IECLB e Conselho Mundial de Igrejas



ID: 2701

CMI divulga Mensagem para Pentecostes

11/05/2005

O Conselho Mundial de Igrejas, que reúne quase 400 igrejas de todo o mundo, divulgou Mensagem de Pentecostes, assinada pelos seus oito presidentes. Confira o texto na íntegra, traduzido para o português:


Mensagem de Pentecostes dos/das Presidentes do Conselho Mundial de Igrejas


Graça e paz sejam convosco nesta festa de Pentecostes de 2005, na qual celebramos os ricos dons do Espírito Santo.

O apóstolo Paulo exorta-vos dizendo, “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Romanos 12.1). O dom da espiritualidade foi derramado ricamente sobre a humanidade, não só para o contentamento interior e a realização espiritual de nós mesmos, e sim para que, unidos, testemunhemos nossa fé por meio da atuação no mundo. Nossa adoração espiritual exige que coloquemos nossos corpos a serviço de Deus e de nosso próximo.

“Quem é o meu próximo?” Numa parábola de Jesus, o próximo é um samaritano, membro de religião estrangeira, considerado inimigo. (Lucas 10.29-37) Podem ser nossos próximos pessoas de quem menos o esperamos, e as barreiras que percebemos entre elas e nós podem cair rapidamente sob o vento impetuoso do Espírito.

Na manhã de Pentecostes, segundo a narrativa de Atos dos Apóstolos, reuniram-se na cidade de Jerusalém peregrinos de muitos e dos mais diferentes povos da terra. Quando o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos, eles começaram a proclamar o evangelho desconsiderando a grande diversidade do público que os escutava. “Estavam atônitos, e se admiravam, dizendo: Vêde! Não são, porventura, galileus todos esses que aí estão falando? E como os ouvimos falar, cada um em nossa preópria língua materna?” (Atos 2.1-8) O milagre de Pentecostes foi a revelação sem precedentes do fato de que todos os condicionamentos limitadores da cultura, da religião, da raça, do gênero e do idioma não são nada em comparação com a vontade salvadora e reconciliadora de Jesus Cristo, o qual derrubou “a parede da separação que estava no meio, a inimizade” (Efésios 2.14).

Hoje, como então, parece simplesmente humano definir-se a si mesmo em contraposição ao “outro”, ou seja: aquelas pessoas que não são como eu, que não são como nós. Se encontramos tais pessoas em nossa vizinhança, chamamo-las de estrangeiras. Mas este tratamento nos parece menos justo quando nos encontramos em situação de minoria, quando experimentamos o que significa ser “o outro”. Em algum momento, cada um de nós já percebeu a fincada humilhadora de um olhar ou de uma palavra, de uma anedota ou lei. Em determinado momento, cada um de nós já conheceu a sensação de vergonha, decepção, insulto ou auto-alienação que experimenta o estrangeiro.

A boa-nova de Pentecostes é que Jesus Cristo nos chama para uma nova percepção de nossa humanidade comum. E o Espírito Santo torna possível participarmos plenamente da verdadeira comunhão. Tal comunhão do povo de Deus pode chegar a ser um instrumento do evangelho, como no caso dos apóstolos.

O Conselho Mundial de Igrejas e seus parceiros ecumênicos, de tradições e movimentos os mais diferentes, reúnem-se neste trimestre para uma Conferência Mundial sobre Missão e Evangelização, em Atenas, Grécia. À luz de Pentecostes, o tema da conferência aponta para a função que as comunidades cristãs podem desempenhar para superar as barreiras entre as pessoas: “Vem, Espírito Santo, cura e reconcilia! Chamados em Cristo para ser comunidades de cura e de reconciliação”.

Pentecostes nos lembra que Deus intervém em nosso mundo para superar as divisões, para salvar, para reconciliar-nos com Deus e com o outro. Se antes nos dividia o idioma, agora nos é dada a possibilidade de compreendermos claramente uns aos outros e a louvar a Deus em harmonia. Se antes as fronteiras de nossa comunidade marcavam os limites de nossas amizades e vínculos familiares, agora um sentido mundial de comunhão nos abre os corações para todas as criaturas de Deus.

Tudo que existe foi criado por Deus. Cristo nos foi revelado como sendo “tudo em tudo”. O Espírito Santo sopra, como o vento, onde quer. Deus não conhece limites.

Pentecostes nos obriga para uma compreensão mais abrangente de Deus, e começamos a ver que são ilimitadas as possibilidades para Deus agir no mundo. A misericórdia de Deus é mais profunda do que podemos imaginar. Deus é mais aberto do que jamais poderíamos ter sonhado. O amor de Deus é maior que podemos conceber. E começamos a compreender também que os limites que experimentamos neste mundo são limites que nós mesmos colocamos a nós e a nossos próximos.

Não temos nem inteligência nem imaginação bastante nem sentidos suficientemente apurados para perceber tudo que Deus é, e muito menos para reconhecer todos os caminhos de Deus. Contudo, Deus nos chama para oferecermos nossos corpos e dedicarmos nossas vidas a buscar a justiça e acabar com a violência, a lutar contra o ódio e a opressão, contra a discriminação e a doença, e a gostar de servir em cooperação com todas as pessoas de boa vontade. E Deus nos promete a presença do Espírito Santo neste ministério de cura e reconciliação.

“Deus, em tua graça, transforma o mundo” é o tema da próxima, a Nona Assembléia do Conselho Mundial de Igrerjas, a ter lugar em Porto Alegre, Brasil, de 14 a 23 de fevereiro de 2006. Assim como o Espírito transformou os apóstolos no dia de Pentecostes para o bem de todo o mundo habitado, assim também nós confiamos que o Espírito nos transforme como pessoas, como comunidades e como membros da igreja e do mundo. Sim, esperamos ansiosos pela transformação de toda a criação – para nossa redenção comum, pela paz e pela justiça, pelo amor e pelo serviço – a fim de que juntos vejamos o cumprimento da profecia de um novo céu e de uma nova terra. Neste período de Pentecostes, desejamos convidar os delegados visitantes de todo o mundo a que se reúnam conosco em Porto Alegre, enquanto desdobramos o tema “Deus, em tua graça, transforma o mundo”. O tema da Nona Assembléia é também nossa oração. Amém.

Presidentes do Conselho Mundial de Igrejas:


Dra. Agnes Abuom, Nairobi, Quênia

Rt. Rev. Jabez L. Bryce, Suva, Fiji

S.E. Crisóstomo, Metropolita da Sede de Éfeso, Istambul, Turquia

S.S. Ignácio I, Iwas, Damasco, Síria

Rvda. Dra. Bernice Powell Jackson, Cleveland, EE.UU.

Dr. Kang Moon Kyu, Seul, Coréia

Bispo Federico J. Pagura, Rosário, Argentina

Bispo Eberhardt Renz, Tubinga, Alemanha


Fonte: CMI/ tradução P. Johannes F. Hasenack
 


Âmbito: IECLB / Organismo: Conselho Mundial de Igrejas - CMI
Natureza do Texto: Manifestação
Perfil do Texto: Mensagem
ID: 21122
O meu Deus é a minha força.
Isaias 49.5
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