Flores!

24/02/2020

Joca pegava o coletivo às 6h20. No ponto seguinte sempre embarcava uma idosa. Sutilmente, ela abria sua bolsa, tirava um pacotinho e passava a viagem toda jogando algo pela janela. A cena se repetia dia após dia. Curioso, certa manhã Joca conseguiu sentar ao lado dela. Puxou conversa e perguntou o que jogava pela janela. Sementes! Ela respondeu. Mas, sementes de que? De flores! Quando olho para fora, vejo a estrada tão sem graça. Gostaria de ver mais flores coloridas pelo caminho. Joca estava intrigado. As sementes caem no asfalto. Elas são esmagadas pelos caminhões ou devoradas pelos pombos. A senhora acha mesmo que estas sementes vão germinar? Mesmo que muitas se percam, algumas acabam alcançando a terra. Com o tempo, elas vão brotar. Seis que isso leva um tempo. Eu apenas procuro fazer a minha parte. As flores virão. Dizendo isso, virou-se para a janela aberta e recomeçou seu trabalho. Joca desceu logo adiante, encucado com a atitude da idosa. Por uma infelicidade, naquele dia ele se machucou e ficou “encostado” por um tempo. Quando voltou à sua rotina diária, ele percebeu algumas flores junto à estrada. A paisagem estava mais colorida. Quando mais se aproximava a primavera, mais flores surgiam. Então, lembrou da vovozinha. Procurou-a em vão. Perguntou ao motorista, que conhecia seus passageiros frequentes. A velhinha das sementes? Morreu há quase um mês. Aborrecido Joca voltou para o seu lugar e continuou olhando a paisagem florida pela janela. Pensou: Quem diria? Não é que as flores brotaram mesmo? Mas, de que adiantou? Morreu e não pode contemplar essa beleza toda. Naquele instante, Joca ouviu os risos de uma criança. Alguns bancos à frente, uma menina cheia de entusiasmo apontava pela janela: Mãe! Olha que lindo! Quantas flores... Então, Joca entendeu o que aquela senhora havia feito. Mesmo não estando ali para ver, ela deixou a sua marca para felicidade das outras pessoas. No dia seguinte, Joca entrou no ônibus, sentou-se junto à janela e tirou um pacotinho de sementes de girassol do bolso... Assim, deu continuidade à vida, semeando novas sementes. O futuro depende das nossas ações no presente. Semeando teremos o que colher. Se não a gente, os outros que virão.


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 55228
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É a fé que nos comunica a graça justificadora. Nada nos une a Deus, senão a fé: e nada dele nos pode separar, senão a falta de fé.
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