Gênesis 32.23-31

Auxílio Homilético

08/11/1992

Prédica: Gênesis 32.23-31
Leituras: 2 Timóteo 3.14-4.5 e Lucas 18.1-8a
Autor: Günter Wolff
Data Litúrgica: 22º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 08/11/1992
Proclamar Libertação - Volume: XVII


1. Pré-texto — A realidade — Como vive o povo hoje

1.1. Lembrando o passado

Se olharmos a história deste país, veremos que o povo não é de índole pacífica. A história está marcada por movimentos de resistência dos oprimidos. Desde a resistência indígena como a Confederação dos Tamoios, os quilombos dos negros, a resistência camponesa de Canudos e Contestado, greves de operários de linha anarco-sindical do início do século e toda a resistência sindical até hoje, as ligas camponesas, CONTAG, CGT, UNE, guerrilha urbana e rural até os anos 70.

Se olharmos o Movimento Popular mais recente teremos três fases distintas:

1a fase — Sobrevivência — de 1968-1973/74

Os movimentos tinham que atuar discretamente por causa da repressão e na Igreja Católica encontraram refúgio.
2° fase — Resistência — de 1974-1984

É a fase da luta dos posseiros, operários com greves, atingidos por barragens, organização do Movimento dos Sem-Terra, Movimentos de Mulheres Agricultoras, etc. É a fase da organização, formando uma base massiva que irá partir para a luta. Não esquecendo a luta pelas Diretas Já.

3a fase — Iniciativa — a partir de 1985

É a fase do enfrentamento com o capitalismo. Aqui o Movimento Popular já é massivo e enfrenta o capitalismo de frente. Parte para o ataque e não joga mais tanto na defesa como nas fases anteriores. Antes procuravam-se defender os direitos que se tinha, agora se parte para conquistar mais direitos. Lembrando que os Movimentos Populares têm altos e baixos.

1.2. Os movimentos, sindicatos e partidos nos anos 1990-91 — Recessão

A partir de 1980 o Movimento Popular teve muitos avanços. Os sindicatos se estruturaram em Centrais Sindicais: CUT, CGT, USI, Força Sindical. Os partidos de esquerda e centro-esquerda se uniram no 2° turno da campanha presidencial. A esquerda quase venceu as eleições presidenciais.
Havia muita esperança e expectativa. Mas, a direita levou e com ela veio o aprofundamento da recessão econômica de 90-91. Muito desemprego, muita falência de empresas, muitas greves (1.700 em 90), arrocho salarial e tentativa do presidente em anular as conquistas da nova Constituição, tentando alterá-la, um governo autoritário que governa via Medidas Provisórias. No Congresso que assumiu em 91 temos 39,9% (201) de empresários, 17,9% (89) de advogados, 6,7% (34) de médicos, 5,3% (27) de economistas, 5,1% (26) do engenheiros, 4,7% (24) de professores (Delfin Neto é professor), 4,9% (25) de sindicalistas (20 destes do PT): isto mostra a força da direita no Congresso. Os partidos burgueses têm no Congresso (Câmara e Senado) 529 representantes. Os partidos que representam os trabalhadores têm apenas 55 representantes; podem, nas votações, contar com alguns elementos dos outros partidos que se consideram de esquerda apesar de estarem em partidos que representam os capitalistas.

Para os movimentos populares e sindicatos dos trabalhadores os anos de 90-91 foram difíceis, pois a recessão econômica os atingiu em sua economia. Os sindicatos perderam o imposto sindical, o que era uma reivindicação da CUT, mas mesmo assim os sindicatos (também os da CUT) tiveram dificuldades econômicas que atingiram a sua estrutura e organização interna. As diretorias sindicais ficaram chorando e se lamentando durante todo o ano de 90 e começaram a reagir no início de 1991 (falo dos rurais), pois os urbanos realizaram 1.700 greves em 90.

Sobreviverão somente as direções sindicais e sindicatos combativos que puxarem lutas concretas e algumas direções pelegas que tiverem boa estrutura econômica; o resto vai vegetar ou morrer.

Olhando para trás, veremos que nos últimos cinco anos houve um salto de qualidade nos movimentos populares e sindicatos. Cito só alguns exemplos: MST, CRAB e Mov. de Mulheres Agricultoras que há cinco anos atrás eram dependentes da igreja (especialmente católica), mas hoje têm lideranças altamente qualificadas e autonomia política. Fazem ações de massa e intervêm na conjuntura e mudam a história a seu favor. O mesmo se dá com a UNI que está com uma organização boa; e as lideranças indígenas têm clareza em suas ações. Isto mostra que, apesar do governo Sarney e agora do Collor, os trabalhadores amadureceram muito na sua combatividade. A recessão econômica prejudicou, mas não neutralizou a ação dos trabalhadores organizados, mesmo que só 18% estejam sindicalizados.

1.3. Organização da comunidade/paróquia

Vivemos numa sociedade de classes onde a classe dominante, a capitalista, detém o poder econômico, político e ideológico. Isto se espelha na organização da comunidade/paróquia. A igreja não está isenta da luta de classes, pois ela também se dá dentro de sua estrutura. Tomemos o exemplo da paróquia. Há uma luta clara por parte da burguesia local em manter ou tomar o poder da paróquia com o fim de controlar a pastora ou pastor e direcionar a pregação do Evangelho em seu favor, como toda a missão da paróquia. Normalmente fazem parte da direção da paróquia a burguesia local ou representantes desta, que podem ser trabalhadores imbuídos da ideologia dominante. Nas paróquias que também têm comunidades rurais, a diretoria normalmente é da cidade e são pequenos capitalistas que defendem ardorosa-mente o sistema. Nas comunidades rurais a diretoria normalmente é formada por pequenos agricultores bem situados (se é que pode se dizer isto de pequenos agricultores) que têm carro, ou o comerciante da vila que não pode faltar. Para os capitalistas a igreja faz parte do aparelho ideológico do Estado e por isto precisa ser controlada por eles. Exemplos de pastores que foram afastados das paróquias pelos capitalistas não faltam, por não concordarem em fazer parte do aparelho ideológico do Estado. Por isso, na pregação não deve faltar uma boa análise da conjuntura e estrutura da comunidade/paróquia. Na verdade somos uma igreja composta por trabalhadores e trabalhadoras e dirigida pelos capitalistas e seus aliados. Precisamos ter um plano de formação de quadros avançados na paróquia para capacitar trabalhadores e trabalhadoras a serem direção na paróquia. Não basta apenas ter trabalhadores e trabalhadoras na direção da paróquia, é necessário que estes tomem posição a favor da classe trabalhadora em sua atuação na paróquia. Caso contrário, temos trabalhadores e trabalhadoras na direção, que defendem, porém, a ideologia da classe capitalista e frearão qualquer avanço missionário. A estagnação missionária da igre¬ja é resultado da direção da igreja que começa a se efetivar desde a comunidade. A verdadeira direção da igreja está nas paróquias e é ali que se dá a estagnação missionária.

2. Contexto — A realidade que o texto revela

2.1. A história de Jacó — Gn 25-36

Para entender melhor o texto da prédica é importante ler toda a história de Jacó, ao menos os capítulos 25-36. Pode-se deixar de fora a parte final que fala de José e de seus irmãos que vai até o final de Gênesis. Daria para dividir esta história em quatro partes:

1a — 25-28 — fala da primogenitura
2a — 29-31 — Jacó está com Labão
3a — 32-36 — O reencontro dos irmãos
4a — 37-50 — A história de José, filho de Jacó

2.2. As malandragens de Jacó

A vida de Jacó se caracteriza pelos trambiques que dá. O nome Jacó significa astuto, manhoso, malandro. Abaixo coloco as malandragens de Jacó:

1 — A compra do direito da primogenitura — 25.27-34
2 — Jacó faz-se passar por Esaú e é abençoado por Isaque — 27.1-46
3 — Jacó aumenta o seu rebanho devido ao truque das varas — 30.27-43
4 — Jacó foge de Labão — 31.17-41
5 — Jacó entra na história de Israel, e não Esaú, como patriarca Estas malandragens são importantes para entender o nosso texto.

3. O texto — Conflito centra!

3.1. O conflito central

O texto todo gira em torno da luta de Jacó com Deus numa situação que antecede ao seu encontro com o irmão Esaú. Nesta luta Jacó sai ferido e mancando. Na luta com Deus Jacó pede a sua bênção e a recebe e recebe um novo nome: Israel (forte com Deus). Jacó, o malandro tem que mancar, ser humilhado e se tornar humilde para poder fazer as pazes com o irmão. A bênção reside em ter que lutar e a vitória é a bênção, mas a vitória se consegue à custa de perder algo (no caso, virou coxo).

Pode também simbolizar a luta de Israel (o povo) com Deus. O resultado desta luta durante a história é que Israel teve que se humilhar muitas vezes, pois errou muito, e a bênção reside em Deus ter aceito o povo de volta (p. ex.: exílio).

3.2. O texto

Originalmente o texto foi usado pelos cananeus. Ele conta a luta do deus do rio com as pessoas que, à noite, por ali passam. Foi adaptado pelos israelitas para dentro da sua realidade histórica. No v. 24 fala de um homem e no v. 28 fala que era Deus. Esta adaptação da fé cananéia para a fé javista mostra a evolução da própria fé. Assim como os missionários cristãos usaram na Europa elementos pagãos e deram um novo sentido, como o Natal que era a festa do deus sol.

O texto também foi usado para explicar a origem do nome de Israel e do local: Peniel (face de Deus).

3.2.1. Para entender melhor a perícope

Para podermos entender melhor o texto é importante entender como vivia o clã.

A luta de classes se dava entre o campo e a cidade no modo de produção tributário. Para os camponeses a cidade era o antro da corrupção (ver Sodoma e Gomorra) onde reside a sua exploração via tributo na forma de mercadorias e trabalho forçado. A resistência partia dos pastores em serem nómades e não estarem restritos a uma circunscrição de cidade. Pastor não pagava tributo, era livre, mas tinha que se juntar em clã para sobreviver e fazer alianças com outros clãs. As alianças se davam:

via política — p. ex.: Isaque e Abimeleque;

via casamento — p. ex.: Jacó e Labão;

via família — p. ex.: Jacó e Esaú e Abrão e Ló.

As relações entre os clãs eram conflituosas e, por isso, necessitavam de alianças.

Veja anexo

Por isso, se fala tanto em aliança de Deus com Israel porque as alianças eram fundamentais para a sobrevivência do clã. O clã viabiliza a sobrevivência individual e do grupo. No texto aparece o itinerário de Jacó. Ele está a caminho de Seir e pára em Peniel no rio Jaboque. Locais de acampamento são vitais para os semi-nômades, ali há água e pasto. Estes locais precisam ser assinalados, isto se dá via as narrações das histórias dos patriarcas onde aparecem seus itinerários e locais de acampamentos, poços. Aqui aparece a essência do relato bíblico, que é a narração da memória popular, onde aparecem as questões essenciais para os nômades: as genealogias, itinerários e promessas. As genealogias, os itinerários e as promessas que eram repassadas via relatos são a cultura da memória popular onde se coloca tudo o que é necessário saber para poder sobreviver nas estepes. Daí concluímos que o texto bíblico é essencialmente ligado à vida prática e resultado desta vida prática. Nas perícopes bíblicas estão a sabedoria popular da vida. Contando a vida dos países, se contava quem eram os parentes (genealogias), locais onde acampavam e rotas tomadas, poços (itinerários) e as promessas que as moviam (política e fé). Em nosso texto da luta de Jacó no Jaboque aparece o itinerário, a narração (que é o próprio texto) e a aliança entre Jacó e Deus; e Jacó está a caminho de fazer aliança com o grupo de Esaú. As alianças garantem a paz e o não-ataque do outro grupo. A luta é uma constante na vida do camponês semi-nômade: luta contra a cidade (estado), contra a natureza, contra outros clãs, contra deuses cananeus e contra Javé. Este texto dentro de sua sequência narrativa mostra a preparação de Jacó para o seu encontro de reconciliação com o irmão e como esta luta o prepara para receber o irmão.

4. Luz para a vida

Vimos no item pré-texto as correlações de forças de nossa sociedade e igreja. No texto vimos a correlação de forças do clã e agora precisamos juntar isto para iluminar a nossa caminhada de comunidade em sua luta diária. Caminhada como grupo (comunidade) e como pessoa individual dentro da luta de classes que vive nossa sociedade. Para a prédica precisa-se fazer uma análise de conjuntura do município e comunidade para ver como andam os movimentos populares, sindicatos, partidos e igreja para que o texto possa ajudar o coletivo (comunidade) e o individual dentro deste coletivo.

Seria interessante analisar onde a comunidade ou setores dela estão lutando contra Deus. Levantar semelhanças da comunidade ou setores com Jacó e as suas malandragens para se impor e ter vantagem. Jacó deve ter sido adepto da lei de Gerson — levar vantagem em tudo — conforme a propaganda de cigarros que fez na TV. Só que as vantagens são individuais e não lutas que querem melhorias para o povo todo.

Hoje lutar contra Deus é lutar contra aqueles que Deus apoia e aqueles que querem construir o Reino de Deus. Vivemos numa sociedade de classes. Nesta luta de classes Deus não é neutro, nunca foi e nunca será neutro. Na luta de classes no AT entre pastores e cidades-estado, Deus esteve ao lado dos pastores; na escravidão do Egito, Deus esteve ao lado dos trabalhadores escravos que acabaram fugindo do Egito com a ajuda de Deus; na monarquia israelita, Deus esteve com os profetas e camponeses espoliados; no NT, Deus se fez carne (pessoa) num camponês chamado Jesus Cristo, que nasceu, viveu e morreu como camponês em conflito com o sistema vigente. A partir da Bíblia podemos dizer que Deus está na luta dos oprimidos contra os opressores apoiando os oprimidos. Assim como Jacó era camponês dentro da sociedade de classes e teve o apoio de Deus por isso. Deus está com a classe camponesa na Bíblia e com os indivíduos desta classe (Jacó) Deus luta também para que se enquadrem em seu projeto.

Aqui a luta de Deus com Jacó é para que este possa parar de pensar em si para pensar na situação do irmão sempre enganado. Hoje Deus luta contra aqueles que só pensam em si e fazem todo tipo de malandragens para ter vantagens pessoais. Deus forçou Jacó a ser manco e perder a sua arrogância para ir ao encontro do irmão que ele sempre explorou. Assim, hoje, Deus, através da luta dos oprimidos por seus direitos e por justiça, força a classe burguesa a se humilhar e iniciar negociações com os trabalhadores organizados. Eu vejo na luta dos oprimidos a luta de Deus contra a burguesia. A burguesia também tem que ser quebrada, se tornar manca para poder ir ao encontro da classe trabalhadora. A burguesia (como Jacó) também conseguiu neste país vantagens para ela à custa do embuste e da enganação e enrolando os trabalhadores. A concentração de renda dos 10% mais ricos desde 1960 mostra isso. Em 1960 os 10% mais ricos detinham 39,6% da renda, em 1970 detinham 46,7% e em 1980 detinham 51% e em 1989 detinham 53% da renda nacional. Tudo isto via ditadura militar e aliança com a burguesia internacional. Para que ela possa ir ao encontro dos trabalhadores terá de se humilhar e devolver o que durante estes anos tirou dos trabalhadores, como Jacó enviou muitos bens a Esaú como sinal de arrependimento e medo do irmão (ele tinha 400 homens que meteram medo no Jacó). Assim também a burguesia tem medo da organização dos trabalhadores e cede frente à pressão organizada pelos sindicatos e movimentos populares, pois também tem medo destes. O medo da burguesia se nota quando envia a polícia nas concentrações e greves dos trabalhadores.

Há também trabalhadores que adoraram a maneira de pensar e agir da burguesia, tentando saídas individuais para sua pobreza via malandragens e traições à classe trabalhadora. Aí também Deus luta com estes via os trabalhadores organizados e o Evangelho, para quebrar o seu individualismo; e então poderem ir ao encontro dos irmãos de sua classe para lutar pelo interesse coletivo. Eu vejo a ação de Deus na história via classe trabalhadora organizada, via seus vários setores e categorias. Esta luta de Deus via os setores organizados consegue fazer mancar e quebrar a burguesia e trabalhadores individualistas que adotam a ideologia e prática burguesa, para que estes possam ir ao encontro dos explorados e oprimidos por eles. Só alguém humilde e quebrado por Deus em sua arrogância e força pode ir ao encontro daquele que ele sempre explorou. O instrumento que Deus usa hoje na história para fazer isto são os setores oprimidos organizados que quebram e tornam humildes os explorados.

A bênção vem da luta, mas a luta deixa marcas nas pessoas (Jacó se torna coxo), e muitas pessoas já morreram na luta. A bênção dos setores organizados na sociedade são as vitórias, mesmo que pequenas, mas mesmo assim significativas na vida do povo. Por exemplo: a bênção para os sem-terra é o assentamento, mas esta luta trouxe fome, descapitalização e sofrimento. E na luta organizada ele aprendeu a ser humilde e que só se consegue justiça na luta conjunta e não procurando individualmente vantagens pessoais, como Jacó. Dentro da classe trabalhadora tem muitos Jacós que procuram ter vantagens pessoais e adotam a malandragem como tática e com isto prejudicam o conjunto da luta da classe trabalhadora e continuamente traem a sua classe.

Jacó é abençoado no processo de luta em ir ao encontro do irmão. Ele estava a caminho de se encontrar com o irmão; este caminho é a luta com Deus para se tornar humilde e delxar de ser malandro. Jacó na luta recebe o nome de Israel, daí que esta luta não é da pessoa individual Jacó, mas é a luta do povo de Israel, é a luta do coletivo exemplificado em Jacó.

Por isso, podemos falar que a ação de Deus na história se dá na organização e luta da classe trabalhadora. Deus muda a história via o coletivo. Por isso fez aliança com Israel, para este povo ser luz para os gentios.

Proponho que a prédica fale da luta individual contra Deus e do coletivo. Individual, quando alguém da classe trabalhadora, via malandragens típicas da burguesia, tenta conseguir vantagens só para si. Coletivo, quando a ação de Deus na história se retrata na luta organizada da classe trabalhadora contra a burguesia. Contra a burguesia, para que esta possa ir ao encontro da classe trabalhadora, por ela explorada via malandragens legais, instrumentalizadas no Estado. Deus luta contra a burguesia, usando como instrumento a classe trabalhadora, para que a primeira possa ir ao encontro da segunda na humildade e no arrependimento.

5. Sugestões para a prédica

1. Recontar o texto.

2. Contar a história de Jacó para que tenham o contexto (de maneira breve).

3. Colocar que o texto mostra a luta de Israel com Deus no exemplo de Jacó.

4. Desenvolver o tema: a luta contra Deus, hoje a nível individual e coletivo:

— A nível individual quando o/a trabalhador(a) usa as malandragens inerentes à burguesia para ter vantagens individuais e como isto prejudica a luta de classes. Como desta forma o/a trabalhador(a) assume a ideologia da classe burguesa. É a lei de Gerson e isto o(a) impede de ir ao encontro do(a) irmão(ã) e de sua classe.

— A nível coletivo quando a ação de Deus na história se dá na luta dos oprimidos (classe trabalhadora) contra os opressores (burguesia). Assim Deus luta contra a burguesia, que usa de malandragens legais via Estado (que é manipulado por ela) ou ilegais, que aparentemente o Estado não protege (golpe militar, tortura, corrupção), para ter lucros às custas de toda a sociedade. A luta contra Deus que a burguesia trava é a sua luta contra a reforma agrária, salário justo, previdência, saúde, sa¬neamento básico, moradia, escola, transporte, etc.

— Há ainda a luta contra Deus a nível individual e coletivo na discriminação da mulher, do negro e do índio.

5. Deus precisa nos quebrar, nos tocar, para nos tornar coxos de modo que possamos ir ao encontro do(a) irmão(ã) a nível individual e coletivo, para que possamos apoiar e participar engajados na luta dos setores oprimidos da sociedade. A bênção são as vitórias conquistadas dos oprimidos frente aos opressores. São bênçãos de Deus, pois ele está conosco nesta luta. À medida em que lutamos, construímos o seu Reino.

6. Subsídios litúrgicos

1. Confissão de pecados: Ó, Deus, que és Mãe e Pai, ouve a nossa confissão. Somos culpados por lutar contra ti, agindo de forma individual para ter vantagens pessoais, e por não pensar no coletivo. Confessamos que participamos da comunidade para sermos atendidos e termos vantagens para nós apenas e não para nos organizarmos como cristãos com a intenção de lutar por justiça e difundir o teu Evangelho. Confessamos que muitas vezes somos contra os trabalhadores que se organizam para conseguir justiça. Confessamos que não conseguimos ver a ação de Deus nos trabalhadores organizados que lutam por seus direitos e por uma sociedade nova. O nosso pecado reside em tentarmos cada um por si resolver os seus problemas. Esquecemos que vivemos em comunidade. O nosso pecado reside em pensar e viver como se a comunidade cristã não tivesse nada a ver com a luta por justiça para os oprimidos. Confessamos que procuramos a culpa nos próprios oprimidos e não queremos ver que há oprimidos por causa de um sistema econômico que os gera. Confessamos que não enxergamos as crianças e os velhos da comunidade e por isto eles têm pouca vez entre nós.

2. Oração de coleta: Que o triúno Deus nos ilumine, para que possamos ouvir a sua palavra. Pedimos que a sua palavra nos ilumine e nos transforme, para podermos ir ao encontro do(a) irmão(ã). Faze de nós teus instrumentos na construção de teu Reino a partir do teu Evangelho.

3. Leituras: Lc 18.1-8; 2 Tm 3.14-4.5.

4. Temas para oração final: Orar a Deus para nos dar forças, de forma que a comunidade seja o agente transformador no local. Orar para Deus nos dar forças para não tentar sozinhos conseguir vantagens para nós mesmos esquecendo a comunidade e a sociedade. Orar para que não caiamos na tentação de usar as malandragens que o sistema nos oferece, para termos vantagens econômicas só para nós. Orar para que Deus nos ilumine, de modo que possamos ir ao encontro do(a) irmão (ã) marginalizado(a). Orar para que Deus nos ilumine para nos engajarmos na luta coletiva dos trabalhadores por direitos iguais e justiça. Orar para que Deus nos faça compreender como ele atua através de nós nos movimentos populares. Orar para que nós possamos nos engajar em favor dos doentes, por um sistema de saúde digno; pelos velhos, por aposentadoria justa e vez na sociedade; pelas crianças abandonadas, pela política oficial.

7. Bibliografia

BARROS, M. Nossos Pais nos Contaram. Petrópolis, Vozes, 1984.

COLUNGA, A. e GARCIA CORDERO, M. Gênesis. In: Bíblia Comentada. Madri, B.A.C., 1967.
GERSTENBERGER, E. Gn 32.23-33. In: Proclamar Libertação. Vol. 2, São Leopoldo, Sinodal, 1976.
SCHWANTES, M. A Família de Sara e Abrão. Petrópolis/São Leopoldo, co-edição Vozes e Sinodal, 1986.

WESTERMANN, C. Abríss der Bibelkunde. Stuttgart, Fischer Bücherei, 1962.

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Autor(a): Günter Adolf Wolff
Âmbito: IECLB
Natureza do Domingo: Pentecostes
Perfil do Domingo: 22º Domingo após Pentecostes
Testamento: Antigo / Livro: Gênesis / Capitulo: 32 / Versículo Inicial: 23 / Versículo Final: 31
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1991 / Volume: 17
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 18000
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