Quem vocês dizem que é Jesus?

14/09/2015

E vocês? Quem vocês dizem que eu sou?, perguntou Jesus.
(Marcos 8.29)

As igrejas pregam diferentes imagens de Jesus. Como Jesus gostaria de ser visto? E o que isso tem a ver com a pregação da igreja?

O caminho de Jesus para Jerusalém estava cheio de dificuldades, de incertezas e ambiguidades. Uma dessas dificuldades era a incapacidade do seu grupo de discípulos de reconhecer a identidade de Jesus. Mesmo que Jesus tivesse mostrado várias vezes que o seu interesse não era o poder, mas sim o serviço em todas as suas possibilidades, mesmo assim os seguidores de Jesus se empenhavam por transmitir uma imagem triunfalista do seu Mestre. Jesus precisa então recorrer a duras palavras para colocar em evidencia a falta de visão e entendimento dos seus seguidores. Pedro, Tiago e João – líderes do grupo da Galiléia – continuam presos a uma ideologia sectária e triunfalista, de um líder religioso místico e espetacular e não conseguem ver em Jesus o servo sofredor, que foi anunciado pelo profeta Isaías (Is 50.4-9ª).

Esse é o contexto do Evangelho de Marcos que ouvimos hoje (Marcos 8. 27-39). Jesus diz que um compromisso com o Reino de Deus, vai provocar reação negativa de algumas pessoas poderosas na sociedade e na política.
Jesus quer clarear a mente dos seus seguidores dizendo que uma das consequências do compromisso com o Reino de Deus é a cruz. Seguir a Jesus é comprometer-se com a justiça, a verdade, a prática do bem, a inclusão daqueles que socialmente são pessoas inferiores. Seguir os ensinamentos de Jesus vai fazer você começar a questionar a ordem das coisas. Aí, diz Jesus, você vai começar a sentir a resistência e a inconformidade de algumas pessoas.

No meu escritório pastoral na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Belo Horizonte eu tenho uma parede cheia de cruzes. Os confirmados já contaram que são 50 cruzes. Eu reuni essas cruzes de diferentes lugares da América Latina. Muitas vezes, ouço comentários dizendo que são cruzes muito bonitas. Isso me dá a oportunidade de falar sobre a teologia da cruz, e a identidade de Jesus.

Martin Lutero repetia que a cruz é o símbolo da Igreja. Por mais diferentes que sejam as igrejas entre si, a cruz é a nossa base comum. Mas a cruz não nos autoriza a justificar nenhum tipo de sofrimento. A cruz não está ai para que exaltemos o sofrimento. A cruz está aí para nos lembrar do amor incondicional de Deus por todos os seres humanos, apesar de nosso pecado. A cruz de Jesus nos faz lembrar que Deus se tornou ser humano, que viveu entre nós e que Deus pode estar com os seres humanos em todas as situações.

No entanto, Jesus superou a cruz com a ressurreição. Por isso, todo sofrimento precisa ser superado. Onde existe sofrimento nesse mundo, os seguidores de Jesus somos chamados a nos empenhar por sua superação. Deus não se alegra com o sofrimento de ninguém. As 50 cruzes que eu tenho lá naquela parede são para me lembrar, dessas duas coisas: O amor incondicional de Deus pelos seres humanos e que todo tipo de sofrimento precisa ser superado.

Mas, o que fazer com os sofrimentos que não podemos superar?

Nesse caso, Jesus nos diz que não podemos deixar que alguém carregue sozinho a sua cruz. Cristo carregou a sua cruz em solidariedade para conosco. Também nós devemos mostrar nossa solidariedade e não permitir que os que sofrem se sintam sozinhos.

Portanto, identificar-se com Jesus é lutar contra o sofrimento, mas é também ajudar a carregar a cruz quando não foi possível superá-la. No entanto, seja como for, jamais deixar de anunciar que Deus que estar conosco em qualquer das situações. Amém
 


Autor(a): P. Nilton Giese
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 34833
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