O culto como evento celebrativo

27/11/1988

O CULTO COMO EVENTO CELEBRATIVO

Lothar Carlos Hoch

l - Introdução

No último encontro dos autores de Proclamar Libertação foram levantadas perguntas inquietantes. Será que PL está ajudando na celebração da vida das pessoas? Não se estaria partindo de um princípio ultrapassado, ao se pressupor que a prédica ainda atinja seus ouvintes?

Um dos resultados dessa reflexão foi a decisão de abrir espaço, nas páginas amarelas, para relatos de experiências alternativas de encontro com a Palavra de Deus, especialmente através de estudos bíblicos. Com isso, no entanto, não se quis abolir o culto e a pregação. Prova disso é o fato de se ter incluído entre as temáticas a serem abordadas uma consideração sobre o aspecto celebrativo do culto. O que se quer é, pois, encontrar uma forma mais dinâmica e mais participativa de prestar culto a Deus.

Está crescendo a consciência de que proclamar libertação não pode ser apenas um acontecimento verbal, nem tampouco a função de uma única pessoa que, distanciada da comunidade, lhe dirige a palavra do alto de um púlpito. O modelo de comunidade enfileirada em bancos de igreja, de costas uns para os outros, em atitude de escuta passiva está sendo substituído ou, no mínimo, complementado pelo modelo do círculo, onde todos, como membros plenos do corpo de Cristo, têm oportunidade de contribuir com seus dons e com suas experiências na interpretação da palavra bíblica.

A celebração comunitária, que reúne um número maior de pessoas, precisa continuar, mesmo assim, a ter seu espaço. A maneira de se promover esses encontros precisa ser reaprendida. É tarefa de todos nós colocar nossa fantasia e nossa criatividade a serviço disso, independentemente de nossa orientação teológica.

Parece-me que ainda hoje permanece atual uma afirmação de Harvey Cox, feita no final da década de sessenta:

No mundo de hoje existe uma distância desnecessária entre os que pretendem transformar o mundo e aqueles que celebram a vida. . . Não ha razão para que os que celebram a vida não possam também estar comprometidos com profundas transformações sociais. Por outro lado, os que se propõem a transformar o mundo não precisam fazê-lo duma maneira tão carrancuda e ascética. (Prefácio do livro A festa dos foliões, tradução da versão alemã Das Fest der Narren, Stuttgart, 1972, p. 8.)

As considerações que faço a seguir querem contribuir para o diálogo e a procura por formas mais vivas de celebração cúltica. Elas não tem a pretensão de esgotar o assunto, mas de trazer à memória alguns aspectos atualmente negligenciados na igreja. A razão pela qual fui desafiado a escrever sobre esse assunto não é tanto o conhecimento que eventualmente tenha sobre ele, mas o fato de ter colaborado numa forma de celebração alternativa, num seminário sobre diaconia, realizado em São Paulo, em agosto de 1987.

Antes de me referir mais detalhadamente àquela experiência litúrgica, faço algumas considerações de ordem teológica e metodo¬lógica.

II — O culto como motivo de frustrações

Num recente encontro de pastoras(es) constatou-se que a maioria delas(es) sente-se frustrada com a tarefa de ter que preparar, quase semanalmente, uma prédica. Queixaram-se também do fato de o número de pessoas atingidas nos cultos dominicais ser muito reduzido, tendo em vista o número total de membros que integram uma comunidade. Percebeu-se que o culto atinge apenas um núcleo fiel de membros que costuma frequentá-los regularmente. A grande maioria da comunidade não costuma vir à igreja, exceto em oportunidades ou datas especiais.

Tenho notado, igualmente, que aumenta entre pastoras(es) a consciência de que o culto dominical não é a melhor oportunidade para mudar esquemas tradicionais de pensamento, nem para formar uma mentalidade crítica em relação à realidade sócio-política. Usando uma figura, alguém disse: Com a mão esquerda se dirige o carro e com a direita se faz as mudanças. Isso é uma maneira de fazer alusão ao fato de que muitas(os) pastoras(es) estão fazendo as coisas tradicionais, entre elas dirigindo os cultos, com a mão esquerda e, com a direita, promovendo reuniões de estudos bíblicos em grupos, apoiando movimentos populares e promovendo mudanças estruturais.

No entanto, em certa altura do encontro, alguém perguntou qual a atividade que exigia o maior investimento de tempo do pastor. Todos foram unânimes em dizer que era o culto, especialmente a preparação da prédica.

Disso se conclui que há um flagrante descompasso entre o investimento de tempo e de energia que o culto exige dos obreiros e o retorno* que eles mesmos crêem que o culto traga. E é precisamente esse descompasso que gera frustração entre as(os) pastoras(es).

Restaria saber em que medida essa frustração dos obreiros é também compartilhada pelos membros das comunidades. Que estariam eles querendo expressar com a sua ausência dos cultos? Infelizmente não existem pesquisas sérias a esse respeito. Mas é possível imaginar que a frustração dos mesmos não seja inferior a dos obreiros, especialmente em relação à forma como os cultos são celebrados.

Ill — A função celebrativa do culto

Se o culto está gerando frustração, cabe perguntar se esta se deve apenas a questões formais ou se há fatores teológicos que contribuem para tanto. Pessoalmente entendo que fatores formais e teológicos estejam interagindo.

1. Aspectos formais

— Percebo que as(os) pastoras(es), salvo exceções, não preparam o culto. Preparam apenas a prédica. E pela formação que muitos tiveram nem se poderia esperar algo diferente. É urgente que aprendamos a preparar o culto como um todo.

— Parte-se da premissa de que seja tarefa do pastor dar o culto. Observe-se como a linguagem (dar o culto) denuncia uma perversão de seu sentido comunitário. Uma renovação do culto terá que passar necessariamente pela democratização do mesmo. Será preciso que o culto seja preparado e celebrado pela comunidade ou por grupos que integram a mesma, sob a orientação do pastor, que igualmente faz parte do corpo de Cristo.

— A maneira convencional de realizar cultos está profundamente arraigada nos membros das comunidades. É necessário ter presente e respeitar o eventual receio de transformar a forma do culto. Observo, contudo, que muitas vezes esse argumento serve também como pretexto para muitas(os) pastoras(es) que não querem ou não sabem encontrar formas mais vivas de celebração. Em muitos contextos latino-americanos, especialmente em comunidades marcadas por uma práxis libertadora, brotam espontaneamente formas muito ricas de celebração cúltica. Hoje não se pode mais dizer simplesmente que as comunidades estão entravando uma renovação do culto. Não raro falta aos próprios pastores a liberdade necessária para promover formas mais integrativas e celebrativas de culto.

— A própria arquitetura dos nossos templos em forma de nave, repleta de bancos distantes do altar, é um fator que prejudica o aspecto da comunhão. Parece que o povo de Deus está separado do lugar sagrado, no qual habita Deus, e ao qual apenas o sacerdote tem acesso. É imperioso dar expressão arquitetônica ao fato de que Deus habita no meio do seu povo. Da mesma forma também a(o) celebrante precisa estar mais próxima(o) da comunidade.

2. Aspectos teológicos

Os aspectos de cunho teológico que confluem no culto cristão são muitos. Aqui vou me limitar a enfatizar um deles, qual seja, o aspecto celebrativo. Ao fazê-lo, concordo com G. Brakemeier, quando este afirma que Culto é, por excelência, celebração (Culto. Testemunho de Deus e das pessoas. Informação IECLB, abril de 1988, p. 3).

Para que o culto consiga ser, de fato, celebração, torna-se necessário resgatar uma dimensão que considero fundamental, mas que hoje está um tanto relegada ao esquecimento. Trata-se da dimensão da experiência.

Os elementos constitutivos do culto cristão surgiram em meio a experiências concretas da presença e da ação de Deus na vida de pessoas ou grupos. Cabe à igreja reunida em culto celebrar as experiências de fé testemunhadas na Bíblia e, pela força do Espírito Santo, atualizá-las de modo a que venham a se tornar em experiência viva também para os que hoje querem crer no testemunho bíblico.

A espiritualidade cristã tem a sua fonte na experiência de fé.

Não simplesmente a fé em Cristo e em seu Evangelho, mas sim a fé em Cristo e em seu Evangelho feitos experiência. Não o seguimento de Cristo como simples norma ética, mas sim o seguimento de Cristo feito experiência. (Segundo Galilea. Renovação e Espiritualidade, p. 47).

O próprio Lutero, que chegou a conhecer, pela via da experiência, um Deus gracioso que justifica o pecador, sabia do que estava falando, quando afirmou:

Se alguém vive na ilusão de ter fé sem, contudo, tê-la experimentado, esse fatalmente se deteriorará e secará. (Apud W. Marhold. Theologie und Erfahrungswissenschaften. Im Pastoraltheologie, n° 9, 1985, p. 367.)

É evidente que sempre permanecerá uma diferença entre o que se crê e o que se é capaz de experimentar, respectivamente, o que se consegue atualizar na celebração do culto. A comunidade cristã não celebra só o que ela já tem, mas, igualmente, o que ela ainda espera. O culto tem, por isso mesmo, caráter proléptico. Isto é, ele é apenas um aperitivo do Reino.

Não obstante, é tarefa do culto cristão encurtar a diferença entre o que na fé se espera e o que, pela mesma fé e como dádiva do Espírito Santo, já nos cabe atualizar agora. Cabe ao culto fazer do aperitivo um testemunho e uma experiência que dão credibilidade à promessa do Reino de Deus.

A fé não pode se tornar um mero substituto para a experiência. Esse perigo está presente, por exemplo, quando no Credo Apostólico se confessa que se crê na comunhão dos santos, sem que essa comunhão seja experimentada no culto por aqueles de cuja boca sai tal confissão. Quando se crê ao invés de experimentar, a fé corre o risco de passar a ter uma função alienadora.

Ora, para que o culto seja uma celebração que propicie uma experiência de fé e de comunhão com Deus e com as irmãs e os irmãos, importa que se encontrem meios de envolver a pessoa toda e todas as pessoas. O culto é um momento de reflexão, de recolhimento e de escuta da Palavra de Deus. É também um momento de adoração. No entanto, essa linha vertical precisa ser complementada com a linha horizontal, a saber, aquela que leva a ter contato e comunhão com as demais pessoas presentes no culto. É nesse particular que nossos cultos são especialmente pobres.

A celebração cúltica exige que haja comunhão, encontro, comunicação mútua. Ela requer que se faça algo em conjunto, que se envolva as mãos, se movimente o corpo e se estimule os sentidos. Não se pode celebrar apenas com a cabeça ou só com o raciocínio, numa atitude de distanciamento e passividade. Nós não descobrimos quem somos e como nos relacionamos com Deus apenas através da meditação e da razão mas também através da experiência do encontro, que resulta da celebração conjunta. O que se experimenta permanece mais vivo em nós do que aquilo que se aprende intelectualmente. Não obstante, a Bíblia nos alerta também para a importância do componente racional do culto (Rm 12.1-2), sob penas de cairmos no entusiasmo.

A pergunta é: O que se deve celebrar no culto? Deve-se celebrar os feitos de Deus testemunhados na Bíblia. Assim nosso culto mantém um elo vivo com os que no passado creram em Deus e em Jesus Cristo. Mas o culto não deve permanecer voltado ao passado. O povo de Deus na Bíblia sempre celebrou também os feitos de Deus no presente, à medida em que os experimentava como ação graciosa de Deus. Os personagens do AT costumavam erigir um altar no momento e no lugar onde haviam experimentado a presença e a mão de Deus em suas vidas.

Na medida em que celebramos a ação presente de Deus na vida concreta das pessoas, o culto passará a ter uma relação mais estreita com o dia-a-dia da comunidade. Precisamos fazer das coisas da vida, as grandes e as pequenas, e da experiência da presença de Deus em meio a elas um dos temas do culto.

Isso equivale a dizer que não só as alegrias que experimentamos em nossa vida, tais como o amor, a amizade, o pão de cada dia, o trabalho abençoado e as conquistas, devem ser celebradas e, assim vinculadas com a fé em Deus. Também as decepções, as derrotas, a doença, a morte e o luto precisam ser trazidas à presença de Deus e da comunidade. Uma vez se o faz para a alegria e. o louvor de todo o povo de Deus; outra vez, para o pranto, a intercessão e o protesto comunitários.

Através da celebração litúrgica o povo de Deus tem a oportunidade de atualizar simbolicamente experiências do seu dia-a-dia e, assim revivendo-as, reunir forças para enfrentá-las, buscando para isso a orientação e a força do Espírito e da comunidade. São as situações da vida que precisam ser atualizadas no culto. Muitas vezes o culto está voltado tão-somente à explicação do texto bíblico. Precisamos ter presente que também a vida da comunidade é objeto do culto. Afinal, é para a vida da comunidade que o texto pretende falar.

A experiência da presença de Deus em meio à vida concreta e o serviço a ele na pessoa do próximo são o embrião do culto e da teologia. É nesse sentido que liturgia é entendida como serviço a Deus. A própria teologia é uma das formas de prestar serviço a Deus. Por isso, a rigor, não é a liturgia que faz parte da teologia, mas, ao contrário, é a teologia que faz parte da liturgia (cf. Regin Prenter. Liturgy and Theology, p. 140).

IV — Uma experiência concreta de culto celebrativo

O exemplo que trago a seguir não tem a intenção de ser uma experiência modelo. Os participantes dessa celebração não tiveram tal pretensão. Trata-se tão-somente de uma celebração cúltica realizada no Seminário de Diaconia, patrocinado pela Secretaria de Missão da IECLB e realizado em São Paulo, em agosto de 1987. Desse seminário participaram obreiras e obreiros da área diacônica, catequética e pastoral das mais diferentes regiões. O grupo mais fortemente representado foi o dos leigos, muitos deles atuando em movimentos de base, desde a Rondônia até Recife, do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul. Ao todo éramos aproximadamente 70 pessoas. Trata-se aqui da celebração de encerramento do seminário.

A celebração teve três momentos:

lo Momento: Graça e Alegria na Luta

Esse primeiro momento se constituiu numa caminhada através do pátio da Casa de Retiros. A caminhada constou de cinco estações.

Primeira estação (no portão de entrada)

A celebração teve início no portão de entrada da Casa de Retiros. Canto. Acolhida com palavras do Salmo 19.14. Breve introdução, seguida de contribuições espontâneas dos participantes sobre a temática da cami¬nhada, do êxodo, do pacto de Deus com seu povo e da tomada da terra. Essas contribuições eram tanto de caráter teológico e bíblico como também faziam referência a questões que diziam respeito à viagem dos participantes, suas primeiras impressões no momento da chegada.

Canto.

Segunda estação (no refeitório)

Canto. Acolhida com palavras do Salmo 37. Breve introdução, enfocando a temática da partilha do pão, da dádiva do maná diário, a não-acumulação do mesmo por causa do risco de sua deterioração, agradecimento pela hospitalidade e pela alimentação ao pessoal da casa, depoimentos sobre experiências comuns havidas na sala do refeitório ao longo do seminário. Oração. Canto até a estação seguinte.

Terceira estação (sob as árvores de um pequeno mato)

Acolhida com palavras de Romanos 12.1-2. Breve introdução, enfocando a temática do envio para dentro dos contextos mais diversos de sofrimento, referência à diaconia, aos contrastes sociais e à relação entre o culto e a vida concreta. As contribuições espontâneas faziam referência também a uma rede que os participantes do seminário haviam feito com suas próprias mãos em um dos momentos do seminário. A questão era: Onde armar a nossa rede de pesca? Que significa pescar?

Oração.

Quarta estação (diante duma cruz tosca erguida sobre pedras)

Canto.
Acolhida com palavras de Filipenses 2.5s. Breve introdução seguida de manifestações espontâneas sobre o esvaziamento de Jesus Cristo, sua caminhada para a cruz, as razões que levaram à sua crucificação, a conflitividade da fé, a cruz como símbolo do perdão e da vitória apesar da aparente derrota. Oração de mãos dadas.

Quinta estação (já na sala das sessões plenárias)

Entramos com os pés descalços para lembrar a necessidade de colocar-se os pés no chão e de sentir o contato com a terra. Acolhida e pregação a partir de João 13. Interpretação do sentido do gesto de Jesus de lavar os pés dos seus discípulos, a diaconia no contexto do novo mandamento do amor, o servir e o deixar-se servir por Cristo (referência à Santa Ceia). Oração. Canto.

2o Momento: Compromisso por Gratidão

Esse momento estava dedicado à celebração do nosso compromisso na forma duma renovação do nosso pacto com Deus, a partir da renovação do seu pacto conosco, em Jesus Cristo. Estávamos todos reunidos em um só círculo. O título compromisso por gratidão expressa a mutualidade do compromisso de Deus conosco e do nosso compromisso, em resposta ao seu amor.

Todos os presentes receberam um pedaço de papel e um lápis e foram convidados a escrever, cada um individualmente, o tipo de compromisso que estão dispostos a assumir, a partir do seminário, diante de Deus e da realidade concreta onde atuam. Posteriormente circulou entre os participantes um pequeno cesto, no qual todos depositaram seu compromisso. Ao depositá-lo no cesto, alguns sentiram-se motivados a lê-lo em voz alta, assumindo-o, assim, publicamente.

O passo seguinte foi a celebração do ofertório. Ele serviu de ponte entre as partes anteriores e a celebração da Ceia que estava por vir. O primeiro ato desse ofertório consistiu em depositar sobre a mesa eucarística, no centro da sala, o cesto com os compromissos assumidos. Posteriormente foram sendo depositados os mais diferentes símbolos sobre a mesa do altar. À medida em que depositava seu símbolo, cada um explicava o sentido do seu gesto. Assim, alguns símbolos que-riam expressar facetas da realidade de atuação dos participantes e lembrar aspectos do sofrimento do povo com que trabalham. Outros expressavam receios e temores dos participantes. Ainda outros davam expressão às esperanças na luta sob a certeza da presença e do poder de Deus.

Posteriormente foram oferecidos a Deus, em oração, os símbolos e o que eles expressavam, bem como o cesto contendo o compromisso escrito que cada um assumiu. Houve prece para que Deus aceitasse nossas intenções e as colocasse a serviço do seu Reino.
Canto.

3° Momento: Eucaristia e Envio

Intróito. Confissão de pecados e oração. Leitura de l Coríntios 10.17, seguido de abraço fraterno. Palavras de instituição da Santa Ceia e oração do Pai-Nosso. Partilha do pão e do vinho acompanhada de cantos. Oração de agradecimento.

O envio foi celebrado de forma recíproca, mediante imposição de mãos. Ou seja: Todos no círculo se colocaram em pé, de dois a dois, um defronte ao outro. Ato contínuo: um dos dois se ajoelhou diante do outro e, sob imposição de mãos, recebeu um voto de envio. Em seguida, o que havia expressado um voto de envio, pôs-se de joelhos diante do seu parceiro de dupla e recebeu deste um voto de envio.

Bênção final e hino.

Avaliação final

A celebração teve quase duas horas de duração. Em nenhum momento a experimentei como cansativa. Atribuo isso, entre outras coisas, ao fato de ter havido participação ativa de todos, seja no uso da palavra, seja com gestos, seja através da movimentação do corpo. A celebração havia sido preparada por um grupo, o qual se revezava na condução da mesma.

Houve um clima de muita confraternização, entremeado de momentos de reflexão e de uma postura de escuta da mensagem que brotava de muitos dos participantes. Deve-se dizer, contudo, que boa parte desse clima de comunhão se deve ao fato de termos convivido, trabalhado e brincado juntos, durante os dias precedentes.

A celebração conseguiu vincular o testemunho bíblico e a vivência concreta que o grupo havia tido em conjunto. A experiência do êxodo conseguiu ser simbolicamente atualizada na peregrinação, sob o signo da cruz de Cristo. O pacto entre Deus e seu povo foi renovado simbolicamente no ouvir da sua palavra e no compromisso que cada um assumiu de praticá-la no seu contexto concreto. A mesa do Senhor no centro, os convivas ao seu redor, foi o símbolo da centralidade de Cristo e do seu poder que nutre seu povo na caminhada. O envio recíproco foi testemunha de que todas e todos no corpo de Cristo têm poder de serem porta-vozes do envio de Cristo e não apenas a hierarquia eclesiástica.

*Estou ciente de que esse termo deve ser empregado com cautela, pois não está em nosso poder avaliar o efeito que a Palavra de Deus tem sobre os participantes do culto.


Autor(a): Lothar Carlos Hoch
Âmbito: IECLB
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1988 / Volume: 14
Natureza do Texto: Artigo
ID: 17914
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