Luteranos Santos - Boletim Semanal Nº 94 - 160407 - Texto da prédica: João 21,1-19

Os discípulos de Emaús disseram um ao outro: Não parecia que o nosso coração queimava dentro do peito quando ele nos falava na estrada e nos explicava as Escrituras Sagradas? Lucas 24,32

07/04/2016

Caros Membros e Amigos da Paróquia de Santos!

»Ame e faça o que quiser«, são as palavras conhecidas de Agostinho proferidas no século 6 apC. Foram palavras inspiradas que nos norteiam até hoje. Temos neste domingo com João 21,1-19 uma das possíveis fontes bíblicas desta frase como texto da prédica.

É o último capítulo do evangelho de João que visa dá um encaminhamento para os tempos novos de fé no Cristo vivo. Que ele rescussitou não significa simplesmente uma continuação da vida antes da cruz. É algo bem novo. Jesus aparece a alguns discípulos mas a estes custa reconhecê-lo. Ele não está aí a sua disposição como antes, mas aparece quando ele acha necessário e também some de repente.

A grande questão em jogo era a seguinte: A ressurreição de Jesus já era um fato para os discípulos. Então a história havia de continuar. Mas não era claro como e com quem. Os disípulos haviam sido muito covardes, especialmente Pedro negando seu vínculo com Jesus.

Será que o líder dos discípulos poderia ser líder da primeira comunidade cristã, depois de tudo que aprontou? Provavelmente era ele mesmo que não conseguia se perdoar. Mas para Jesus a questão é clara: Pedro ama a Cristo, então ele pode e precisa tomar a frente também no futuro. Não vale nenhuma condenação e tembém nenhuma fuga.

Tudo isto serve para orientar e animar nossos esforços no ano 2016. Quantas vezes nos achamos incompetentes e presos a erros do passado? Olhando com o jeito de Jesus, tudo vira uma questão do amor. Que Deus nos conceda este amor!

Saudações e até domingo!

P. Guilherme Nordmann


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Texto da prédica: Texto da prédica: João 21,1-19

 
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Palavra da Semana - Para nossa reflexão


 

O jardineiro e a Fräulein (Rubem Alves)

Menino, ele de longe olhava os pescadores nos seus barcos levados pelo vento. Pensava que o mar não tem fim. Pensava que os pescadores eram felizes porque não precisavam plantar peixes para colher depois. O mar era generoso: ele mesmo plantava os peixes que os pescadores só faziam colher com as suas redes. Tinha inveja dos pescadores. Ele era filho de agricultores. Tinha de plantar para colher. Diferente do mar, a terra tinha fim. Todos os pedaços de terra, os menores, os mais insignificantes, todos já estavam sendo cultivados. Os pescadores, se quisessem mais, bastava-lhes navegar mar a dentro. Mas os agricultores não podiam querer mais. A terra chegara ao fim. Quem quisesse mais terra para cultivar teria que sair da terra conhecida e ir em busca de outras terras, além do mar sem fim.

E foi porque a terra chegou ao fim que ele, adolescente, seus irmãos e seus pais, entraram num navio que os levaria a uma nova terra, Buragiro… Era assim que eles, japoneses, conseguiam falar o nome Brasil…

No Brasil, Hiroshi Okumura – esse era o seu nome – conseguiu trabalho na casa de uma família de alemães. Família rica, casa de muitos criados e criadas. Ele não falava português nem alemão. Mas não importava. Seu trabalho era cuidar da horta e do jardim. E a língua da terra e das plantas ele conhecia muito bem. E foi assim que, na sua fiel e silenciosa competência de jardineiro e hortelão, ele passou a ser amado pelos seus patrões.

Mas os jardineiros têm também sonhos de amor. Jardins sem amor são belos e tristes. Mas quando o amor floresce o jardim fica perfumado e alegre. Pois esse era o segredo que morava na alma do jardineiro japonês: ele amava uma mulher, uma alemãzinha, serviçal também, todos a tratavam por “Fräulein”. Cabelos cor de cobre como ele nunca vira no seu país, pele branca salpicada de pintas, olhos azuis, e um discreto sorriso na sua boca carnuda que se transformava em risada, quando longe dos patrões. Era ela que lhe trazia o prato de comida, sempre com aquele sorriso…

E ele sonhava. Sonhava que suas mãos acariciavam seus cabelos. Sonhava que seus braços a abraçavam e os braços dela o abraçavam. Sonhava que sua boca e sua língua bebiam amor naquela boca carnuda… E a sua imaginação fazia aquilo que faz a imaginação dos apaixonados: se imaginava num ritual de amor, delicado como a cerimônia do chá, tirando a roupa da Fräulein e beijando a sua pele…

Mas era apenas um sonho. Olhava para seu corpo atarracado, para sua roupa rude de jardineiro, para suas mãos sujas de terra, para seus dedos ásperos como pedras. A Fräulein pertencia a um outro mundo distante do seu mundo de jardineiro.

Seu amor nunca saiu da fantasia. Ninguém nunca soube.

Os anos passaram. Ele ficou velho. A Fräulein também envelheceu. Mas o amor não diminui. Para ele, era como se os anos não tivessem passado. Ela continuava a ser a meninota sardenta. O amor não satisfeito ignora a passagem do tempo. É eterno.

Chegou, finalmente, o momento inevitável: velho, ele não mais conseguia dar conta do seu trabalho. Seus patrões, que o amavam profundamente, pensaram que o melhor, talvez, fosse que ele passasse seus últimos anos num lar para japoneses idosos, uma grande área de dez alqueires, bem cultivada, com pássaros, flores e um lago com carpas e tilápias. Ele concordou. Visitou o lar mas, por razões desconhecidas, não quis viver lá. Achou preferível viver com parentes, numa cidade do interior. Mas o fato é que os velhos são sempre uma perturbação na vida dos mais novos. São, na melhor das hipóteses, tolerados. E a sua velhice se encheu de tristeza.

Um dia, movido pela saudade, resolveu visitar a casa onde passara toda a sua vida e onde vivia a Fräulein. Contaram-lhe que ela fora internada num lar para idosos alemães. Estava muito doente. Quis visitá-la. Encontrou-a numa cama, muito fraca, incapaz de andar.

E então ele fez uma coisa louca que somente um apaixonado pode fazer: resolveu ficar com ela. Recusou-se a sair. Passou a dormir ao seu lado, no chão. Cuidava dela como se cuida de uma criança. O extraordinário é que a enfermeira-chefe compreendeu e fez como se nada estivesse vendo… Desrespeitou o regulamento.

A Fräulein estava muito fraca. Não conseguia mastigar os alimentos. Não conseguia comer. Aconteceu, então, um ato assombroso de amor que os que não estão apaixonados jamais compreenderão: o jardineiro passou a mastigar a comida que então colocava na boca da agora “sua” Fräulein.

Nunca ninguém viu, nunca ninguém me contou. Imaginei. Imaginei que quando estavam sozinhos, sem ninguém que os visse, o jardineiro encostava seus lábios nos lábios da Fräulein, e assim lhe dava de comer… Assim o fazem os namorados apaixonados, lábios colados, brincando de passar a uva de uma boca para a outra…

E assim, ao final da vida, o jardineiro beijou sua Fräulein como nunca imaginara beijar…


Autor(a): P. Guilherme Nordmann
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste / Paróquia: Santos (SP)
Testamento: Novo / Livro: João / Capitulo: 21 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 19
ID: 37454
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