O pai dos dois filhos

Meditação

18/03/2010


Lucas 15.20b-24, 31-32
 

Desde a juventude todos nós temos um só caminho: fazer experiências, errar, amadurecer e, por fim, envelhecer. Muitas vezes a atitude de saber perdoar alguém acontece na maturidade da vida. Também, muitas vezes, somente quando se atinge uma certa maturidade que a condição interior s torna mais bonita e interessante que a exterior. No quadro que vemos acima – O Filho Pródigo de Rembrandt no museu HERMITAGE em St. Petersburg (Rússia) – o autor imaginou um pai que recebe de volta seu filho nessa condição da maturidade que olha o interior e não o exterior. Rembrandt pintou um pai cego. Aqui temos um pai que olha o interior e não o exterior.

À medida que a vida vai avançando, à medida que a fama vai passando, à medida que o vigor físico vai declinando, as coisas externas já não tem mais tanto valor. O pai que sofreu a vida toda por causa de um filho que o abandonou, o recebe com a ternura de um cego, que não vê, mas sente, que toca

Lucas fala que o filho se jogou no pescoço do pai. Na gravura temos outra interpretação. As mãos do pai repousam sobre as costas arqueadas do filho.
O pai enxerga o filho colocando suas mãos sobre as costas cansadas, arqueadas e envergonhadas do filho. As mãos são os instrumentos da visão do pai. O pai enxerga muito longe, longe mesmo, quando toca as costas baixas de seu filho. Com as mãos o pai enxerga para dentro da eternidade do seu filho perdido e para dentro da eternidade de toda humanidade.

São as mãos do Pai, que descansam sobre as costas da humanidade, que compreendem as perdas e os descaminhos de mulheres e homens em todos os tempos e em todos os lugares. Estas mãos não oprimem, mas acolhem. Você e eu somos acolhidos

Assim é a graça perdoadora do pai.
 

A atitude diante dos braços postos do pai também revelam a disposição do filho. O filho está ali não para uma brincadeira.Não vem buscar mais dinheiro. Está arrependido. Está arrebentado. Está descalço. O filho sabe que somente com o pai tem um lugar seguro e digno. Não há alternativa. Ou volta ao pai com seu amor, ou volta para o mundo com seu pavor.

O pai cego não vê, e quase ninguém vê que, atrás, no escuro, está o filho que nunca abandonou seu pai. Ele não entende o amor do velho pai. O Pai celestial quer que seus filhos sejam livres. Esta liberdade enseja mesmo a oportunidade de que seus filhos sejam livres para sair de casa e fazer suas aventuras desastradas. Este filho escondido na escuridão da sua inveja e de seu legalismo – nunca dera motivo algum de ira para seu pai – ainda não entendeu que o pai tem o direito de exercer a sua autoridade de misericórdia.

O coração do pai se volta para os dois filhos. Ele ama a ambos. E esta é a boa nova: Deus ama você incondicionalmente.

A graça do perdão não é inconsequente.O perdão traz conseqüências práticas para dentro da vida. O filho reconciliado e o filho obediente, que sempre esteve em casa, e agora humilhado em seu orgulho, são ambos amados do pai. Precisam saber disso.

Este tempo da paixão nos quer fazer os olhos de Deus. O amor é cego, assim se diz. Deus olha para o nosso interior, tocando a vida com suas mãos amorosas. Deus não faz questão de ver o nosso exterior. Neste tempo de compaixão quer tocar a nossa alma, o nosso coração.

Na casa dos dois filhos a festa está anunciada e os preparativos estão em franco progresso. Façamos parte desta festa de justiça e amor. As pessoas ao nosso redor, a sociedade toda, será beneficiada para vida transformada que temos a partir do amor de Jesus.

 

Desejo a esta comunidade, a todos seus membros e visitantes, que percebam o toque de Deus em sua vida. Jesus, ao contar esta parábola, se coloca no lugar daquele que nos recebe de volta. Não por causa da nossa justiça, mas por causa da sua graça.
Aceita voltar ao Pai.

P. Rolf Rieck

pregação em 14.03.2010


Autor(a): Rolf Rieck
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Joinville - São Mateus
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7962
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