Marcos 16.14-20

Auxílio Homilético

24/05/1979

Prédica: Marcos 16.14-20
Autor: Werner Brunken
Data Litúrgica: Ascensão
Data da Pregação: 24/05/1979
Proclamar Libertação - Volume: IV


I – Tradução

V.14: Por fim, quando estavam à mesa, apareceu aos onze, e censurou-lhes sua falta de fé e dureza de coração, porque não haviam crido naqueles que o viram ressuscitado.

V.15: F disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.

V.16: Quem crer e for batizado, será salvo: quem, porém, não crer, será condenado.

V.17: Os sinais, que acompanharão os que crêem, são estes: Em meu nome expelirão demônios; falarão novas línguas:

V.18: levantarão serpentes e se tomarem alguma cousa mortífera, não serão prejudicados.

V.19: Realmente, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu. e assentou-se à direita de Deus.

V. 20: Eles, porém, tendo punido, pregaram em todos os lugares. O Senhor agia com eles e confirmava a palavra pelos sinais que se seguiam.

II – Contexto

O presente texto inicia com o v.9. Muitos exegetas afirmam que o Evangelho Segundo Marcos termina com o v 8. A partir do v.9 teríamos, então, uma espécie de adicional”. Hoje, porém, aceita-se a hipótese que o evangelista Marcos tenha escrito os vv.9 a 20, dando assim um final completo” a sua obra. Também não seria razoável terminar o livro com assombro e medo (v 8). Por isso, segue nos vv.9 a 20 uma série de aparições do ressuscitado, que encorajam os seus discípulos para assumir a responsabilidade pela pregação da palavra.

O texto todo abrange uma série de acontecimentos, desde a ressurreição, passando pela fundamentação do apostolado e da pregação de Cristo, até atingir os primeiros tempos da igreja cristã. Temos no presente texto um resumo daquilo que Atos dos Apóstolos descreve em seu cap. 1. Mc 16,14-20 gira todo em torno de Jesus. Este transforma os incrédulos em crentes. Ele anuncia o seu programa; rege com palavras e sinais o seu povo.

Encontramos parte do presente texto em outros evangelhos: vv.9-11 em Jo 20,11-18; vv. 12-13 em Lc 24,13-35; vv. 14-16 em Mt 28,16-20; v. 19 em Lc 24,50-53. Deduz-se que os demais evangelistas usaram o texto de Marcos como base para os seus escritos.

III – Exegese

V.14 - Depois de aparecer a várias pessoas, o Jesus ressuscitado se manifestou aos onze discípulos. Observa-se que não acreditaram no relato das pessoas que já tinham visto o ressuscitado. Para os seguidores de Jesus, ele estava morto. Mesmo que Jesus tivesse falado que iria ressuscitar, os discípulos não acreditariam no que ouviam. A esses corações endurecidos e com falta de fé Jesus se manifestou como sendo o Senhor vivo. Jesus afasta de seus discípulos a sua falta de fé e os prepara para a sua missão.

V. 15 - Os discípulos recebem a missão de ir por todo o mundo (cosmos), por todos os lugares. Nada, nem águas, nem montanhas, nem inimigos do evangelho, podem impedi-los de serem mensageiros da boa nova de Cristo. Esta será levada a todas as criaturas. Que missão internacional!

Que transformação radical: Antes com falta de fé e duros de coração e agora preparados pelo próprio Cristo para enfrentarem o mundo todo e todas as criaturas. Por que esta transformação tão rápida e total?

V.16 - O evangelho não pode ficar parado. Ele é dinâmico como o próprio Jesus. Precisa ser anunciado para suscitar fé, assim como Jesus apareceu aos discípulos e suscitou neles a confiança. Diante desse evangelho se decide fé ou incredulidade. Quem é confrontado com o evangelho, não pode permanecer indiferente. O evangelho desafia as pessoas. Por isso: Quem crer e for batizado, será salvo; quem, porém, não crer, será condenado! Evangelho -fé - salvação não podem ser separados. Por isso: Quem não aceita o evangelho, não crê nele, não terá a salvação.

E o batismo? Ele é o sinal visível da aceitação de cristo na vida É o compromisso de pertencer ao Senhor e viver do seu perdão, da sua graça.

V.17-18 - Sinais que acompanham os que crêem. Não só os apóstolos têm o poder de Cristo para operar sinais, mas todos os crentes são preparados para realizar sinais, que já são conhecidos da obra de Cristo: expulsar demônios (cf. Mt 10,8); falar novas línguas, no sentido de estar possuído pelo Espírito Santo (cf. 1 Co 12 e 14); pegar serpentes (cf. At 28,3-6). Da cura de doentes relatam muitas passagens dos evangelhos. Também Mc 1 a 3. Onde Jesus Cristo é o Senhor sobre a vida de uma pessoa e esta passa a agir no Espírito de Cristo, os sinais acontecem, mesmo que muitas vezes não sejam percebidos a olho nu.

V.19 - Depois de dar todas as ordens necessárias, Jesus foi elevado ao céu. Lembra a subida de Elias ao céu (2.Rs211).Estar sentado à direita lembra S1110,1. Jesus subiu ao céu para assumir a direção do mundo. Ele é o Senhor e por isso o seu lugar é à direita de Deus. Jesus é o Senhor absoluto. Por isso a sua despedida é ao mesmo tempo a sua vitória definitiva sobre a morte e sobre todos os reinos do mundo. Lembrando ainda At 1,6-11, não adianta um olhar saudoso para Jesus que partiu, mas o imperativo é Ide!.

V.20 - Pois o Senhor vivo permanece no meio dos seus seguidores. É dito aqui que o Senhor agia com os apóstolos, fazendo com que suas palavras e sinais se tornassem realidade. Quem crê em Jesus Cristo testemunha ao mesmo tempo a sua presença em todas as situações de seu falar e agir.

IV – Escopo

Jesus Cristo ressuscitado assumiu o governo sobre o mundo e enviou os seus seguidores para testemunhar através de palavras e ações a sua obra.

V – Meditação

O que representa para nós hoje que Jesus Cristo vive? Que ele é o Senhor sobre o mundo e sobre todas as criaturas? Jesus tornou-se o braço direito de Deus. Tudo lhe confiou e ao mesmo tempo Jesus confia tudo aos seus. Quer que sejamos seu braço direito em nossa vida.

Quem se deixa tocar e convencer pela mensagem da boa nova de Cristo, não pode permanecer parado, mas tirará as consequências para a sua vida. Torna-se um enviado do Senhor, que por palavras e obras testemunhará que Jesus Cristo é tudo para a sua vida. Nele encontra plena realização para as suas alegrias e tristezas, para as horas fáceis e difíceis Sabemos que para viver tal vida, precisamos vencer nossa falta de fé e incredulidade (v. 14), ou melhor, pedir que Jesus ajude a vencer. Uma vez vencida a incredulidade, tornamo-nos seus seguidores tal qual o eunuco em At 8,26-39, que seguiu o seu caminho cheio de júbilo.

Que alegria também para nós quando colocamos toda nossa confiança no Senhor Jesus Cristo e passamos a falar do seu Evangelho e agir pelo seu Espírito Santo.

O Senhor nos acompanha nesta jornada, e o mundo e as criaturas esperam por nossas palavras e ações. Não esmoreçamos, mas sejamos fiéis colaboradores na seara do Senhor.

VI — Subsídios para a prédica

1. Partir de um dono de empresa, que tem no seu empregado uma mão direita'. Ou de uma dona de casa, que tem na sua empregada um braço direito. Ou de um agricultor que tem no seu capataz um braço direito. São pessoas nas quais se pode confiar, também na ausência do chefe.

2. Cristo está à direita de Deus e confiou tudo aos seus, que são seu braço direito.

3. Em Cristo vencemos a dureza de coração e a falta de fé.

4. Cristo nos envia para testemunharmos por palavras e por obras a alegria que temos nele.

VII — Subsídios para grupos de reflexão

1. Cristo vive! Não colocamos aqui nossas dúvidas? Principalmente quando vemos as injustiças cometidas? Não nos tornamos incrédulos como discípulos?

2. Pela palavra e pelo Espírito Santo somos conduzidos a aceitar que Cristo vive à direita de Deus e que nos quer usar como sendo seu braço direito.

3. No braço direito há confiança. Jesus confia em nós, que vamos agir conforme a sua vontade.

4. Primeiramente vamos levar a boa nova a todas as criaturas. Esta missão está sendo desenvolvida.

5. Em segundo lugar vamos agir em nome da boa nova, no sentido de realizar sinais. Estes podem ser a expulsão de demônios, o falar em novas línguas. Mas hoje esses sinais podem estar num outro campo de ação, por exemplo, no campo político e social. Não existem milhares de pessoas esperando por nosso agir cristão?

6. Em toda esta caminhada de testemunhas não estamos sós. Cristo nos acompanha e fortalece para sermos cumpridores da sua mensagem. Isto dá coragem para que o Evangelho seja dinâmico.

VIII – Bibliografia

- ASMUSSEN, H. Meditação sobre Marcos 16,14-20. In: Herr tue meine Lippen auf. Vol. 1.7a ed., Wuppertal-Barmen, 1964.
- DAHINTEN. G. Meditação sobre Marcos 16,14-20. In: Göttinger Predigtmeditationen. Ano 61. Göttingen. 1973.
- GUTBROD, K. Meditação sobre Marcos 16,14-20. In: Calwer Predigthilfen. Vol. 11. Stuttgart. 1972.
- SCHNIEWIND. J. Das Evangelium nach Markus. In: Das Neue Testament Deutsch. Vol. 1. 7a ed.. Göttingen 1956.


Autor(a): Werner Brunken
Âmbito: IECLB
Natureza do Domingo: Ascensão

Testamento: Novo / Livro: Marcos / Capitulo: 16 / Versículo Inicial: 14 / Versículo Final: 20
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1979 / Volume: 4
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Auxílio homilético
ID: 14465
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