70 X 7, um desafio!

13/09/2020

 

O tema para reflexão é o PERDÃO. Todavia antes vou fazer duas abordagens para esclarecimento. A primeira refere-se à CRIAÇÃO. Deus falou e o mundo passou a existir, desde o universo à menor partícula. É o relato de Gênesis. Já os evangelhos dizem que Jesus é a voz criativa de Deus que se tornou carne, gente como a gente. Uma maravilha! Basta prestar atenção no que Jesus disse e, principalmente, como ele agiu, tendo assim uma base sólida à vida. Na caminhada, vamos descobrir que o pecado constantemente nos puxa para longe da voz de Deus. Jesus – com suas palavras - nos levam para junto do Criador. O maligno distorce e mete. Ele é o pai da mentira e do fake news. Ele disse: Deus proibiu. Mas, se comerem, serão como “deuses”. É verdade e mentira ao mesmo tempo. Jesus é aquele que põe em evidência o pecado e nos leva de novo para junto do Criador, que agora podemos chamar de Pai.

A segunda abordagem refere-se à ORAÇÃO. Jesus revelou uma fé prática aos seus discípulos. Ele incentivou um diálogo franco e aberto com o Pai. Inclusive, deixou uma prece exemplar intitulada de “Pai Nosso”, que é um resumo do Evangelho, a qual aprendemos, decoramos e recitamos. Mas, já é hora de parar e refletir no seu conteúdo, agindo de acordo com o proposto. O “não” pensar é também influência do maligno. O desafio do Evangelho de hoje nos leva à prática do Pai Nosso.

Em Mateus 18.21-22, Pedro se mostra generoso. Ele pede um esclarecimento ao Mestre nos seguintes termos: Se alguém me fizer uma maldade, a lei pede que eu o perdoe no máximo três vezes. Todavia, eu devo perdoar sete vezes? Jesus surpreende o “generoso” com a resposta: Perdoar, sim! Sete vezes, não! Você deve perdoar 70 vezes 7. Ou seja, 490 vezes. Noutras palavras, ao perdoar, perca a conta. Perdoe sempre. Imagino a surpresa de Pedro. Eu mesmo, ainda hoje, me surpreendo com a coragem de Jesus. Definitivamente, o desafio não é moleza. Humanamente falando, guardo desfeitos recebidos no meu peito, os quais volta e meia me vem à memória, trazendo raiva do outro.

Retorno à oração do Pai Nosso. Está claro que precisamos orar pensando naquilo que falamos para não pecar ao dizer e depois não querer fazer. O que diz a oração ensinada por Jesus sobre o perdão? Pai! Perdoa as minhas dívidas assim como eu perdoo a quem me deve. Trocando as palavras, eu quero ser perdoado como também quero perdoar. É fácil? Não! É natural? Não! Só é possível a partir de Jesus. Minha natureza procura devolver tapa com tapa, ofensa com ofensa, traição com traição.

Amigo! Você tem toda liberdade para me dizer: Escutei até aqui. Mas, está bom. Chega! Eu sou assim. Não vou mudar. Não vou perdoar quem me machucou. Ponto final. Agora, se você deseja mudar, é possível. A Bíblia costuma chamar isso de CONVERSÃO. Mudar o pensamento e a atitude é divino. Não estou te dizendo que é moleza. Só digo que é possível. A mudança pode acontecer. Ela começo com o meu desejo, mas se concretiza somente pela ação do Espírito Santo.

Na realidade, a mudança em nossa vida sempre parte de Deus. Inicialmente, ela vem da compreensão de quem é Deus e do que Ele faz em minha vida. Somente com Deus podemos entender de fato o que significa o perdão. Ele me concede o perdão pleno dos pecados. Ele me resgata das enrascadas que me meto. Ele me ajuda a caminhar em direção ao meu semelhante com o qual falhei. Por isso, somos desafiados à prática do perdão. As pessoas erram. Elas se machucam. Falam o que não devem. Sonegam o amor. Receber e dar o perdão é um exercício diário e constante.

Para incentivar o compromisso e a necessidade do perdão, Jesus narra uma pequena história. Ele conta que certa autoridade chamou um cidadão que lhe devia 10 mil moedas à sua presença. O sujeito disse que não tinha como pagar. A autoridade, então, decidiu vender o cidadão com sua família como escravos. Então, ele ajoelhou-se e clamou pelo perdão da dívida. Por compaixão, a autoridade lhe perdoou o que devia. Porém, saindo à rua tal cidadão encontrou um amigo que lhe devia 100 moedas. Exigiu o pagamento. Ouviu um pedido por clemência. Todavia, faltou-lhe repartir o amor recebido. Ele levou o amigo à justiça, colocando-o atrás das grades. Esse fato chegou aos ouvidos da autoridade, que chamou novamente o cidadão à sua presença. Como pode: Você foi perdoado e não sabe perdoar? Pela falta de amor, sua dívida volta a ser ativa. Agora você é que será condenado.

Volto a dizer: Todos se acham certos. Todos querem usufruir os direitos e a justiça. Ser perdoado é algo que desejamos no fundo do coração. Todavia, nem sempre é fácil perdoar o outro. O perdão é divino. É obra do Espírito Santo. Você precisa não somente desejar, mas também clamar. Isso não significa, de forma alguma ser um “trouxa”. Não significa diminuir o erro. Significa, sim, lembrar que Deus é justo. Ele não deixa passar nada. Deus é amoroso. Ele entregou Jesus para nos redimir e ensinar a verdade. Ele é perdoador, tanto a mim, quanto ao outro. Ele nos dá a liberdade de continuar a vida carregado inúmeras mágoas ou depositar tudo aos pés da cruz. O que é melhor? O que traz saúde física, emocional e espiritual? Que Deus nos abençoe na prática constante da oração do Pai Nosso. Perdoe e será perdoado. Amém!
 


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 18 / Versículo Inicial: 21 / Versículo Final: 35
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 58858
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