A Reforma nos ilumina para sermos sal

25/10/2011

Em 31 de outubro de 1517 Martim Lutero, um monge agostiniano revolucionava a Igreja de sua época, bem como a todo o mundo.

Os motivos: um deles foi o fato de que a igreja católica estava vendendo cadeiras no céu através de um documento chamado de indulgência, ou seja, vendia a salvação aos fiéis.

Era necessária uma Reforma. Com esta iniciativa muitas coisas mudaram. Mudou a forma de compreender a Deus, pois Lutero descobriu nas escrituras um Deus amoroso, que tem misericórdia e compaixão de seu povo, um Deus que vem ao nosso encontro e nos oferece a sua graça e o seu amor sem cobrar ou exigir nada de nós.
Com a reforma, também a compreensão da vida cristã muda. Nós, pessoas cristãs, já não somos meros espectadores que ficam passivos e esperam tudo acontecer até o dia de nosso morte, na esperança de que Deus nos salve. Ao contrário, Lutero nos ensinou que somos cristãos responsáveis e ativos na obra do Senhor, portanto, cada um de nós, independente de raça, profissão, cada um tem um papel a cumprir como pessoas cristãs, unicamente por que acreditamos no amor que Deus teve por nós, quando entregou seu Filho para nos dar uma nova vida.

A tarefa, a missão e o compromisso de cada ser cristão está resumido no Evangelho Mateus 5. 13-16.

Vocês são o sal da terra! Uma característica do sal é a sensibilidade.

O sal reage à umidade do ambiente, quando o ar está úmido o sal fica molhado, quando o ar está seco, o sal permanece seco, assim, quando muda o clima, o sal é um dos primeiros produtos a reagir.

Quando Jesus disse: vocês são o sal da terra, talvez ele tenha pensado na reação do sal diante da alteração do clima. Assim como sal muda conforme a temperatura, também os cristãos devem ser sensíveis àquilo que os cerca: olhem ao seu redor, talvez haja pessoas doentes, enlutadas, com fome, com problemas financeiros, com conflitos familiares, olhem a opressão e as injustiças que ocorrem no dia-a-dia. Ao percebermos a realidade que está a nossa volta nos lembramos das palavras do evangelho que nos animam para não ficarmos indiferentes perante as situações calamitosas da vida. Precisamos ser sensíveis e tentar dar um pouco de sabor e tempero para a vida de muitas pessoas, tentando ajudar e auxiliar os que sofrem.
Uma pessoa cristã somente pode ser sal quando ela se misturar e se relacionar com o seu próximo. Nunca podemos dar sabor à vida de alguém se nos isolamos do mundo e dos problemas da sociedade.

Jesus também nos fala sobre a luz: vocês são a luz para o mundo, ora, qual seria a função da luz senão de brilhar, de iluminar a casa toda. Não podemos como cristão ficar escondendo nossa luz que é aquilo que Jesus fez por nós, para nos salvar por causa de seu amor ao mundo. Nosso compromisso é brilhar para iluminar toda a casa, brilhar para que os outros vejam as coisas boas que fazemos e que Deus fez por nós.
Brilhar e iluminar o que, ou a quem? Ora, aqueles que precisam de uma luz, uma palavra de ânimo, um consolo, uma ajuda, um sorriso, um abraço, e quando as palavras não bastam podemos brilhar simplesmente permanecendo ao lado dos que sofrem em silêncio, como um gesto de amor e solidariedade.

Para lembrar de nossa tarefa de ser luz para o mundo gostaria de lembrar um texto do escritor Eduardo Galeano, assim ele escreve:
Certa vez, um homem de um povo muito distante, conseguiu subir até o alto céu. Quando voltou, contou muitas coisas. Disse que havia contemplado, desde acima, a vida humana. E disse que somos um mar de foguinhos:

- O mundo é isso, revelou, um montão de gente, um mar de foguinhos.
- Cada pessoa brilha com sua luz própria entre todas as outras.
- Não há dois fogos iguais. Há fogos grandes e fogos pequenos e fogos de todas as cores.
- Há gente de fogo sereno, que nem se dá conta do vento e gente de fogo louco que enche o ar de faíscas.
- Alguns fogos bobos, não iluminam nem queimam, porém outros ardem a vida com tanta vontade que não se pode olhá-los sem piscar, e quem se aproxima deles se ascende.

Que tipo de fogo somos nós? Como usamos a chama do amor que Deus nos deu no dia do Batismo? Como iluminamos a vida daquelas pessoas que de nós precisam? Será que cumprimos nossa missão de ser Igreja que ilumina, ascendendo na vida das pessoas a vontade de viver com Deus em amor e justiça, será que incendiamos o ódio, a inveja, o egoísmo, a maldade com o amor de nosso Deus, o Deus da vida?

Sim, cada um de nós, como cristãos protestantes, herdeiros da Reforma, tem a tarefa de iluminar, de queimar e de brilhar, pois temos em nós a chama do amor, do perdão, da paz e da justiça que Deus nos deu de graça e por isso, precisamos passar essa chama para quem não ilumina ou para aqueles que estão iluminando embaixo da mesa e precisam descobrir que a luz foi feita para ser passada adiante e não para permanecer passiva e isolada.

Sim, cada um de nós, como cristãos podemos ser sal para a terra, dando tempero e sabor à vida das pessoas, dizendo que tudo é possível se confiamos em Deus, que este mundo pode ser melhor, pois depende unicamente de nós, pessoas cristãs com as quais Deus conta na tarefa de transformar o mundo de ódio num mundo de paz e amor.

Que possamos, nesta semana que lembramos a Reforma da Igreja cristã, lembrar de nossa tarefa como cristãos protestantes que desejam um mundo melhor: Sendo luz para o mundo e sal da terra. Que Deus nos encoraje, Amém.
 


Autor(a): Cristina Scherer
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: São Francisco do Sul (Litoral Norte Catarinense)
Testamento: Novo / Livro: Mateus / Capitulo: 5 / Versículo Inicial: 13 / Versículo Final: 16
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 10694
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