Religiosidade e Internet

“Depois, tendo partido os pães, deu-os aos discípulos, e estes, às multidões.” (Mateus 14.19b)

05/06/2013

Em vida Jesus caminhava com seus discípulos e estava ali onde o povo estava. Subia em pedras, barcos e montes para falar e cuidar da multidão que o seguia. Era assim, de viva voz e de forma presencial, que se comunicava com o povo. Era assim que o Evangelho era transmitido: pela fala e pelo exemplo vivo. Exemplo claro dessa forma de comunicação temos na multiplicação dos pães e peixes (Mateus 14.13-21): o ensino da partilha vem acompanhado do gesto da partilha. Qual era a fonte da fé dos discípulos e do povo? A fala e o exemplo de Jesus.

As comunidades cristãs seguiram o exemplo de Jesus. Seu barco era o púlpito, o monte o altar da igreja. Lugar da fala e da partilha. Lugar da vivência da fé. Durante a semana lê-se ainda o castelo forte, semente de esperança, canta-se uma canção, ... Formas de alimentar a fé para além do culto dominical.

Desde os anos 1940 mensagens cristãs chegam à nossa casa também pelo rádio; desde os anos 1980/90 pela televisão; e desde os anos 2000 também pela internet. São novas formas de comunicação e novas formas de divulgação do Evangelho. Sempre mais acessíveis a todas as pessoas. Pense um momento: quantas mensagens religiosas chegam a você por dia através do “facebook”? Fotos, imagens e palavras inspiradoras são multiplicadas na esperança de que consolem e confortem alguém – não sei bem quem – que esteja precisando.

Muitas dessas mensagens cumprem seu objetivo e realmente têm uma percepção cristã. Confortam as pessoas e lhes fazem bem. Outras, todavia, aumentam a dúvida de fé e fomentam o que se chama de “bricolagem” religiosa: ouço tudo, de todas as religiões e fico com o que me interessa. Sem dúvida, no jardim da multifome graça da comunicação, o discernimento é a ferramenta indispensável. E sempre mais, pois não dá para ignorar o facebook (e outros espaços da internet) como espaço religioso. Se a mensagem do culto chega a nós uma vez por semana, por uma hora, na internet a mensagem circula diariamente o dia todo.

Reflita comigo ainda duas questões:
a) a internet, em verdade, é um meio, uma forma que faz a mensagem chegar. É como a pedra ou o púlpito: o lugar de onde se anuncia uma mensagem. A mensagem, por sua vez, provoca mudanças nas pessoas. O que ouço e leio me influencia. A logoterapia (Viktor Frankl) é a forma de curar pessoas pela palavra. Ou seja: temos diante de nós uma ferramenta bonita que pode consolar vidas, confortar corações, renovar esperanças, etc. E isto é bom – se bem usado;

b) mas também não podemos imaginar que a virtualização da fé seja o suficiente para a vida das pessoas. Não podemos confundir conexão com comunhão. A internet não substitui o culto, o grupo comunitário ou o estudo bíblico. O mundo real e concreto é o lugar da encarnação de Deus (João 1.14). O mundo real e concreto é o lugar onde o amor ao próximo se concretiza.

Qual é nossa tarefa? Aproveitar com sabedoria, coragem e discernimento todas as plataformas que se apresentam para a proclamação do evangelho sem se descuidar do amor de Deus que se revela na caminhada concreta da vida.

Que Deus em graça alimente tua fé e te torne um multiplicador de vida e comunhão. Amém.

 


Autor(a): Marcos Jair Ebeling
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 22357
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O verdadeiro cristão não vive na terra para si próprio, mas para o próximo e lhe serve.
Martim Lutero
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