João 19.25-27

Alocução Sepultamento

28/11/1995

Alocução de Sepultamento

Situação: Alocução proferida no ofício de sepultamento de um jovem de 17 unos, integrante do grupo de jovens da comunidade, assassinado com um tiro numa briga com meninos que roubaram-lhe o boné, quando estava a caminho para participar de um programa da juventude e encontro de confirmandos.

Texto bíblico: Jo 19.25-27.

Prezada família enlutada (citar os nomes), prezada comunidade.

Neste momento buscamos uma orientação em Deus, em Jesus Cristo, no Espírito Santo. Estamos todos aflitos. Não sabemos o que fazer e onde encontrar forças diante dessa tragédia.

Estamos assustados diante de tanta coisa errada e injusta. (Nome) ... foi brutalmente assassinado. Assim como ele, muitos são vítimas dessa violência descontrolada. Todos nós corremos perigo. A nossa comunidade corre perigo. As famílias estão ameaçadas por esse sistema de morte que cria o ódio, a injustiça, a desigualdade, a fome, o desemprego, a falta de teto, a ausência de abrigo, de carinho e de educação para crianças e adolescentes. Temos motivos para temer. O mal está com suas garras de fora. Estamos arrasados diante do poder da morte. Estamos desorientados diante da despedida desse corpo brutalmente assassinado.

Graças a Deus, ainda existem muitas coisas boas. Graças a Deus, a sua palavra está no meio de nós para nos orientar e iluminar neste momento de sombra, de escuridão e de desânimo. Orientados pela palavra de Deus, encontramos forças para lutar e reagir. Forças para levantar a cabeça, andar, começar de novo. Não podemos ficar parados, presos, amarrados diante desse sofrimento.

Lembro-me, neste momento, de palavras do Salmo 23: O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. (...) Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum.

Prezados ... (nome da família enlutada), a ação de Deus é o nosso consolo. Através de Jesus, Deus venceu a morte. Pela fé temos parte na vitória de Deus sobre a morte. Participamos, assim, da vida que Ele cria, participamos do seu reino, da vida eterna. Não precisamos temer a morte.

Mas o que fazer com o nosso sofrimento neste momento? O que fazer com o vazio que ... (nome do falecido) deixa entre nós, no seu quarto, na escola onde estudava, no grupo de jovens de que participava, no bairro onde morava? O que lazer? Vamos ficar parados?

Não! Nós vamos reagir deixando-nos guiar pelo evangelho. Refutam comigo: Deus não está longe do nosso sofrimento. A cruz de Cristo revela o sofrimento de Deus em favor da mudança das coisas erradas, em favor da vitória sobre a morte. Nosso Deus companheiro e poderoso quer nos aconselhar. Tomemos por exemplo o conselho de Jesus quando estava pregado na cruz. Ele aconselhou Maria, sua mãe, outras mulheres ali presentes e um discípulo que estavam ajoelhadas, paradas e derrotadas diante da sua crucificação.

O conselho de Jesus, naquele momento de sofrimento, foi poderoso e libertador. Assim está escrito em João 19.25-27... (ler o texto bíblico.)

Maria, mãe de Jesus, Maria de Clopas, Maria Madalena, também um discípulo, estavam todas desoladas, assustadas, presas pela violência, pela dor. Não encontravam saída. Assistiam a tudo e não podiam fazer nada.

A situação era muito parecida com esta que vivemos agora. Naquele momento, Jesus disse para Maria, sua mãe: Mulher, eis aí o seu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí a sua mãe. Foram, então, para casa.

Com essas palavras, com esse conselho, Jesus sugeriu a solidariedade. Sugeriu a comunidade. Foi a mesma coisa que dizer: Levante e ande! Vá! Siga! Viva! Não fique aí parado!

Nesse momento de dor e de desespero, Jesus sugere a solidariedade. Pregado na cruz, Jesus mostra um caminho que vence o sofrimento. Ele abre os nossos olhos. Ensina o abraço e sugere que carreguemos o sofrimento uns dos outros.

Jesus Cristo não quer que fiquemos assistindo a tudo sem fazer nada. Na solidariedade, repartindo a dor, encontramos o rumo da luta, da vida. Encontramos meios para sarar a nossa dor e preencher o vazio deixado pelo nosso irmão.

Jesus propõe a solidariedade entre os sofridos e derrotados, entre os assustados e violentados. Jesus diz: eis aí a sua mãe, eis aí a sua irmã, o seu irmão, o seu pai, o seu amigo, o seu filho. A solidariedade é um caminho. É uma força que rompe o mal e cria esperança. Jesus na cruz resgata para nós a chance de ressurgirmos do nada. Com a solidariedade a vida ressuscita.

Nós cremos no amor de Deus. Cremos na comunhão. Cremos na ressurreição. Esta é a nossa força. Esta é a nossa liberdade, a nossa salvação.

Vamos aceitar o conselho de Jesus e praticar a solidariedade entre nós. Juntos, unidos, vencemos a dor. Amém.

Observação: Esta alocução foi seguida por uma oração. Durante a oração todos foram convidados a colocarem a mão direita no ombro da pessoa ao lado. O tema da oração foi a solidariedade.


Autor(a): Guilherme Lieven
Âmbito: IECLB
Testamento: Novo / Livro: João / Capitulo: 19 / Versículo Inicial: 25 / Versículo Final: 27
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1994 / Volume: 20
Natureza do Texto: Liturgia
Perfil do Texto: Alocução
ID: 13058
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