil da história do movimento ecumênico. Neste sentido destacou aspectos importantes como: o início do movimento ecumênico no Brasil já antes do Concílio Vaticano II; a criação do CONIC como um Conselho das Igrejas que incluiu a Igreja Católica; a manifestação conjunta da Comissão Bilateral do Brasil à Declaração sobre a Doutrina da Justificação; representações e voz das Igrejas brasileiras para dentro da realidade e dos órgãos públicos.

Pastor Gottfried relembra também fatores externos que foram determinantes para a caminhada ecumênica. Também a convergência em questões teológicas e doutrinais foram de grande importância para a caminhada ecumênica destaca Brakemeier. Destaca-se neste contexto de forma especial a Declaração Conjunta sobre a Justificação. Considera a importância do documento porque ele afirma que os anátemas do passado não atingem mais os parceiros de hoje. Não existe mais uma fonte divisora. Foi um penoso caminho da unidade (8 anos de redação), com reações de teólogos luteranos e da Cúria Romana. Ficam ainda três perguntas: pecaminosidade da pessoa justificada - meritoriedade das boas obras - cooperação da pessoa no processo de justificação.

Acentua finalmente que os consensos ecumênicos não significam uma linguagem ecumênica, mas um entendimento importante que está por trás e que eles devem concentrar-se no tema da comunhão. Importante é a congruência. São consensos diferenciais, onde as diferenças são compatíveis. A meta da comunhão de Igrejas, como utopia ecumênica é mais modesta do que a unidade. P. Brakeimeier conclue suas considerações com uma série de perspectivas ecumênicas para a caminhada do ecumenismo em terras brasileiras enfatizando: o imperativo ecumênico se inspira em duas vertentes. Uma é a tradição e a outra é a vocação. Existe também uma missão comum. Discordância faz parte da comunhão. Podemos tolerar diferenças. A urgência de cooperação entre as Igrejas tornou-se especialmente importante neste início de novo milênio. Conjugar verdade (excludente) e amor (includente). Cristo espera de nós o testemunho ecumênico, também o interreligioso, que resiste ao relativismo quanto ao fanatismo. O grande problema atual não é falta de conhecimento mas a desorientação. Não somos ignorantes, mas confusos. Desejo que o ecumenismo se inspire, cada vez mais, no mandato de Cristo e o cumpra para o bem deste mundo e a glória de nosso Senhor.


Após breve intervalo retomaram-se as atividades com a apresentação de alguns materiais:

- Subsídios da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (CONIC)
- Subsídios da Década de Superação da Violência - Conselho Mundial de Igrejas
- Livro: A Pobreza, riqueza dos povos - Transformação pela Solidariedade (Editora Vozes), apresentado por Dom Ivo Lorscheiter.

Em seguida, Pe. Elias Wolff, apresentou o tema: Aspectos históricos e teológicos da caminhada no diálogo internacional católico-luterano. (vide Anexo 2). Após a exposição entrou-se em diálogo sobre temas diferentes: a questão chave da hospitalidade eucarística; a importância do documento Igreja e Justificação da Comissão Internacional Bilateral; a Declaração conjunta na sua linguagem como expressão de uma realidade especificamente teológica precisa se dita de novo para todo o povo de Deus; promover um seminário mais amplo com as Igrejas do CONIC sobre a Justificação; como fazer uma releitura dos textos dogmáticos e normativos a partir da Declaração Conjunta; termos a paixão pela verdade e fervor pelo amor nas questões bem práticas do ecumenismo das Igrejas e das pessoas.

07.05.02 - Terça-Feira - Sessão da Tarde

- Reações do plenário às questões apresentadas na parte da manhã, pelo P. Gottfried Brakemeier e Pe. Elias Wolff.
- Se faz referência a documentos que favorecem a intercomunhão mas não a concelebração.
- Na hospitalidade eucarística as comunidades estão se adiantando numa prática, sem ignorar as diferenças que ainda existem. A hospitalidade eucarística vivida é um sinal de fato.
- Falta de um compromisso mais sério com a caminhada ecumênica. Os documentos não são acolhidos na prática; viram apenas publicações.
- Necessidade de releitura dos textos bíblicos. Temos muita dificuldade de aplicar na prática um jeito mais comum em nossos textos confessionais, que dificulta o avanço da caminhada. Nossos preconceitos atrapalham a releitura. Questão do Documento sobre as Indulgências (mais tarde se entendeu o esforço da releitura).
- Na hospitalidade eucarística ainda há um progresso incompleto na reflexão teológica. Disciplina rígida católica, especialmente quanto à reciprocidade.
- Os bispos são chamados a incentivar a hospitalidade eucarística. O bispo local pode regulamentar quando é possível oferecer, chamar à hospitalidade eucarística.
- Quanto à concelebração, na Alemanha houve esforços para superar obstáculos mas ainda há rigidez.
- É nas Igrejas locais que se promove o ecumenismo e não a partir de Roma.
- Há uma Comissão Bilateral para o estudo da questão das indulgências.
- O Espírito Santo fala no ecumenismo oficial e no ecumenismo prático do povo de Deus. Estão se abrindo as comportas. O oficial precisa caminhar mais rápido. Aos pastores compete facilitar e não impedir a ação do Espírito nas comunidades.
- A comunhão de mesa deve ser acolhida na reflexão teológica.
- Há bispos e padres que ainda não aceitam luteranos como padrinhos de Batismo a partir do reconhecimento mútuo já assumido. Devemos ser mais ágeis no acompanhamento do que acontece nas bases.
- A Comissão Bilateral tem se ocupado muito do tema da hospitalidade eucarística. Ainda temos sofrimentos que nos fazem refletir na busca do caminho.
- Há uma profunda alegria entre os membros das Igrejas pelos avanços (DJGF).
- Reações populares são disformes. Não é uma acolhida unânime.
- Receber os documentos para que eles sejam assumidos e estudados pelas lideranças.
- A pressa pode criar outras dificuldades. Estamos no fim de um mandato papal.
- Temos que popularizar nosso testemunho. Expressar nossa causa com uma linguagem teológica nova. Temos expressões viciadas.
- DESAFIOS: a recepção dos documentos em nossas bases eclesiais; a formação para o ecumenismo e o ecumenismo prático que não se contrapõe ao teológico.

Neste momento do encontro, os participantes foram divididos em grupos por regiões geográficas para uma PARTILHA DE EXPERIÊNCIAS SIGNIFICATIVAS que foram apresentadas em plenário, na sessão da noite deste dia.

Pastor Huberto Kirchheim, Presidente da Igreja Evangéilica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), apresentou o tema Momento Atual do Diálogo Ecumênico (perspectiva católico-luterana) (Vide Anexo 3). Destacou sua alegria pessoal por este encontro de Bispos e Pastores Sinodais. Lembrou o processo de reestruturação da IECLB e os desafios da realidade atual para as Igrejas e o ecumenismo.

Eufórica alegria do povo pela assinatura da Declaração Conjunta come cos em todo o Brasil e celebrações ecumênicas em diversas comunidades. A alegria foi turvada pela Dominus Iesus, beatificação de Pio IX e indulgências. O planejamento estratégico missionário pode provocar uma estagnação no campo ecumênico. A Comissão Bilateral foi um belo exemplo de espírito ecumênico apesar da Dominus Iesus, com a reafirmação da causa ecumênica.

Necessidade de algumas redefinições. O que vem a ser ecumenismo. As antigas polarizações tratavam-se de ênfases distintas, todavia necessariamente complementares. Promover o ecumenismo cultural, político, social e planetário. Não seria melhor falar de COMUNHÃO DE IGREJAS com a fundamentação trinitária da comunhão. Reforçar os sinais da comunhão ecumênica.


Pe. José Bizon - Assessor do Setor de Ecumenismo da CNBB, apresentou o tema Momento Atual do Diálogo Ecumênico (Vide Anexo 4). Fez uma recordação do Decreto Unitatis Redintegratio do Concílio Vaticano II. João Paulo II é um lutador pela causa ecumênica e do diálogo interreligioso. As publicações sobre o ecumenismo ainda não entraram na dinâmica e na vida da Igreja. Necessidade de aprofundar a dimensão ecumênica dos que trabalham no ministério pastoral. A Internet pode estar a serviço da divulgação do ecumenismo. Destaque para as Comissões Bilaterais. No Vaticano há 13 diálogos oficiais, onde se destaca o diálogo católico-anglicano.

Debate em plenário

- O planejamento missionário das Igrejas não pode atrapalhar o movimento ecumênico. Igreja que não tem consciência de sua ecumenicidade peca também no seu projeto missionário.
- Temos a verdade parcial, por isso, precisamos da complementariedade.
- Perigo das Igrejas ameaçadas voltarem-se sobre si mesmas diante da religião de sucesso e resultados, apenas para aumentar o número.
- Desafio: limite entre missão e proselitismo.
- Importância do novo marco legal do Ensino Religioso nas escolas.
- Movimento Nacional dos Direitos Humanos - a grande maioria dos núcleos são formados por membros de nossas Igrejas.
- Por que a ICAR ainda não pertence ao Conselho Mundial de Igrejas.
- Complacência e conivência diante da péssima qualidade do Cristianismo que nós apresentamos; inflação de demônios, curas divinas por atacado, espetáculos religiosos mercantilistas e caça de prosélitos.
- Estudo do Múnus de Pedro no primeiro milênio. A Igreja pode exercê-lo de forma diferente sob a prisma da Trindade.
- Indiferença de uma fatia do luteranismo por temas do ecumenismo.
- Sugestão de que o documento final desse encontro aponte às comunidades o que é possível fazer juntos.
- Preocupação quanto à incidência pastoral de nossas declarações e documentos.
- Afirmações anti-ecumênicas na televisão. Há outros programas que também não estão de acordo com as orientações pastorais.
- Como superar o fundamentalismo e o fanatismo dentro de nossas próprias Igrejas.
- Há Igrejas no CMI que suspeitam de que o ecumenismo é um projeto de hegemonia da Igreja Católica Romana. Há uma crise atual; questão da representatividade. Há uma comissão especial que estuda as Igrejas Ortodoxas.
- Buscar mais as decisões por consenso do que por maioria de votos. Nova visão e compreensão do ecumenismo.
- As comunidades anseiam por práticas de comunhão.
- Devemos agradecer a Deus e continuar sendo instrumentos do Espírito.

A sessão da tarde foi encerrada com uma Celebração, coordenada pelos irmãos da Igreja Católica Romana.


PARTILHA DAS EXPERIÊNCIAS SIGNIFICATIVAS

Este plenário se realizou na sessão da noite, do dia 07.05.02, e foi coordenado pelo Pe. Elias Wolff.

a) INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL

- Formação ecumênica: encontros regulares de Pastores e Padres em áreas das Dioceses e Sínodos. São trabalhados temas ecumênicos e há espaço para lazer e a confraternização.
- Celebrações ecumênicas: destaque para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.
- Solidariedade: No Vale do Taquari fez-se o acompanhamento do Movimento dos Pequenos Agricultores, na ocupação de uma fábrica de beneficiamento de leite (nunca foi tão grande a diferença entre o preço pago a produtor e o pago pelo consumidor).

b) SANTA CATARINA

- Necessidade de confiança mútua para o bom desenvolvimento do trabalho ecumênico. Na localidade onde há abertura entre o padre e o pastor, as coisas caminham mais. Existem dificuldades mas também acontecem coisas novas. Caminhada das luzes no período do Advento. Trocas de espaços em colunas de jornal.
- Na área da formação há grupos ecumênicos de estudos bíblicos e elaboração conjunta de subsídios.
- Com as novas orientações sobre o Ensino Religioso, desestruturou-se uma dinâmica de trabalho realizado pela ASSINTEC e CIER. Há dificuldades com a Secretaria Estadual de Educação.

c) PARANÁ - MATO GROSSO - RONDÔNIA

- É destacada a atuação da ASSINTEC na área do Ensino Religioso. A nova legislação sobre o ER criou enormes dificuldades para o programa da ASSINTEC.
- Dom Francisco lembra a situação de uma missionária luterana de Stuttgard que acompanhou uma comunidade católica, durante a vacância, até a chegada de um novo pároco. Trabalho com professores da rede estadual sobre o uso ecumênico da Bíblia.
- Em Rondônia, Escolas Bíblicas para Jovens, coordenadas pelo CEBI com a participação de metodistas e presbiterianos.
- Na área de Cuiabá realiza-se a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

d) GRANDE PORTO ALEGRE

- Na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos há a participação de Igrejas não pertencentes ao CONIC.
- Há templos compartilhados de forma ecumência, por cedência ou propriedade comum.
- Languiru: luteranos ajudando na construção do templo católico.
- Este grupo se deteve em olhar para as atividades e prática do CONIC. Com a transferência de sua secretaria geral para Brasília, diminuiu a presença e ação do CONIC no Rio Grande do Sul. A perspectiva da realização da Assembléia do CMI, em Porto Alegre, põe em relevo a necessidade da intensa participação das Igrejas na área. O CONIC quer organizar-se nos Estados em núcleos referenciais para o trabalho ecumênico, integrando as múltiplas experiências das Igrejas representadas. É necessário reconstituir uma cúpula diretiva do CONIC no RS por designação das Igrejas membro.

e) SÃO PAULO - BRASÍLIA - ESPÍRITO SANTO - NORDESTE

- No Espírito Santo destaca-se a ação ecumênica do CONIC estadual que atua na área da formação e tem um forte envolvimento político. A equipe do CONIC reúne-se para encontros de formação e convivência. Seminários sobre ministérios.
- Em São Paulo, o MOFIC promoveu Encontro de Padres e Pastores, em Santo Amaro, sobre o cuidado de si como pessoas. Seminários itinerantes (caravanas de formação) para conhecer as experiências das Igrejas.

O dia foi encerrado com uma confraternização e partilha fraterna entre todos os participantes do encontro.

08.05.02 - Quarta-feira - 3o Dia do Encontro

Celebração da Manhã

Inspirada nos textos de Is 60, 1-4.18-20 e Jo 20,19-23, enfatizando o compromisso das Igrejas com a construção da paz. Assumir a Década de Superação da Violência do CMI. Até que ponto, nós, Igrejas e pessoas, ajudamos para que a paz não se realize de forma satisfatória.Nossa linguagem muitas vezes é de guerra. A verdade começa a dois. Promover a abertura de nossas estruturas eclesiásticas.

PERSPECTIVAS DE DIÁLOGO E CAMINHADA COMUM NO FUTURO


A sessão da manhã deste dia do encontro foi coordenada por Dom Hélio Adelar Rubert Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória.

P. Walter Altmann, Presidente do CLAI (06 anos) e 1o Vice-Presidente da IECLB, apresentou o tema O Pluralismo Religioso como Desafio ao Ecumenismo na América Latina apontando as perspectivas de diálogo e caminhada comum para o futuro. (Vide Anexo 5). Registra-se aqui algumas pontualizações.

Há uma relação predominante de coexistência pacífica. Não estamos nos combatendo mas não estamos cooperando como poderíamos. No CLAI temos 155 Igrejas da América Latina filiadas. Uma multiplicidade e diversidade cultural. Exemplo: Igreja Morava na costa da Nicarágua. Na última assembléia do CLAI refletiu-se o tema Livres para Cosntruir a Paz. Não está presente a Igreja Católica. O CONIC é membro do Conselho do CLAI. Há Igrejas pentecostais refratárias à cooperação da Igreja Católica. O CLAI também não é convidado pelo CELAM. No Sínodo das Américas fez-se o convite da participação do CLAI. No almoço com o Papa ele fez memória de sua vinda ao RS em 1980.
Três vertentes do Ecumenismo: MISSÃO - AÇÃO SOCIAL - DOUTRINAL


O que fazer?
- No âmbito da formação: convites mais regulares, intercâmbios, algumas disciplinas teológicas podem ter currículos comuns
- Cooperação no âmbito do Ensino Religioso.
- Seminários de Padres e Pastores - perspectiva de formação contínua.
- Cooperação mais intensa entre Sínodos e Dioceses.
- Oração pela Unidade dos Cristãos.
- Grupos de estudo em relação a outras temáticas.
- Organizar uma coleção dos documentos principais dos diálogos ecumênicos.
- Em preparação à Assembléia do CMI, a realização da Campanha da Fraternidade Ecumênica.

Logo após, Pe. Gabriele Cipriani, Secretário Adjunto do CONIC, apresentou algumas pistas e perspectivas para o avanço do diálogo ecumênico. (Vide Anexo 6). Algumas pontualizações.

Nosso encontro é profético e abençoado. Tivemos uma história que não pode ser esquecida. Gostaria que a ICAR e IECLB considerassem seus organismos de promoção do ecumenismo como especiais. Como criar núcleos regionais do CONIC? Não podemos trabalhar sem estrutura, sem um organismo ecumênico. Precisamos de promotores. Os Bispos devem ser os primeiros promotores da unidade dos cristãos.

Numa família de 04 pessoas, uma ou duas não são da mesma confissão religiosa. Qual é a pastoral familiar apropriada para essa realidade? O significa a expressão minha mãe não é mais católica. O ecumenismo é uma urgência.

Houve três períodos do diálogo ecumênico. Pionerismo - Aproximação fraterna e do Diálogo - Co-responsabilidade. Começar a fazer agendas comuns. Em muitas Diocese não aparece a Semana Oração pela Unidade dos Cristãos. Prolongar o nosso ser cristão juntos. Cultivar dias de convivência e oração entre padres e pastores. A Semana de Oração cresce com muita lentidão; deve ser fruto de um processo de aproximação.

Promover a educação ecumênica do povo da própria Igreja. Valorizar os sacramentais: bênçãos e funerais comuns. Nos casamentos mistos, o casal ser visto como um grande promotor da unidade dos cristãos (pastoral dos csamentos mistos).

Retomar a Eclesiologia do Batismo. O Batismo deve ser o fundamento de nosso diálogo. Os diálogos saírem dos livros. As ovelha são de Cristo e não nossas. Isto exige um processo de conversão. Não existe minha Igreja. Os problemas são eclesiológicos. As tradições não são maiores do que a fé dos crentes. A CF/2000 mostrou que podemos evangelizar juntos. Uma evangelização querigmática e não tanto catequese confessional. Como assumir a Década da Superação da Violência. Neste sentido aparece a emergência da juventude, principal vítima dos assassinatos cometidos no Brasil.

Reações do plenário

- Precisamos conhecer a obra de Lutero sobre Maria e sua doutrina da libertação.
- Abrir um diálogo sobre a questão da intercessão; Maria e os santos. Questão marcada pela polêmica pós-Reforma e Trento.
- Realizar encontros em nível estadual entre Bispos e Pastores Sinodais, com os padres e pastores.
- Criar fatos que atraíssem a mídia.

 

Dia 08.05.02 - Sessão da Tarde

Na parte da tarde foi realizado um trabalho de grupos para apresentação de propostas concretas para a caminhada ecumênica das Igrejas. Estas propostas foram apresentadas, sintetizadas e aprovadas pelo plenário (vede redação final em anexo).

Os participantes, durante o encontro, delegaram Pe. José Bizon e Pastor Günter K. F. Wehrmann, para redigirem uma proposta de MENSAGEM FINAL do encontro. Esta propsota foi lida, emendada, corrigida e aprovada por unanimidade e segue em anexo a esse relatório.

COMUNICAÇÕES

- O CONIC deverá redigir uma carta ao Conselho Mundial de Igrejas propondo a realização da próxima Assembléia (2006), no Brasil (Porto Alegre).
- De 13 a 15/11/02 haverá a Assembléia Geral do CONIC. Propor à Assembléia estabelecer uma periodicidade das CFs ecumênicas.
- Foi aprovado, na última Assembléia Geral da CNBB, o Mutirão Nacional de Superação da Fome e da Miséria, a ser lançado no dia 30/05, na Festa do Corpo de Cristo. Há o convite fraterno das Igrejas se integrarem ao mutirão.
- Nos dias 09 e 10/12, haverá o Seminário Bilateral sobre Ministérios e Sacramentalidade, na Casa das Diaconisas, em São Leopoldo.

AVALIAÇÃO

- Grande humanidade dos Bispos e Pastores, desmistificação.
- Encontro na diversidade como riqueza.
- Ambiente de fraternidade e descontração.
- Proporcionar o uso de crachá de identificação.
- No próximo encontro proporcionar o estudo de texto mais bíblico-teológico.
- Inteligência e fraternidade dos pastores e pastoras.

O Encontro foi encerrado com uma Celebração, articulada por uma equipe dos participantes do encontro. Juntos, enviando, uns aos outros, para a missão de promover a unidade dos cristãos, especialmente com o povo de nossas Igrejas.

 



OBS: O presente relatório foi redigido pelo Pe. José Carlos Stoffel, (Secretário executivo do Setor de Ecumenismo do Regional Sul 3 da CNBB), secretário geral do encontro, com o auxílio de anotações feitas pelo Pastor Sinodal Martin Reusch (Sínodo Centro-Campanha-Sul da IECLB). Não tem caráter de ata e não foram feitas gravações das intervenções dos participantes, podendo conter falhas, omissões ou algum equívoco de interpretação.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ENCONTRO NACIONAL DE BISPOS E PASTORES SINODAIS

Data: 06 a 08 de maio de 2002.
Local: Porto Alegre – Casa de Retiros Vila Betânia


PERSPECTIVAS DE DIÁLOGO E CAMINHADA ECUMÊNICA
SUGESTÕES DE PROPOSTAS


- Colaboração no campo da FORMAÇÃO – convites mais regulares, intercâmbios entre os Institutos de Teologia (algumas disciplinas podem ter currículos comuns).
- Colaboração no campo do Ensino Religioso.
- Realização de Seminários entre padres e pastores na perspectiva de uma formação contínua.
- Fortalecimento da Semana Nacional de Oração pela Unidade dos Cristãos.
- Organização de Grupos de Estudo Ecumênicos com outras temáticas não abordadas pela Comissão Bilateral.
- Ampliar o acesso aos principais documentos sobre o diálogo ecumênico.
- Campanha da Fraternidade Ecumênica no ano de 2006 por ocasião da possível realização da Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas no Brasil (Porto Alegre).
- Criar uma agenda mínima comum.
- Realizar encontros estaduais entre bispos e pastores sinodais.
- Realizar um novo encontro em nível nacional entre bispos e pastores sinodais.
- Realizar encontros de padres e pastores do Sínodo e Diocese Católica.
- Organização de programas radiofônicos ecumênicos.
- Espaço para o CONIC e programas ecumênicos na Rede Vida de televisão.
- Organizar os núcleos regionais do CONIC com o apoio das autoridades eclesiásticas.
- Promover a educação ecumênica no seio da própria Igreja (formação de base).
- Possibilidade de rituais comuns para exéquias, bênçãos, casamentos mistos.
- Promover uma Pastoral Familiar ecumênica a partir da experiência dos casamentos mistos.
- Promover uma catequese e preparação para o Batismo de forma conjunta
- Assumir da Década para Superar a Violência do CMI nas Igrejas locais com ênfase na situação da juventude.

 

 


 

 

 

 

 

 

 

ENCONTRO NACIONAL DE BISPOS E PASTORES E PASTORAS SINODAIS

MENSAGEM FINAL

Pastores e Pastoras Sinodais da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB e Bispos da Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil, nos reunimos em Porto Alegre, nos dias de 06 a 08 de maio de 2002, para avaliar e planejar a caminhada ecumênica. Saudamos as irmãs e os irmãos “que foram santificados em Jesus Cristo e chamados a ser santos, com todos os que invocam em todo lugar o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso. Graças e paz a vocês da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo” (1Co 1,2-3).

Convocados pelo Espírito Santo que impele os discípulos de Jesus Cristo à plena comunhão visível de sua Igreja, desejamos ser, no mundo, testemunhas do Evangelho e sinais proféticos de justiça e de paz. Pelo mesmo Espírito sentimo-nos impulsionados a ajudar nossas Igrejas a aprofundarem a convicção ecumênica, favorecendo desse modo a unidade visível da Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo.

Na presença do Senhor examinamos nossa longa caminhada ecumênica que, tendo iniciado com a aproximação e o diálogo, desde 1957, envolveu também outras tradições cristãs. Juntas, estas Igrejas incentivaram a fundação da Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE, em 1973, a Comissão Bilateral em 1974, e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – CONIC, em 1982. Como fruto dessas, entre tantas outras iniciativas, registramos hoje, com alegria, um clima de confiança e cooperação fraternas entre as duas Igrejas.

Recordamos a história dos diálogos teológicos internacionais, promovidos por nossas denominações desde 1967. Estes diálogos, em 31 de outubro de 1999, levaram ao ato solene de assinatura da Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, entre a Santa Sé e a Federação Luterana Mundial, marco histórico do nosso caminhar sob a promessa da plena comunhão.

Analisamos, também, a situação atual do ecumenismo nas Igrejas e no contexto da sociedade. Percebemos a necessidade de evitar o isolamento, o proselitismo e a fragmentação, de melhorar o planejamento em conjunto e a colaboração, mas especialmente a urgência de dar um testemunho cristão autêntico e coerente.

Experimentamos a graça do convívio fraterno, penhor da comunhão plena tão desejada, na oração, alma do movimento ecumênico, no diálogo teológico e pastoral, na partilha de experiências e dos novos desafios pastorais e na confraternização amigável e alegre.
Motivados pelo mandato do Cristo Ressuscitado e sua oração em favor da unidade e diante da realidade que clama por justiça e paz, assumimos os seguintes compromissos:
- Realizar encontros nacionais de Bispos e Pastores/as Sinodais de dois em dois anos, intercalados por encontros regionais de pastores/as, padres com os respectivos bispos e pastores/as sinodais.
- Apoiar um convite ao Conselho Mundial de Igrejas para realizar sua 9a Assembléia no Brasil.
- Propor a realização da Campanha da Fraternidade Ecumênica vinculada ao evento da Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas e garantir sua periodicidade.
- Incentivar em todos os níveis a realização da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.
- Apoiar os encontros do Movimento Ecumênico de Estudantes de Teologia – MEET.
- Promover a cooperação entre os Institutos de Formação Teológica das respectivas Igrejas.
- Viabilizar a criação de formulários litúrgicos para realização de casamentos, batismos, exéquias.
- Promover uma Pastoral Ecumênica da Família.
- Organizar a confecção de uma cartilha popular de educação para o ecumenismo.
- Levar às instâncias da IECLB o convite da CNBB para aderir ao “Mutirão Nacional para Superação da Miséria e da Fome”, integrado à “Década para Superar a Violência” do CMI.

Nas vésperas da Festa de Pentecostes, quando oramos juntos na Semanal de Oração pela Unidade dos Cristãos, contamos com o sopro renovador do Espírito Santo que ultrapassa todas as fronteiras. Proclamamos, juntos, que “todas as pessoas são chamadas por Deus para a salvação em Cristo.” (DCJ,16)

Porto Alegre, em 08 de maio de 2002.

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

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