Luteranos em Contexto



ID: 2650

Mais uma Pergunta Dr. Lutero

11/09/2013

O nome de Martim Lutero (1483-1546) é sinônimo para Reforma da Igreja, desencadeada em 31 de outubro de 1517 e que jamais teria acontecido não fosse a participação desse teólogo da Universidade de Wittenberg, Alemanha. A Reforma iniciou com as 95 Teses e, na historiografia, é vista muitas vezes como o início da Idade Moderna. Ligada a ela de forma inseparável, iniciada já anteriormente, e companheira constante dos acontecimentos na Alemanha, desenrola-se a Renascença na Europa, carregada pelas ideias de cabeças como Leonardo da Vinci, Nicolau Copérnico, Erasmo de Roterdão, Filipe Melanchthon, Giordano Bruno, Johannes Keppler e Galileu Galilei.

O caminho de Martim Lutero, na verdade, já havia sido traçado pela decisão de seu pai, Hans Luder, segundo o qual o menino, dotado de uma inteligência acima da média, deveria posteriormente estudar Direito. Todavia, evidenciou-se que o Pai celeste de Lutero tinha outros planos para seu filho, que diferiam dos planos de seu pai terreno.

No início, porém, tudo seguiu seu curso natural. Entre 1488 e 1501, Martim frequentou as escolas de Mansfeld, Magdeburgo e Eisenach, como também o subsequente Estudo das Artes Livres (artes liberales) em Erfurt, até 1505, tudo ainda conforme os desejos de seu pai. E mesmo o estudo de Direito, que Lutero iniciara em Erfurt, seguia conforme o planejado, até que, em meio a um violento temporal no dia 2 de junho de 1505, quando retornava das férias que passara na casa dos pais, um raio caiu perto do estudante de 21 anos.

A promessa “Ajuda-me, Santa Ana, e serei monge”, feita em meio a um terrível medo diante da morte, Lutero pagou quinze dias depois, tornando-se noviço no convento dos eremitas agostinianos em Erfurt. No dia 2 de maio de 1507, o Irmão Martim recebeu a ordenação sacerdotal na Catedral de Erfurt e, em seguida (!), iniciou o estudo de Teologia, ao qual deu continuidade em Wittenberg nos anos de 1508/09, sendo que, em 1509, recebeu o título de Doutor em Teologia (doctor theologiae). Durante os anos 1510/11, Lutero foi enviado a Roma para tratar de assuntos de sua Ordem, tempo esse que ele também aproveitou para usufruir das ricas ofertas da graça (veneração aos santos, cartas de indulgência) à disposição na Cidade Santa, obviamente sem deixar de perceber as barbaridades embutidas nas mesmas.

Somente depois dessa viagem a Roma é que se formou no Dr. Martinus um posicionamento crítico em relação à prática eclesiástica papal (principalmente no que tange ao comércio das indulgências) e, finalmente, uma nova concepção de Deus. Em suas preleções sobre a Escritura Sagrada, ele transportou Jesus Cristo para o centro da fé e chegou, assim, a uma nova compreensão do relacionamento entre Deus e os seres humanos. Durante muitos anos, ele foi atormentado pela questão referente à justiça de Deus. Naquilo que ficou conhecido como “experiência na torre”, Lutero, em 1513, durante o estudo da Carta aos Romanos (Rm 1.16s) na cela que ocupava no mosteiro em Wittenberg, confrontou-se com a real percepção reformatória: “Se devemos viver como justos a partir da fé e se a justiça de Deus conduz à salvação todo aquele que crê, então a salvação não é mérito nosso, mas é a misericórdia de Deus. Assim, meu espírito recobrou o ânimo, pois a justiça de Deus consiste em que somos justificados e salvos por meio de Cristo”.

Perante Deus, pois, o ser humano não obtém justiça por obras próprias, mas somente a fé do ser humano no Deus misericordioso, do ser humano consciente de seu pecado, somente essa fé o torna justo perante Deus. Esse novo entendimento na teologia de Lutero clamava por ser colocado em prática, tal como aconteceu no dia 31 de outubro de 1517, quando suas teses se tornaram públicas em Wittenberg. Mas o que fora idealizado como discussão corretiva das deformações papistas e para o “restabelecimento da Igreja Católica desde a cabeça até os membros” alastrou-se entre as multidões e desencadeou imediatamente os acontecimentos transformadores do mundo, proporcionados pela Reforma na Alemanha.
Com isso Lutero forjou o elo decisivo de uma corrente que une pessoas em todo o mundo até os dias de hoje. Pois sem Lutero não haveria a Reforma, nem protestantismo, nem igrejas evangélicas, nem Federação Luterana Mundial, à qual, desde 1947, estão filiadas 136 igrejas estatais, territoriais e igrejas livres, que somam mais de 60 milhões de fiéis.

Igualmente tudo isso ostenta, de forma inconfundível, a caligrafia de Lutero, a exemplo de sua criativa obra-prima: a tradução do Novo Testamento do grego para o alemão, concluída em apenas dez semanas, feita durante o período de sua “detenção preventiva” em 11521/22 no castelo de Wartburg. Temos também aqui novamente um estopim luterano, seguido de uma reação em cadeia: por intermédio de sua tradução da Bíblia (o Antigo Testamento foi traduzido por ele entre os anos de 1523 e 1534) pôde formar-se um idioma alemão uniforme e erudito, que contribuiu diretamente para a sedimentação do sentimento de unidade cultural e econômica de uma nação alemã.

Por isso o poeta, filósofo e teólogo alemão Johann Gottfried von Herder afirmou que Martim Lutero era merecedor do título “Mestre da nação alemã, sim, como correformador de toda a Europa, agora iluminada”. E Johann Wolfgang von Goethe declarou: “Os alemães só se tornaram um povo por intermédio de Lutero”.

Caso pessoas de hoje procurem por respostas a perguntas importantes da vida, então elas podem encontrá-las junto ao grande Reformador alemão. Começando por “alegria” e indo até “zona de meretrício”, Martim Lutero dá respostas breves a perguntas como estas: “O senhor acredita que um pobre possa ser rico e que um rico possa ser pobre?”, ou: “O que o senhor diz a quem afirma que nós cremos com toda a firmeza principalmente naquilo que desejamos ou tememos?”.
Manfred Wolf no prefácio do Livro Mais uma Pergunta Dr. Lutero
 


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