Gênesis 11.1-9

Prédica

23/05/1971

Gênesis 11.1-9
Exaudi 

A Bíblia não trata apenas das relações entre Deus e cada pessoa - a história da humanidade também é um tema da Escritura Sagrada. 

O relato da torre de Babel começa com uma visão universal harmônica: toda a humanidade formando um bloco unido - e o traço de união é a língua comum, o idioma único, a capacidade total de comunicação. Essa descrição inicial - assim Deus tinha imaginado o mundo quando o criou - assim Deus tinha imaginado a comunhão entre a família humana, quando a criou. Para isso Deus tinha confiado a totalidade de sua criação aos homens - para que juntos construíssem o mundo, a vida, a civilização. 

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Mas - a dissonância que destrói a harmonia de uma humanidade unida. Por que? Por que é desprezado, rejeitado e destruído o presente dessa comunhão? Afinal de contas, Deus tinha preparado o terreno. O homem foi criado para criar, inventar, descobrir. O homem foi criado para realizar alguma coisa nesta vida - em nome de Deus - como cooperador com Deus - como representante de Deus junto a todas as outras coisas criadas. 

Mais ainda: o homem é a criatura mais próxima de Deus. Por isso, toda cultura, toda a ciência, toda a arte também são uma forma de louvar a Deus, de dar culto ao Criador. Sim, tudo isso corresponde à intenção de Deus - assim foi planejado o destino humano por Deus. 

Só que o homem resolve fazer tudo isso de que é capaz - sem Deus. O homem resolve ser seu próprio deus. A atividade humana passa a ser exercida para substituir Deus, para assumir o lugar de Deus. Em vez de serviço prestado a Deus e ao próximo, o homem passa a encarar suas realizações como auto-glorificação. 

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Um momento de humor: Deus resolve ver de perto a construção. 

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A dúvida, a incerteza e o medo - durante a própria glorificação: edifiquemos uma torre que alcance os céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra. 

Antes do juízo de Deus - o medo de serem espalhados. Por que? Porque quando o homem perde a ligação com Deus, nada mais existe que possa unir a humanidade entre si. O homem sem Deus acaba perdendo a solidariedade com os outros homens. O homem sem Deus é também o homem solitário. E todas as tentativas de criar falsas solidariedades não conseguem apagar esse medo de que tudo será disperso. São experiências falidas, condenadas ao fracasso, porque a ligação é artificial e mentirosa. (Ex: a propaganda, a ideologia e a ditadura.). 

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A atualidade de Babel - um retrato de nossa vida!

União enquanto houver interesses (comerciais, por exemplo). Depois - concorrência ou inimizade. 

A sociedade de grupos, onde dominam o medo e a desconfiança. A linguagem do homem que não fala mais com Deus - as mesmas palavras significando coisas opostas. 

Em vez de comunicação, a palavra torna-se instrumento para disfarçar os verdadeiros pensamentos. 

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Existe solução? É possível mudar essa situação? Como é que se sai do isolamento? 

Sempre que alguém ou um grupo de pessoas conseguir sair da separação e da desconfiança - para realizar a reconciliação. Não é preciso tentar roubar o lugar de Deus: isso é uma façanha inútil. Porque esse Deus me ama, tem interesse por, mim. Na cruz do Cristo, esse Deus tomou minha vida sobre si. Quando isso acontece, um pedacinho de reconciliação acontece no mundo dividido em que vivemos. Um pouquinho de entendimento começa, no meio da confusão. 

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Pentecostes! 

Não confiar nos milagres dos grandes homens - nem no poder dos grandes. 

A obra de aproximação entre os homens começa pequena e devagar. Quando meu coração e teu coração reencontram a mora da do Pai! 

A oração pela unidade.

Estamos entre os que colaboram na verdadeira reconstrução? Essa pergunta encerra o destino de nossa vida!

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Autor(a): Breno Arno Schumann
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Juiz de Fora (MG)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Natureza do Domingo: Páscoa
Perfil do Domingo: 7º Domingo da Páscoa
Testamento: Antigo / Livro: Gênesis / Capitulo: 11 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 9
Título da publicação: Auxílios para a Prática Pastoral - Seleção póstuma de prédicas e medit / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1974 / Volume: P - 2
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 23313
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