Josué 24.1-2a; 14-18

22/08/2015

Josué 24.1-2ª; 14-18

Prezada Comunidade:

O líder Josué reúne as diferentes tribos – com origens étnicas, culturais e religiosas – e coloca diante deles a pergunta: Quem será deus de vocês? O povo hebreu não era uma nação. Nunca existiu um pais chamado Hebreia. A palavra HEBREU (hapiru) – usada no Egito - significa TRABALHADOR BRAÇAL. Geralmente eram escravos procedentes de diferentes lugares, com culturas e até religiões diferentes. Todos eles eram chamados no Egito de “hapirus” (hebreus), e eles eram os trabalhadores braçais, os escravos.

Essa gente pobre tem uma experiência libertadora com o Deus Javé. Esse Deus Javé se comove com o sofrimento dessa gente e está determinado a libertar os hapiru da escravidão do Egito. Para isso, ele chama a Moisés e depois da morte de Moisés chama a Josué para que sejam os guias dessa libertação.
Agora livres já da escravidão e diante da terra prometida, Josué reúne os ex-escravos e lhes pergunta: Daqui para frente, quem será o deus de vocês?

Porque essa pergunta é importante?

Porque essa pergunta ter relação com os valores éticos. Já contei aqui que as comunidades indígenas do Equador tinham três valores éticos fundamentais.

Esses valores fazem parte da educação de seus filhos: não roubar, não mentir e não ser preguiçoso.

Portanto, Josué quer saber: com que valores vocês vão educar seus filhos daqui para frente?

Josué dá sua própria resposta: Eu e minha casa serviremos aos Senhor Javé. Isso é – eu e minha família vamos educar nossos filhos conforme os ensinamentos de nosso Deus libertador. Um Deus que ama a liberdade, que se levanta diante da opressão e do sofrimento, que não gosta da escravidão de ninguém e que deu a Moisés uma lista de mandamentos para que as pessoas possam viver em paz e em respeito umas para com as outras. Por isso, diz Josué, EU E MINHA CASA SERVIREMOS AO SENHOR JAVÉ.

No mundo de hoje talvez seja algo politicamente não correto perguntar: Qual é o teu deus? O estado é laico. E deve haver respeito a cultura e a religião dos outros. Mas, talvez não seja improprio que nos perguntemos sobre os princípios éticos que se desprendem de nossa fé. Martin Lutero enfatizava que onde estiver o nosso tesouro, ali estará também o nosso deus. A igreja luterana – pelo menos as Comunidade das IECLB – são vistas como igrejas bastante liberais, abertas e tolerantes. Nós não temos proibições de comidas, bebidas, roupas, etc... que os nossos membros devem cumprir.

No entanto, como protestantes temos nossos princípios éticos. Por exemplo, os países luteranos da Europa são reconhecidos por seu alto nível de vida. Educamos nossos filhos para serem honestos, para respeitar os outros, para serem trabalhadores. Exercer uma profissão é como exercer uma vocação. Aliás, muitas vezes até exageramos nessa ética rigorosa do trabalho. Mas, aprendemos desde criança, que uma vez que assumimos uma responsabilidade não podemos abandonar essa responsabilidade no meio do caminho.

Nossa espiritualidade pode não ser muito entusiasta, mas costumamos ser gente muito solidaria. Nos comove o sofrimento do outro, mesmo sem ter nenhuma relação próxima com quem sofre. Recolhemos ofertas, fazemos campanhas, juntamos dinheiro com o objetivo de ajudar. E se nos perguntam como é o nosso Deus, vamos dizer que o Deus que se prega na igreja luterana é um Deus é solidário, amigo, parceiro, que não nos abandona no sofrimento, mas que estende sobre nós a sua mão. Nosso Deus pede que pratiquemos a solidariedade, o amor, a compaixão, a misericórdia.

Portanto, a pergunta de Josué quer chamar a atenção das pessoas para a coerência entre o que elas acreditam e o que elas fazem ou querem ensinar aso seus filhos. Nós como luteranos, somos da família protestante – o que significa que valorizamos a liberdade de pensar diferente uns dos outros. Mas, Jesus nos mostrou que toda diferença, toda divergência de opinião é saudável, mas tem um limite: não podemos atropelar o mandamento do amor. Jesus Cristo nos ensinou a amar e a servir – nosso Deus é um Deus de amor. Por isso, não podemos desejar a morte de nossos adversários, nem podemos semear o ódio social e nem promover atitudes desse tipo. Quando estamos nessa situacao, entao devemos nos orientar pela palavra de Deus (Sola Scriptura): Mais importa obedecer a Deus do que aos homens (Atos 5:29).

Como protestantes temos a liberdade de duvidar de tudo, temos a liberdade de pensar diferente e de manifestar nossa discordância. Mas não confundir essa liberdade a promoção de uma cultura de brutalidade no Brasil, com a justificação de soluções violentas. Josué perguntou ao seu povo: Que valores vocês vão ensinar aos seus filhos?: EU E MINHA CASA SERVIREMOS AO SENHOR, responde Josué. E se Josué fizesse essa pergunta a nós? Qual seria a nossa resposta?

Lembremos outra vez do apóstolo Paulo, que recomenda o seguinte:

E tudo o que vocês fizerem ou disserem, façam em nome do Senhor Jesus e por meio dele agradeçam a Deus, o Pai(Col 3.17).

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e Mâe e a comunhão do Espírito Santo estejam sobre nós.
Amém


Autor(a): Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Belo Horizonte (MG)
Testamento: Antigo / Livro: Josué / Capitulo: 24 / Versículo Inicial: 14 / Versículo Final: 18
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 34595
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