Deuteronômio 11.18-21,26-28

Auxílio Homilético

01/06/2008

Prédica: Deuteronômio 11.18-21,26-28
Leituras: Mateus 7.21-29; Romanos 1.16-17; 3.22b-28 (29-31)
Autor: Erní Walter Seibert
Data Litúrgica: 3º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 01/06/2008
Proclamar Libertação - Volume: XXXII


1 Introdução
O texto de Deuteronômio tem suas dificuldades para o preparo da pregação. Ele enfatiza a obediência aos mandamentos de Deus, contrapondo-a ao mero conhecimento teórico dos mesmos mandamentos. Ao leitor apressado pode parecer que a leitura indica o caminho da salvação por obras.
Da mesma forma, o final do Sermão do Monte, que é a leitura do evangelho deste domingo, parece ter a mesma ênfase: ouvir e obedecer. Quem oferece um contraponto a essa linha de pensamento é a leitura da epístola, que lembra a salvação por graça mediante a fé.
A segunda dificuldade que a perícope de Deuteronômio oferece é a questão do livre-arbítrio. Os v. 26 a 28 colocam diante do leitor a opção de seguir ou não seguir os caminhos da obediência à lei de Deus. Lutero falava no “servo-arbítrio” e dizia ser essa a interpretação correta das Escrituras sobre esse tema. Que mensagem tirar de um texto tão complexo e tão cheio de dificuldades?

2 Exegese
Qual seria a intenção dessa perícope de Deuteronômio? Que mensagem ela deseja transmitir? O texto faz parte do Segundo Discurso de Moisés quando da entrada do povo de Israel na terra prometida. Moisés está preparando o povo para viver na terra prometida. No discurso, Moisés lembra o que Deus fez pelo povo. Ele fala da bondade de Deus, que permitiu e acompanhou o povo na saída do Egito. Ele fala ao povo da proteção de Deus ao longo da jornada no deserto. Ele lembra o povo dos momentos de desobediência. Ele admoesta o povo a ser fiel ao Deus que o salvou e que o ama.
Essa é a intenção do texto. Não é discutir a doutrina da justificação pela fé, nem tampouco a questão do livre-arbítrio. A perspectiva do texto é lembrar ao povo que a lei do Senhor é boa e que deve ser obedecida por aqueles que são propriedade do Senhor.
Nos v. 18 a 21 do capítulo 11, Moisés inclusive lembra alguns recursos mnemônicos que podem ser utilizados na tentativa de não esquecer nunca os mandamentos. São recursos utilizados até hoje por estudantes em época de provas ou de exame vestibular.
Nos v. 26 a 28, Moisés coloca o povo diante do futuro e mostra as opções que existem no que se refere à vida. É o povo de Deus que está diante do futuro. É o povo amado por Deus, salvo por Deus, protegido por Deus, o qual agora deve saber que o desvio para o caminho do mal sempre é uma possibilidade, mas deve saber da mesma forma que o certo é continuar andando no caminho do bem.
Compreendida a intenção do texto, as dificuldades aparentes e iniciais de questões doutrinárias ficam mais fáceis de ser transpostas.

3 Meditação
Quais são os problemas que o texto aponta? Quais são os pecados que o texto condena? O primeiro problema apontado claramente é a falta de conhecimento da palavra de Deus. A falta de conhecimento da vontade de Deus provoca o segundo problema que o texto aponta, ou seja, opções, decisões erradas, contrárias à vontade do Pai Celestial, que conduzem ao caminho da perdição, da maldição, da morte.
Onde as pessoas deveriam buscar conhecimento da vontade de Deus? Acima de tudo na palavra de Deus. Essa palavra deveria ser presença constante na vida do indivíduo. Ela deveria estar em seus pertences pessoas, em sua casa, em sua vida doméstica, em seu trabalho, em sua vida social, na comunidade de fé.
Esse problema que o texto aponta estaria presente na vida das pessoas hoje? A resposta é sim. A falta de conhecimento da palavra de Deus é um grande problema em nossa sociedade. Imaginem que, num desses programas de televisão, no qual é testado o conhecimento dos participantes, fossem feitas algumas perguntas de conteúdo bíblico. Elas seriam difíceis ou fáceis de responder? Por exemplo, será que as pessoas conhecem os Dez Mandamentos? Será que as pessoas sabem o lugar onde Jesus nasceu? Será que as pessoas sabem o que é ressurreição?
Se esse teste de conhecimento fosse feito com os membros das igrejas, qual seria o resultado? Os membros das igrejas têm bom conhecimento bíblico? Salvo honrosas exceções, o conhecimento da palavra de Deus é um dos aspectos em que há muito que melhorar em nossos dias. É preciso planejar e organizar o trabalho da igreja para que esse conhecimento seja alcançado pelas pessoas. É preciso fazer como o texto de Deuteronômio sugere: colocar a Bíblia em tudo que é lugar.
A falta de conhecimento da vontade de Deus tem conseqüências. Ela conduz para a maldição, para a morte. E não adianta alegar falta de conhecimento. A conseqüência é trágica igualmente. É como no caso de alguém ter uma doença grave. Não adianta dizer que não sabia da doença. As conseqüências são trágicas da mesma forma.
O segundo aspecto que o texto aponta como problemático para a vida das pessoas é o fato de elas fazerem opções erradas. Opções erradas não são feitas apenas por causa da ignorância. Os corruptos sabem que aquilo que fazem é errado. Mesmo assim, eles praticam a corrupção. Os ladrões sabem que roubar é errado. Mesmo assim roubam. Não acontece isso com todas as pessoas? Não acontece isso com cada um de nós? Nós sabemos que muitas vezes cometemos erros. Mesmo assim, os cometemos. Erramos por ação e por omissão. Erramos por ignorância e erramos conhecendo a verdade. O pecado, infelizmente, faz parte de nossa experiência.
Qual seria a solução? Haverá saída? Ou estamos irremediavelmente perdidos?
O texto bíblico aponta para o Deus que conduziu o povo para a salvação. Esse Deus que tirou o povo do Egito, que o salvou, sempre dá uma nova oportunidade e quer conduzir seus filhos pelo caminho do bem. Esse mesmo caminho nos é apontado em Jesus Cristo. O amor de Deus manifesta-se em Cristo. Ele cumpriu a lei em nosso lugar e morreu a morte que deveria ser nossa. Por suas pisaduras fomos sarados. Diante de tão grande amor, o que nos resta fazer? Sem dúvida alguma, buscar conhecimento da vontade de Deus e, ao mesmo tempo, pedir orientação para sempre escolhermos o caminho do bem, da bênção, da vida.
Deus quer ajudar-nos a trilhar esse caminho. Agradecidos, sem dúvida alguma, vamos andar por ele.

4 Imagens para a prédica
Para mostrar a importância de lembrar a palavra de Deus, pode-se mostrar alguns esforços que o mundo da propaganda faz para que as pessoas lembrem determinados produtos. Existem marcas que procuram ser top of mind (primeiro lugar na lembrança) do consumidor. Investem-se fortunas em logomarcas, em slogans, em músicas para que as pessoas lembrem seus produtos. Fixam esses logos em painéis, em objetos, em roupas, para que as pessoas lembrem e os negócios sejam lucrativos.
Quais os esforços que estamos fazendo para que o mesmo aconteça com a palavra de Deus? A logomarca da fé cristã seria a cruz? Será que a Bíblia ou a literatura cristã estão presentes em nosso dia-a-dia? Será que nos objetos de uso pessoal a nossa fé é lembrada?
Uma outra imagem que pode ser usada é a do estudante que se prepara para o vestibular. Ele prepara resumos da matéria que está estudando, faz cartazes para pregar na parede de seu quarto, associa fórmulas difíceis a melodias para que não as esqueça. O que nós fazemos para memorizar versículos da Bíblia? Qual o nosso esforço para lembrarmos fatos importantes da vida de Jesus? O que fazemos em nossos templos para que as pessoas lembrem o grande amor de Deus em Cristo? O que poderia ser feito?

5 Subsídios litúrgicos
Durante este culto, a comunidade poderia aprender uma música de letra e melodia fáceis, que lembrasse o grande amor de Deus em Cristo. Essa música poderia ser aprendida no início do culto e ser repetida ao longo da celebração.
Algum símbolo litúrgico que está presente no lugar de culto e que nunca foi explicado poderia ser explicado ali de tal forma que as pessoas, cada vez que entram na igreja, lembrem-se de sua mensagem.
 


Autor(a): Erní Walter Seibert
Âmbito: IECLB
Natureza do Domingo: Pentecostes
Perfil do Domingo: 3º Domingo após Pentecostes
Testamento: Antigo / Livro: Deuteronômio / Capitulo: 11 / Versículo Inicial: 18 / Versículo Final: 21
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2007 / Volume: 32
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 24307
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Ainda não somos o que devemos ser, mas em tal seremos transformados. Nem tudo já aconteceu e nem tudo já foi feito, mas está em andamento. A vida cristã não é o fim, mas o caminho. Ainda nem tudo está luzindo e brilhando, mas tudo está melhorando.
Martim Lutero
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