O assassinato da irmã diaconisa Doraci Edinger constitui o episódio mais doloroso da vida da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), mas sua atuação junto às comunidades pobres de Moçambique, selada por sua morte, constitui também a página mais dignificante de toda a história da IECLB A avaliação é do pastor presidente dessa denominação, pastor Walter Altmann, que concedeu entrevista coletiva, ontem, na sede da igreja, em Porto Alegre. Altmann expressou solidariedade com os familiares da irmã. Como era devido, foi a eles que dei a primeira atenção pastoral no meu regresso, relatou.
A morte de Doraci enlutou não apenas a IECLB e a Igreja Evangélica Luterana em Moçambique (IELM), mas toda a família de igrejas luteranas no mundo e também as igrejas de nossas relações ecumênica, disse Altmann.
O fato de a irmã Doraci ter perdido a vida na causa do Reino de Deus pode ser nesse momento apenas um débil consolo, mas ele consistirá um conforto cada vez mais forte a cada dia que passar, afirmou.
Pelas evidências levantadas pela polícia de Nampula, a irmã Doraci foi assassinada no sábado, 21 de fevereiro, entre 8h e 8h30min. Nada foi tirado do seu apartamento. O objetivo do crime era precisamente o de eliminá-la. Por quê? – perguntou Altmann, para logo responder:
Tenho convicção de que o objetivo imediato do assassino ou de seu mandante foi o de impedir que ela se encontrasse com o presidente de sua igreja, o qual ela pretendia receber no aeroporto de Beira, no dia 24 de fevereiro. O assassino ou seu mandante sabia ou presumia que ela iria me revelar algo grave, que, do seu ponto de vista, não deveria chegar a meu conhecimento sob hipótese alguma, analisou.
Altmann enfatizou que a IECLB, a Federação Luterana Mundial e o governo brasileiro querem um esclarecimento cabal do crime, sua autoria e seu móvel. O pastor presidente entende que as investigações em curso em Nampula já contém elementos essenciais para esse esclarecimento.
O enterro da irmã Doraci, marcado para amanhã, teve que ser adiado por um dia. Por questões burocráticas, o corpo ficou retido no aeroporto de Johannesburgo e deverá chegar no vôo da South African Airways somente amanhã pela manhã a São Paulo, seguindo depois para Porto Alegre. Ele será velado na capela da Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo, e enterrado no dia seguinte.
Virão para o enterro da irmã a sra. Éster Antonio Cossa, de Maputo, em representação da IELM, e o bispo C. M. Molefe, da África do Sul.
Fonte: ALC
