Isaías 45.1-7

Auxílio Homilético

27/10/1996

Prédica: Isaías 45.1-7
Leituras: 1 Tessalonicenses 1.1-5a e Mateus 22.15-21
Autor: Wilfrid Buchweitz
Data Litúrgica: 22º. Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 27/10/1996
Proclamar Libertação - Volume XXI


1. Observações sobre o Texto

O texto faz parte dos caps. 40 a 55 de Isaías, texto que grande parte dos exegetas do Antigo Testamento atribui a um profeta que atuou em meio ao povo israelita no período de seu cativeiro na Babilônia. Não se sabe quase nada sobre o profeta, nem mesmo o seu nome.

Em termos de conteúdo, caracterizam o livro a solidariedade do profeta com seu povo no sofrimento do exílio, que é consequência do juízo de Deus sobre Israel, e ao mesmo tempo a solidariedade na fé de que a hora do retorno chegou.

Entre os textos que veiculam a esperança do retorno e que querem ajudar ao povo a perceber e fortalecer a esperança está o trecho aqui proposto.

O bloco do qual faz parte o texto é maior. Começa em 44.24 e vai até 45.7. Mas aqui queremos ficar com 45.1-7.

2. Reflexão

Ciro é rei da Pérsia. Não é rei de Israel. Não é rei do povo que Deus acompanha de perto através de sua história. Por isso grande parte do texto pode surpreender o/a leitor/a da Bíblia.

Ciro é chamado de ungido. É dito que Deus o toma pela mão direita. Deus vai abrir portas diante dele. Vai adiante dele. Vai endireitar os caminhos tortuosos. Vai quebrar portas de bronze e despedaçar as trancas de ferro. Vai dar tesouros escondidos e riquezas encobertas. Ciro não conhece Deus, mas Deus chamará Ciro pelo nome e vai dar a ele um sobrenome.

O trecho é um dos testemunhos mais eloquentes da Bíblia de que Deus é Senhor do mundo todo. Deus é Senhor de Israel de maneira especial, por uma graça especial, sem mérito nenhum da parte de Israel. Mas a escolha de Israel não exclui a soberania de Deus sobre todos os outros povos do mundo.

No caso, Deus convoca Ciro para ajudar a escrever a história de Israel E Deus tem para com Ciro atitudes e palavras que em termos de sentido não diferem nada de atitudes e palavras que teve para com Davi e Salomão e outros reis de seu povo.

Há uma história especial de Deus com seu povo Israel. Mas há junto com isso uma história de Deus com todos os povos e todo o mundo. Os vv. 5 a 7 são muito incisivos nesse sentido.

3. Meditação

Temos muitos motivos para identificar a ação e a mão de Deus na história de Israel e, por continuação, na história da Igreja cristã. E é aqui que Deus quer revelar sua soberania, seu reino, seu amor de maneira especial. Então está correto prestarmos atenção aqui de maneira especial. E é a partir daí que podemos chegar à conclusão de que Deus é Senhor do mundo todo.
Mas é assim na realidade?
Não ocorre que muitas vezes restringimos a ação de Deus no mundo à Igreja cristã? Quem sabe até restringimos a ação de Deus à nossa denominação? Não estamos muito próximos às vezes da tentação de querer monopolizar o serviço de Deus ao mundo, limitando-o à Igreja ou à nossa denominação?

O texto que está diante de nós é um dos mais explícitos na questão da liberdade de ação de Deus em qualquer situação. Mas há outros textos que vão na mesma linha.

Já várias vezes desde que li o texto me veio à mente a queda do muro de Berlim. Quando todo o mundo contava como certo que o muro continuaria a existir durante muito tempo, surge na Rússia um Gorbachov com suas ideias transformadoras e acontecem transformações incalculáveis no mundo inteiro. Teria Deus usado Gorbachov?

Estaria Deus agindo através de novas igrejas para agir ali onde as igrejas tradicionais estagnaram? Estaria Deus usando grupos e entidades em defesa de sua criação, entidades que não têm nada a ver com igrejas? Estaria Deus usando sindicatos para promover mais justiça no mundo, justiça que cidadãos e políticos batizados em nome de Jesus Cristo não conseguiram ou não quiseram promover?

Deus é Senhor do mundo. Sempre foi. E sempre será. Do jeito dele.

Ele age através de reis. Também age através do povo. Age através de adultos. Age através de uma criança.

Tudo isso não desautoriza a Igreja cristã e os cristãos. Nosso privilégio e nossa responsabilidade consistem em sabermos que Deus é nosso Senhor, que Ele quer agir em favor de nós, mas que Ele também quer agir através de nos, que nós somos instrumento. Nós sempre somos chamados e sempre somos convocados.

Nem o fato de sabermos da liberdade de Deus pode nos deixar indiferentes, nem o fato de sabermos que Deus nos chama e convida pode nos deixar ciumentos e monopolistas.

4. Subsídios Litúrgicos

Confissão de pecados: Senhor, nosso Deus, confessamos que teoricamente te aceitamos como Senhor de nossas vidas, de nossa Igreja e de nosso mundo. Mas no dia-a-dia desconsideramos essa fé. No dia-a-dia tomamos a vida em nossas mãos sem considerarmos a tua vontade. Na teoria também confessamos que tu és Senhor do mundo todo. Mas de fato vivemos sem esperança e não consideramos que todo o nosso mundo está em tuas mãos e que tu vais levá-lo a seu destino. Ajuda-nos e tem piedade de nós, Senhor!

Oração de coleta: Senhor, agradecemos por aqui nos reunires sob a tua palavra. Ajuda para que possamos ser uma comunidade, apesar de todas as nossas diferenças. Dá que teu Espírito nos ajude a viver a comunhão fundamentada no amor de Jesus Cristo. Amém!

Oração de intercessão: Orar para que cristãos e igrejas, mas também outras entidades possam ser instrumentos de Deus na promoção de sinais e ensaios de seu reino.

5. Bibliografia

WESTERMANN, Claus. Das Buch Jesaja. Göttingen, Vandenhoeck & Ruprecht, 1966. (Das Alte Testament Deutsch).


Autor(a): Wilfrid Buchweitz
Âmbito: IECLB
Natureza do Domingo: Pentecostes
Perfil do Domingo: 22º Domingo após Pentecostes
Testamento: Antigo / Livro: Isaías / Capitulo: 45 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 7
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1995 / Volume: 21
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 14241
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Essa esperança não nos deixa decepcionados, pois Deus derramou o seu amor no nosso coração, por meio do Espírito Santo, que Ele nos deu.
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