Leva um Cordeiro a transgressão

Comentário e reflexão

29/06/2012

HPD 43 – Leva um Cordeiro a transgressão.

Meditação: Um hino de louvor sobre o incomensurável amor de Deus.

A linguagem da primeira estrofe parece um tanto estranha. O autor Paul Gerhardt (que viveu de 1607 até 1676) tem diante de si a imagem de um cordeirinho (Lämmlein no original alemão). Mas não se trata de um bichinho de estimação, e, sim, dum cordeiro a ser sacrificado. Ele usa termos que encontrou na Bíblia. P.ex. João 1,29 Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, e ainda Isaías 53,3-7: Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e năo fizemos dele caso algum. Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressőes, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós. Ele foi oprimido e afligido, mas năo abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele năo abriu a boca.

Talvez o autor também se tenha lembrado da cerimônia da purificação do povo judeu (Levítico 16,15-22), na qual o sacerdote confessa sobre a cabeça de um bode vivo todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressőes, sim, todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á para o deserto,.... Assim aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles para uma regiăo solitária.

Na Bíblia (Êxodo 12) o cordeiro faz parte da cerimônia da noite quando o povo de Deus foi libertado da opressão no Egito. Cada família teve que abater um cordeiro sem defeito e com o sangue deste pintar a verga e as ombreiras das suas portas. Isto era o sinal de proteção para o povo de Deus. Pois o anjo da morte, o qual naquela noite feriu os primogênitos dos egípcios, não entrou nas casas marcadas com sangue, mas passou adiante. O sangue do cordeiro trouxe salvação.

Na primeira estrofe, mesmo sem citar o nome de Jesus, o autor quer nos familiarizar com o grande sacrifício que Cristo ofereceu em nosso lugar, sacrifício esse que é tão difícil de compreender. [Dois outros cantos litúrgicos que falam do mesmo assunto são Ó Jesus Cordeiro, tiras o pecado e o mal.... (HPD nº 49) e Cordeiro imaculado, na cruz por nós pereceste.... (HPD nº 55).]

A partir da 2ª estrofe a linguagem se torna bem mais familiar para nós. Podemos participar de um diálogo entre Deus Pai e Filho. O Pai diz: Vai, Filho, te compadecer e o Filho responde: Sim, Pai, de todo o coração... farei o que disseres! Estas palavras ainda necessitam de um comentário? - [Observe um diálogo semelhante nas 5ª e 6ª estrofes do hino de Martim Lutero Cristãos, alegres jubilai (HPD nº 155)]. Já o apóstolo Paulo havia exaltado a humildade e a obediência de Jesus que a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte, e morte da cruz (Filipenses 2,8).

Meditando sobre o grande sacrifício de Jesus só podemos silenciar admirados e, com as palavras do autor na 3ª estrofe, adorar e agradecer: Ó forte amor, amor sem par... Ó grande amor, que força tens.

E na 4ª estrofe o autor nos leva ainda um passo mais adiante. Ele nos mostra que, para agradecer a Deus, não é suficiente só na época da Quaresma se lembrar da Cruz, mas é necessário assumir um compromisso para sempre: Jesus, enquanto aqui viver, hei de seguir-te, crente. A ti só quero pertencer, agora e eternamente...

Quem assume tal compromisso, não precisa temer dor e sofrimento, e nem ter medo Quando esta vida se findar. Pois sabe-se perdoado e aceito por Deus.. Por isso tem a certeza: A ti, Senhor, me hás de levar... e bem-aventurado, com os teus anjos cantarei – do mal remido, exultarei, ao trono teu prostrado. (5ª estrofe).

Paul Gerhardt fez este hino no ano de 1647. Ele serviu-se duma melodia que Wolfgang Dachstein (1487-1553), havia composta, já em 1525, para um hino sobre o Salmo 137: Às margens dos rios da Babilônia nós nos assentávamos, e chorávamos.

L.C.
 


Autor(a): Leonhard Creutzberg
Âmbito: IECLB
Hino: 43. Leva um cordeiro
Título da publicação: Hinos do Povo de Deus Comentados / Ano: 2012
Natureza do Texto: Música
Perfil do Texto: Comentário ou reflexão sobre hino
ID: 15373
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