Liturgia batismal - Renúncia e adesão

Este elemento aparece pela primeira vez, explicitamente como parte da liturgia do batismo, em Tertuliano (aproximadamente 160 a 220). No entanto, a idéia de que o batismo implica o sepultamento do “velho homem”, a renúncia ao domínio do pecado, já está claramente expressa em Rm 6. O elemento litúrgico da renúncia tem, pois, sólida raiz neo-testamentária.

Nos dizeres da igreja antiga, a pessoa a ser batizada renunciava, neste ponto, a “Satanás e a todas as suas pompas e seduções”. Segundo a cosmologia da época, a pessoa que renunciava a Satanás e aderia a Cristo passava do reinado de um para o reinado do outro. Retirava-se do poder do demônio e colocava-se sob o poder de Jesus Cristo. Dessa forma, as pessoas empreendiam um corte com seu passado (estilo de vida, determinadas atividades, a religião pagã que seguiam, etc.), integrando- se a um novo presente, diferente por causa de Cristo.

O batismo implica ruptura com determinadas crenças, valores e formas de vida. O elemento litúrgico da renúncia e adesão expressa que essa ruptura tem a ver com decisões e opções tomadas pela própria pessoa. E, para tanto, ela conta com a ajuda de Deus, através do seu Espírito. Há duas opções para o posicionamento da renúncia e adesão dentro da liturgia batismal. Ela pode ocorrer na fase preparatória dessa liturgia, antes da oração das águas, ou depois dessa grande oração, imediatamente antes do ato batismal. Como a renúncia é sempre seguida da profissão de fé e esta expressa sempre implicitamente uma adesão, quem molda a liturgia pode optar por formular uma renúncia sem a parte da adesão. De um modo geral, este elemento litúrgico se desdobra através de perguntas de L e respostas dos candidatos e das candidatas. As perguntas têm por tema o repúdio ao domínio de Satanás e o colocarse sob o senhorio de Cristo. Recomenda-se que as liturgias batismais de hoje empreguem uma terminologia mais atualizada, falando de “lutar contra”, “desistir de”, “combater”, “não querer nada com” pecados comuns e bem concretos existentes na vida da comunidade de fé e no seu contexto.

Fonte: Livro de Batismo da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
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Ninguém sabe o que significa confiar em Deus somente, a não ser aquele que põe as mãos à obra.
Martim Lutero
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