História de vida de Marli Zenker Pacheco

24/05/2017

 

Nome: Marli Zenker Pacheco

Participação na IECLB: Desde o Batismo

Comunidade: Reconciliação – Cerro Grande do Sul – RS

Sínodo: Sul-Rio-Grandense

Nasci em 23 de dezembro de 1951, em Passo da Venda, segundo Distrito de Tapes, filha de Irene Catarina Zenker e Carlos Zenker, ambos descendentes de alemães (avós paternos vieram da Alemanha e avós maternos da Áustria). Sou a terceira filha do casal que teve três meninas e um menino - o mais velho. O sustento básico da família estava na agricultura, atividade que ocupava todo o tempo da semana. Crescemos juntos aos avós paternos. Apesar do pai, da mãe e de meus avós Reinoldo Zenker e Maria Gorziza Zenker falarem alemão, aprendemos apenas o português, influência dos vizinhos brasileiros e também da escola. Minha avó materna, Catarina Kölbitz Christmann, também alemã, era muito presente em nossa vida.

Sou da época em que o respeito era fundamental, bastava um olhar do pai ou da mãe para entender o que fazer. Minha mãe foi exemplo de determinação, organização e fé. Meu pai foi exemplo de austeridade, comprometido com a família, o trabalho e os amigos. Tínhamos um relacionamento bom e agradável com todas as pessoas. Aos domingos fazíamos visitas ou as recebíamos, e eram momentos de muita satisfação e alegria. 

Morávamos em torno de 15 km distantes da igreja. Tínhamos apenas carroça para nos locomover e aos domingos, o ônibus não passava. Por isso, participamos pouco da comunidade de fé. Fui batizada em 26 de setembro de 1954 pelo Pastor Gustav Peitz e confirmada em 21 de fevereiro de 1965 pelo mesmo pastor, tendo como lema bíblico o Salmo 23.1: “O Senhor é meu pastor, nada me faltará”.

Cursei a Escola Primária e por insistência das Professoras, Herotildes Alencastro e Maria Helena Gomes, junto a meus pais, fiz admissão ao Ginásio e tive aprovação. Que dificuldade foi romper com a resistência de sair de casa para estudar. Na época, o filho mais velho saía para estudar. As filhas aprendiam com a mãe os afazeres domésticos e como dirigir bem o lar. Meu pai temia privilegiar um filho em relação aos outros. Os recursos financeiros eram poucos. Concluí o Ginásio graças a uma bolsa de estudos municipal. (1964-1967). Depois, cursei o Magistério. 

Quando me formei na Escola Normal (1971), depois de alguns contratempos, consegui um contrato de professora estadual e vim trabalhar em Cerro Grande (1972), passando a parar na casa de meus tios Theodoro e Otília Zenker. Na época, meu tio era presidente da comunidade. A partir daí, comecei a participar ativamente na comunidade, não só das atividades desenvolvidas como também da organização e limpeza. Percebi que participar envolve, fortalece e gratifica. 
O convívio com meus tios também possibilitou maior proximidade com o Pastor Helmuth Lampmann. E foi assim, que sob sua orientação, atuei na escola como professora de ensino religioso, atendendo aos alunos luteranos.

Casei com Silon Jorge Pacheco, em 22 de dezembro de 1979, na igreja católica. Por tradição, a mulher seguia a religião do marido. Minha sogra, Wilma Beyer Pacheco, queria que o Silon estudasse na Escola Técnica, que priorizava católicos, por isso, o levou para fazer a 1ª comunhão. 

Quando nossas filhas gêmeas nasceram, convidamos para padrinhos de Batismo um casal luterano e um casal católico. O padre disse que não batizaria a filha cujo casal de padrinhos era luterano. Chegou a sugerir que convidássemos outro casal de padrinhos. O batizado foi realizado, mas não conseguíamos nos sentir confortáveis com a situação. Foi quando decidimos participar da igreja luterana. Procuramos o presidente e nos inscrevemos como membros da comunidade em junho de 1984, onde passamos a participar de todos os cultos e atividades.

No ano de 1987 tivemos eleições para diretoria e meu esposo foi eleito presidente. Tive uma participação intensa junto à Comunidade e nas reuniões da Paróquia. Fui secretária da Comunidade em Cerro Grande do Sul e da Paróquia Trino Deus. Na função de secretária, fui a primeira mulher a integrar a Diretoria da Comunidade, em 1993 e da Paróquia, em 1999. Também fui a primeira mulher a assumir o cargo de tesoureira da Comunidade, no ano 2000. Dividia-me entre as atividades da casa, da família, as horas de trabalho na escola e na igreja. Organizava meus horários na escola de tal forma que pudesse estar presente nas atividades da igreja. A participação possibilita a convivência entre os membros, novas amizades, conhecer realidades e favorece o aprendizado da Palavra de Deus e o crescimento na fé.

Na escola, trabalhei com diversas disciplinas e em diferentes funções: fui professora, secretária, diretora e assistente financeiro. Mas o trabalho que mais gostei foi atuar como professora de pré-escola. Lembro com carinho das atividades que realizei como professora de Ensino Confirmatório e de Culto infantil, orientando os alunos a assumir a responsabilidade de participar nos cultos e atividades da comunidade.

Na comunidade da Reconciliação fui eleita e reeleita na função de tesoureira para o período de 2000 a 2003. Nesse tempo, havia a necessidade de um espaço maior, que sediasse as atividades da Igreja. Foi então, elaborada e aprovada uma planta para a construção de um pavilhão maior. Acompanhei a construção da base, cujas escavações iniciaram em 13 de outubro de 2002. O trabalho se concretizou graças à colaboração de muitos membros. Pois o dinheiro das promoções realizadas pagaria apenas a mão de obra. Foi um trabalho de “formiguinha” através de visitas e pedidos de colaboração para a compra de material. Fazíamos esse trabalho durante as horas de intervalo, aos sábados e nos cultos. E Deus, em sua bondade, nos acompanhou para que pudéssemos fazer tudo da melhor forma.

Em junho de 1986 iniciei minha participação na OASE onde fui secretária e vice-secretária do grupo. Teve um momento que o grupo pensou em parar com suas atividades. Mas, com um olhar diferente consegui incentivar o grupo para que isto não acontecesse. Alegro-me por isso. Hoje, o grupo segue com um número reduzido de integrantes. Algumas mulheres deixaram de participar por causa das limitações com a idade e a saúde outras, partiram deixando saudades. Temos dificuldades em trazer senhoras mais jovens para participarem do grupo. Além dos encontros regulares, previstos no calendário da Paróquia, às vezes nos reunimos para organizar as doações e planejar formas de ajudar pessoas em dificuldades. Os demais recursos arrecadados são empregados em melhorias na comunidade.

Também participei do Conselho Sinodal onde representei a Paróquia Trino Deus e a Paróquia da Paz. Hoje, sou representante da Paróquia da Paz na Assembleia Sinodal. Essa participação me possibilitou aprender e ensinar muitas coisas sobre as pessoas que marcaram a história e o crescimento da igreja e sobre os aspectos legais (regimento, estatuto, ata, ...) para membros novos que iam integrando as diretorias.

Em casa sempre tivemos muita confiança no amor de Deus. Somos sempre gratos por tudo que somos e conseguimos conquistar. Passamos por muitos momentos difíceis, mas a fé nos fortalece e por isso nos sentimos amparados pelo Senhor.

Dos momentos marcantes na vida em Comunidade destaco: a nominação das diversas comunidades em 1992, quando a nossa passou a chamar-se Comunidade Evangélica de Confissão Luterana da Reconciliação; a indicação de padrinhos para cada Comunidade, sendo o Sr. Áureo Zenker e Célia Zenker para a nossa - esses dois fatos sob a coordenação do Pastor Elcy da Costa; A construção da capela mortuária iniciada em1993; A saída de nossa Paróquia da Região IV para o Sínodo Sul-Rio-Grandense (1997); a realização do segundo Dia Sinodal da Igreja, quando reunimos em Cerro Grande do Sul (2001), com a ajuda de todas as Comunidades da Paróquia Trino Deus, mais de duas mil pessoas. Tudo aconteceu conforme planejado, nada deu errado. Algo inesquecível para a vida de fé. Este, com o P. Marcos Cesar Sander, a P. Neida Altevogt Sander e o Pastor Sinodal Jorge Antônio Signorine. São fatos que contribuem para enriquecer a vida em comunhão. 

Não posso deixar de mencionar um fato que marcou as comunidades de nossa então Paróquia Trino Deus. Num período da história tivemos um momento de conflito com o obreiro, instalando-se uma situação desagradável para as atividades religiosas. Temia-se pela direção que tudo ia tomar. Quando aqui tivemos a chegada da primeira Pastora, Marli Brun, ela não só rompeu com algumas formas de pensar, mas principalmente, com seu jeito peculiar de lidar com as situações, transformou o conflito em harmonia. Sei das dificuldades e dos momentos difíceis que enfrentou, mas, com certeza Deus a fortaleceu sempre. Foi ela que incentivou e coordenou a festa de cem anos da Paróquia – impossível esquecer... depois disso outras Pastoras... atuaram e atuam na (s) Paróquia (s).

Também lembro a transformação da Paróquia Trino Deus em três Paróquias, com o objetivo de oferecer aos membros maior acompanhamento pelo obreiro (a), sendo a nossa instituída em 06.6.06.

Hoje participo dos cultos, dos encontros de OASE e sou representante da Paróquia na Assembleia Sinodal. Tudo que faço é em amor a Deus, nosso Criador.
Enfim, não posso esquecer que para que eu pudesse, e ainda hoje possa participar de tantas atividades, sempre contei com a ajuda da família e, em especial, de meu esposo Silon Jorge Pacheco, que incansável na tarefa de motorista, sempre esteve disposto a levar a mim e outras mulheres aos mais diversos lugares, para os encontros.


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