1 Pedro 1.3-9

Auxílio Homilético

03/04/2005

Prédica: 1 Pedro 1.3-9
Leituras: Salmo 105.1-8 e João 20.19-31
Autor: Claus Dreher
Data Litúrgica: 2º.Domingo da Páscoa
Data da Pregação: 03/04/2005
Proclamar Libertação - Volume: XXX


v. 3 – Louvado (seja) Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,

1) Renascido para a esperança na salvação vindoura
que, conforme a sua muita misericórdia,
nos fez renascer para uma esperança viva,
através da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
v. 4 – para uma herança imperecível, imaculada e imarcescível,
que nos céus está reservada para vós,
v. 5 – que sois resguardados no poder de Deus, através da fé,
para a salvação, preparada para ser revelada no último tempo.

2) Comprovação da fé no sofrimento
v. 6 – Por isso exultais,
(vós) que agora, se necessário, vos contristais um pouco, nas várias provações,
v. 7 – para que a autenticidade de vossa fé –
muito mais valiosa do que ouro perecível,
apurado pelo fogo –
redunde em louvor, glória e honra
na revelação de Jesus Cristo.

3) Fé exultante sem ver
v. 8 – A ele amais, sem tê-lo visto,
nele crendo, sem vê-lo agora, exultais
em alegria indivisível e cheia de glória,
v. 9 – alcançando o alvo de vossa fé:
a salvação das almas.

4) A respeito disso já os profetas predisseram
v. 10 – Por essa salvação procuraram e inquiriram os profetas,
os quais profetizaram sobre a graça a vós (destinada),
v. 11 – investigando que ou qual ocasião
o espírito de Cristo, atuante neles, indicava,
(o espírito) o qual de antemão dava testemunho sobre os sofrimentos de Cristo e sobre as glórias que os seguiriam.

5) O pro nobis de seu testemunho
v. 12 – A eles foi revelado que não a si mesmos,
mas a vós serviam através disso,
o que agora vos foi anunciado por aqueles que vos pregavam o Evangelho
no poder do Espírito Santo, enviado do céu,
coisas que mesmo os anjos anelavam perscrutar.

O texto previsto para o domingo Quasimodogeniti é de exaltação a Deus, constituída num período artístico, com certo ritmo. Gerhard Barth propõe uma estruturação do texto de 1 Pe 1.3-12 em cinco estrofes, como acima, o que permite também uma divisão de seu conteúdo. Vamos ater-nos às três primeiras estrofes, como previsto para este domingo.

1. Renascido para a esperança na salvação vindoura

A esperança fundada em Cristo transcende o agora. Cristo é o Alpha e o Ômega. Nós vivemos num tempo intermediário. Somos peregrinos a caminho do reino.

Vivemos um hoje pleno de um futuro, pelo qual podemos nos alegrar. Isto Pedro quer expressar em nosso texto.

2. Comprovação da fé no sofrimento

A carta de 1 Pedro está no contexto das primeiras perseguições às pessoas cristãs. E anuncia que tudo o que acontece está dado no campo do domínio, da ação, da preocupação de Deus.

É Deus quem determina se somos exigidos na resistência ou se podemos ter paz. O texto não diz que o sofrimento é condição constante da cristandade, nem é apaixonado pelas tentações. Mas conhece a necessidade de algum sofrimento, no qual Deus nos põe à prova, não se afastando do seu povo, permanecendo a seu lado.

A carta dá sentido à resistência na provação: pois Deus é Deus e não qualquer coisa passageira. A fé é algo muito mais precioso do que o passageiro, como o ouro deste mundo.

Observamos o que a carta anuncia em cada espaço do compromisso humano: em tempo de crise e de caristia é que se mostra o que é amor matrimonial, amizade, camaradagem, relação de irmãos e irmãs...

Esse amor que se mantém amadureceu, é como o ouro que resistiu ao fogo. Assim os momentos de crise e sofrimento nos fortalecem e tornam claro o que é perene em nossas vidas. Servir a Cristo, rendendo “louvor, glória e honra” a seu nome, é hino de louvor vivido e sofrido. Neste sentido, Dietrich Bonhoefer, na eminência de sua morte no campo de concentração nazista, dá testemunho de sua fé ao compor o hino “Por bons poderes”.

Quem sempre viveu seguro daquilo que tem em casa ou nas mãos não sabe a alegria que existe no amor que crê, resiste. O poder, a força de Deus, presente no dia-a-dia, nos mantém, ampara e envolve e nos permite perseverar; essa proteção vem pela fé que Deus mesmo cria e mantém em nós e que conta com esse Deus potente na fraqueza. A fé nos protege, envolve, dá paz na espera pela herança celestial, pelo reino.

Mas como, se nossa fé tantas vezes se mostra tão frágil? Pedro mesmo é exemplo de desesperança e fé: negou Jesus três vezes antes de o galo cantar, como Jesus disse; mas a “força” que carrega o fraco em Pedro permanece: “Eu tenho orado por ti, para que tua fé não te falte” (Lc 22.31ss).

A vida da pessoa renascida, batizada, é vida em Cristo, que não pode ser destruída, apesar de tudo o que há ao nosso redor.

Quando alguém tem uma expectativa de grande alegria diante de si, então carrega o esforço e o peso dos preparativos e dificuldades que ainda existem de forma mais leve. Já cantamos hoje o “novo” hino de amanhã. O hino de Simei Monteiro “A nova canção” (O Povo Canta 30) ajuda-nos a cantar essa realidade.

Assim é o antejúbilo pelo dia do Senhor, quando nada mais nos separará de Deus, já celebrado hoje. Já hoje se vive diferente com esse horizonte; uma nova “perspectiva” de vida se descortina.

Outro hino que serve para a meditação do texto de 1 Pedro é o de Johann Franck: “Ó minha alegria” (HPD 208); sua leitura pode ser meditada estrofe por estrofe.

3. Fé exultante sem ver

Se com Cristo respiramos (vivemos no dia-a-dia), podemos chegar ao louvor espontâneo de Deus, não obrigado, não manifesto de forma artificial.
Quasimodogeniti: Nascidos de novo para uma esperança viva, porque o Senhor está conosco. Futuro e presente pertencem um ao outro. A spes quae sperat e a spes quae speratur estão ligadas. O porvir, pelo qual nos alegramos, torna nossa esperança hoje alerta e atuante.

A concomitância dos tempos permite crer hoje sem ter visto: no encontro com Cristo hoje, minha existência se transforma. O Cristo com o qual me encontro hoje é o Jesus dos anos 1-30, que eu não conheço somente porque ele se tornou carne, mas que, por meio do que ele fez, disse, sofreu e transformou, criou a condição sob a qual se dá o meu encontro com ele hoje (Anamnesis).

As pessoas que lêem a carta de 1 Pedro (também nós) não viram Jesus. Amá-lo: tanto elas como nós podemos. Pela carta ele não é um estranho para nós, nisto consiste o cerne da questão.

A esperança dos renascidos não são somente novos relacionamentos, um ser diferente. A salvação é primeiro uma nova relação com Deus. “Se eu tiver a ti, então não me preocupam o céu e a terra” – com amor verdadeiro é assim.

Ser amados e amar: nisto vamos estar sempre ligados a Deus.

O Senhor está conosco!

Por fim, uma pergunta motivadora, que pode desencadear a pregação ou o diálogo com a comunidade: O que me sustenta, mantém de pé e desafia a resistir, em tempo de desemprego, violência contra mulheres e crianças, diante da fome, dos gastos astronômicos dos governos com armamento...?

Bibliografia

BARTH, Gerhard. A Primeira Epístola de Pedro – Comentários Bíblicos. São Leopoldo: Sinodal, 1987. p. 9-33.
VOIGT, Gottfried. Das heilige Volk – Homiletische Auslegung der Predigttexte der Reihe II. Gottingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1979. p. 220-227.


 


Autor(a): Claus Dreher
Âmbito: IECLB
Natureza do Domingo: Páscoa
Perfil do Domingo: 2º Domingo da Páscoa
Testamento: Novo / Livro: Pedro I / Capitulo: 1 / Versículo Inicial: 3 / Versículo Final: 9
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2004 / Volume: 30
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 23571
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