Mensagem da Presidência sobre Sacerdócio universal de todos os crentes - 1980

17/09/1980

Com alegria e gratidão a Deus venho observando que, cada vez mais, leigos e estudantes se sentem corresponsáveis pela pregação do Evangelho em nossas Comunidades. Vejo nisso uma expressão do “sacerdócio universal de todos os crentes” (cf I Pe. 2,9). Pois o “ministério da reconciliação” (II Cor. 5,18) foi confiado por Cristo à Igreja, a todos os cristãos. Lutero não se cansou em sublinhar isso contra a monopolização por parte do clero romano. “Pois urge que o Evangelho seja pregado a todo o mundo, a fim de que todos cheguem ao conhecimento da verdade (I Tim. 2,4), isto é, que cheguem a crer em Cristo. E a fé vem pela pregação do Evangelho. (Rom. 10,17)”.

Lutero não deixou dúvida de que cada cristão é incumbido por Cristo a testemunhar o Evangelho em palavra e ação “mas isto somente no âmbito particular, por exemplo, na família e no lugar de trabalho”. Se qualquer cristão testemunhar o Evangelho no âmbito público, daria desordem e confusão. Para este fato já o apóstolo Paulo alertou cf. I Cor. 14,40. Desordem e confusão não edificam, mas destroem a Comunidade. As Comunidades não devem ser confundidas com pregações confusas, teologicamente incorretas e escandalizantes. Testemunhar faz parte do ser cristão; deve ser um testemunho de acordo com o que a palavra de Deus realmente diz. Não o que “nós achamos”, mas o que a palavra do Senhor afirma, isto é decisivo. A verdade evangélica é uma coisa muito séria, principalmente quando articulada publicamente. Esta preocupação também está por detrás do 14º artigo da Confissão de Augsburgo, um dos principais escritos confessionais da IECLB, que reza: “Da ordem eclesiástica ensinam que ninguém deve publicamente ensinar (pregar) na igreja ou administrar os sacramentos, a menos que seja legitimamente chamado”.

Isto significa que a pessoa deve ser chamada por Cristo por meio da Igreja, para exercer o ministério da pregação pública. Este chamado implica na vocação interna e na vocação externa pela Igreja. Cristo age por meio de homens. Para tal ministério da pregação pública a pessoa deve ser preparada, equipada e posteriormente examinada e investida publicamente. É este o caminho para se tornar pastor da IECLB.

Se uma pessoa que não foi assim chamada, preparada e investida quer realizar uma pregação em âmbito público, ela deve ser legitimada para tal, no mínimo, pelo respectivo Presbitério. A legitimação tem caráter temporário e validade apenas para a área da respectiva Comunidade/Paróquia. Neste caso, cabe ao Pastor preparar, com a pessoa, tanto a pregação, como a liturgia. Este papel deve ser assumido pela Faculdade de Teologia, quando se trata de um estudante.

Tal preparo e acompanhamento devem ser interpretados como um apoio e auxílio, tanto com a referida pessoa, como para com a Comunidade e, acima de tudo, como uma atitude responsável diante do ministério da reconciliação que Jesus Cristo nos confiou.

Procedendo desta forma, não estamos limitando a ação do leigo, mas, pelo contrário, estamos valorizando-o, dando-lhe a equiparação e legitimação indispensáveis para um serviço abençoado.

Neste sentido, conclamo a todos os membros das Comunidades, Presbitérios, Pastores, Estudantes e Docentes da Faculdade de Teologia: ajudemo-nos uns aos outros na pregação pura da palavra de Deus e no testemunho fiel do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

Porto Alegre, 17/09/1980

Augusto Ernesto Kunert
Pastor Presidente
 

REDE DE RECURSOS
+
Vivam como pessoas que pertencem à luz, pois a luz produz uma grande colheita de todo tipo de bondade, honestidade e verdade.
Efésios 5.8-9
© Copyright 2024 - Todos os Direitos Reservados - IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - Portal Luteranos - www.luteranos.com.br