Gênesis 50.15-21

15/09/2002

Prédica: Gênesis 50.15-21
Leituras: Mateus 18.21-35 e Romanos 14.5-9
Autor: Erní Walter Seibert
Data Litúrgica: 17º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 15/09/2002
Proclamar Libertação - Volume: XXVII
Tema:

1. O domingo e suas leituras

As leituras bíblicas para o 17o Domingo após Pentecostes têm um tema que confere unidade ao domingo. Todas elas falam do perdão e da compreensão que deve haver com o faltoso. Mt 18.21-35 fala a respeito de quantas vezes se deve perdoar alguém. A resposta não é “sete vezes”, mas “setenta vezes sete”. Também apresenta uma história que diz que não apenas devemos receber o perdão, mas perdoar.

A leitura de Rm 14.5-9 mostra como devemos ser compreensivos em relação a opiniões diferentes da nossa. O que importa é estar servindo ao Senhor, e isso será como que o árbitro entre as diferenças.

Da mesma forma, o texto em foco, do Antigo Testamento, Gn 50.15-21, conta o final da história do relacionamento entre José e seus irmãos. Pedir perdão e perdoar é o centro de toda a trama. Sem dúvida, este deve ser o centro da pregação deste domingo.

2. O texto e seu contexto

A história de José e seus irmãos é muito conhecida. É uma das histórias prediletas de crianças e adultos. Apesar disso, nem sempre é sábio tomar como pressuposto que todas as pessoas conhecem a história. Para ajudar a lembrar a história àqueles que já a conhecem, ou o ensino da história para os que ainda não a conhecem, ela pode ser contada por alguma pessoa que tem o dom de contar histórias, ou pode ser encenada por jovens ou crianças. Especialmente o final da história (o texto em foco) deve receber atenção. José, o sonhador, desprezado e maltratado pelos seus irmãos, com a morte do pai poderia tentar vingar-se. No entanto, ele perdoa e trata bem seus irmãos até o final de sua vida.

3. Problemas e como superá-los

Briga em família

Um problema ou dificuldade que o texto nos indica é o do desentendimento em família. Em outras palavras, poderíamos dizer que o texto trata de uma briga entre irmãos. Briga entre irmãos é algo que faz parte da experiência de todos os que não são filhos únicos. E mesmo os filhos únicos entendem o que é desentender-se com amigos, parentes, colegas de trabalho. José e seus irmãos começaram a desentender-se porque José havia sonhado que seu pai, mãe e seus irmãos iriam inclinar-se diante dele. Isso poderia até vir a ser verdade, como a história mostra que foi. No entanto, os seus irmãos não gostaram da idéia e acharam que ele era muito orgulhoso. Por isso, decidiram dar-lhe uma lição.

Briga entre irmãos ou parentes ou amigos não necessita de um grande motivo para começar. E, além disso, tudo é motivo para a briga continuar. Brigas entre famílias já renderam boas peças teatrais e filmes (Romeu e Julieta) e fazem parte da experiência humana. Aqui no Brasil, de tempos e tempos, os meios de comunicação falam de brigas de famílias que terminam em morte e desgraça e que continuam por gerações. Na maioria das casas, irmãos brigam por causa de roupas, revistas, uso do aparelho de som, TV, telefone e assim por diante. Não são poucos os irmãos que nem se falam. Os que se envolvem em brigas julgam que o seu motivo para sentir-se ofendido é válido e que não devem deixar de dar uma resposta, ou uma lição, ao outro que provocou a situação. Dessa forma, o desentendimento perpetua-se.

Além de a briga estragar o ambiente da casa, poder terminar em agressão física e desgastar relacionamentos, ela também afasta as pessoas de Deus. O ódio, a ira, a raiva, o rancor não permitem que haja no coração os frutos positivos da fé, que são o amor, o perdão, a paz, a longanimidade. Afastada de Deus, a pessoa ruma, infelizmente, para a perdição, para a desgraça.

Para superar isso, Jesus Cristo deu o exemplo. Ele não apenas falou sobre o perdão. Ele perdoou. Ele é ofendido por nossos pecados e pelos de todas as pessoas. Nem por isso ele deixou de nos amar e perdoar. Ele nos ensina a lição do perdão. Crer em Jesus não é apenas receber o perdão, mas também perdoar.

Tolerância

O segundo aspecto que o texto ensina é o da tolerância. Ao lermos os versículos 15 a 17 de Gn 50, não sabemos exatamente se os irmãos de José pediram perdão a ele porque estavam arrependidos ou porque tinham medo da vingança. Poderiam ser as duas coisas ao mesmo tempo. Além disso, o argumento que usaram parece envolvido por um espírito de esperteza. Eles não se identificam simplesmente como irmãos que erraram, mas como “servos do Deus de teu pai”. José não questionou a sinceridade dos irmãos. Ele simplesmente perdoou.

Existem ocasiões em que as pessoas, antes de perdoar, querem resolver todos os problemas pendentes. Querem, por assim dizer, colocar tudo em pratos limpos para depois perdoar. Com isso, nem sempre o perdão é alcançado. O texto da epístola deste domingo, Rm 14.5-9, ensina que cristãos devem ter tolerância entre si. Existem questões abertas em que a diferença de opinião é possível. Quando essas diferenças aparecem, isso não significa que não seja possível conviver. Todos devem colocar-se diante do Senhor, e então a convivência, até mesmo entre os diferentes, é possível.

O próprio Salvador Jesus Cristo nos ensina isso com seu exemplo. Ele recebe pessoas com culturas, costumes e opiniões diferentes. Ele ama a todos. Isso não significa tolerância com o pecado, mas perdão e amor.

4. Objetivo

O objetivo da pregação neste culto certamente será que as pessoas, após ouvir a mensagem, perdoem e amem seus irmãos. E, quando tiverem divergências e desentendimentos, busquem em Cristo perdão e amor e ajam também dessa forma umas com as outras.

5. Esboço

Tema: Deus torna o mal em bem. (Como?)

1 – Através do perdão.

2 – Através da convivência harmoniosa.

 

Proclamar Libertação 27
Editora Sinodal e Escola Superior de Teologia


Autor(a): Erní Walter Seibert
Âmbito: IECLB
Natureza do Domingo: Pentecostes
Perfil do Domingo: 17º Domingo após Pentecostes
Testamento: Antigo / Livro: Gênesis / Capitulo: 50 / Versículo Inicial: 15 / Versículo Final: 21
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 2001 / Volume: 27
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 6936
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