Jesus está em casa!

13/07/2021

 

Com 30 anos Jesus abandona a oficina. Ele deixa para trás a família e vai ao encontro de João Batista. Nas águas do Jordão, assume publicamente seu ministério. Logo em seguida, convoca pescadores em Cafarnaum para serem seus discípulos. Ele já é reconhecido pelo dom da Palavra. Cativa e ensina com sabedoria e, principalmente, amor. O poder de Deus passa a se manifestar no seu toque. As pessoas são curadas e libertas. Sinais milagrosos afloram aqui e ali nas suas passagens. A fama lhe precede. Aonde quer que vá, há público. Por vezes, uma multidão se reúne. Entretanto, desde o princípio, estava claro que ele caminhava em direção à cruz, onde estaria sozinho. Ele é o derradeiro sacrifício. Nas suas últimas palavras: “Está consumado”.

Num dado momento da jornada, Jesus toma uma decisão surpreendente. Engata a ré e decide voltar para Nazaré, onde foi criado e vive a sua família. Fico imaginando a razão da decisão. Seriam saudades? Ou, quem sabe, dar a oportunidade aos “seus” para reconhecerem o Reino de Deus. Noutra oportunidade, a família desejou reconduzi-lo de volta à Nazaré. Ele se negou, deixando claro que a sua “nova” família eram aqueles que seguiam a vontade do Pai. Agora, por conta, ele volta. De imediato, se apresenta na Sinagoga. Aquele mesmo local onde, conversando com os rabinos - os mestres de sua época, recebeu muitas noções de sua fé. Ele usa o púlpito da capela para pregar.

Há tempos, corria pela Palestina a notícia de que havia surgindo um novo rabino, com ideias diferentes, que além de ter autoridade, demonstrava poder e amor às pessoas, o qual agora voltou à sua terra. O evangelista Marcos narra da seguinte maneira a chegada de Jesus em Nazaré: “Jesus foi para a sua cidade, acompanhado dos discípulos. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos dos que o ouviam ficavam admirados, questionando-se: De onde lhe vêm estas ideias? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? Donde vem os milagres que ele faz? Porventura, não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Não moram aqui as suas irmãs? Estavam espantados. Então, Jesus comentou: É bem como diz o ditado ‘só em sua própria terra, entre seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não tem honra’. De fato, ele não pôde fazer ali nenhum milagre, exceto impor as mãos sobre alguns doentes e curá-los. Jesus ficou admirado com a incredulidade da sua gente” (6.1-6).

É bom lembrar que Jesus, desde menino, brincava por aquelas ruas. Aprendeu o ofício de construção com José. Com certeza, atendeu muitas famílias como profissional. Por isso, eles questionam: É ou não é o carpinteiro? Como toda criança judaica, Jesus foi educado na fé por sua mãe Maria. A vida dos heróis e as intervenções divinas na história do povo estavam gravadas na memória do jovem pregador. Com certeza, inúmeras vezes ouviu os rabinos lerem e explicarem os livros da lei e dos profetas. Mas, até os 30 anos era apenas um entre os demais cidadãos. Agora, porém, ele vai à frente, lê e explica as Escrituras. A clareza impressiona os ouvintes. As notícias de curas e exorcismo que o acompanham também causam espanto. Quem foi anos atrás Jesus? Que ele é agora? Há um misto de surpresa e dúvida no ar.

Jesus repara, tanto no rosto da Comunidade, quanto nos encontros de rua que a tentativa de aproximação com os “seus” não estava funcionando muito bem. Por isso, o comentário ‘o profeta não tem voz na sua terra’. Era apenas um ditado popular que alertava sobre a difícil tarefa de testemunhar dentro da sua própria casa. De maneira alguma, ele está nos isentando do testemunho doméstico. Afinal, toda educação na fé começa em casa. Também, as mudanças causadas por Deus em nossa vida devem ser evidenciadas aos familiares e amigos. Mas, nem sempre é fácil convencer o outro. Certo é que, na maioria das vezes, as nossas atitudes falam mais alto do que nossas palavras. Jesus pregou e agiu também. Mas, ali - diferente doutras regiões – havia uma barreira.

Ao povo de Nazaré ficou no ar a pergunta: Quem é Jesus? Um familiar, amigo ou vizinho? Um rabino, profeta ou alguém que cura e ajuda? Para todas as questões a resposta é clara: Sim! Jesus tem suas raízes naquele chão. Todavia, é necessário ir mais a fundo, recordando o anúncio angelical à Maria, o recente encontro com João Batista e, principalmente o seu próprio anúncio: Eu sou o ‘único’ caminho ao Pai (João 14.6). Ele é o Salvador do mundo. Mas, para que a gente entenda perfeitamente quem é Jesus, primeiro é necessário reconhecer a necessidade do Salvador. Ou seja, reconhecer que estamos perdidos sem Jesus. Diante da culpa e do pecado, ele é a nossa única esperança.
 


Autor(a): P. Euclécio Schieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Garuva-SC (Martinho Lutero)
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 6 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 6
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 63642
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