Espiritualidade Evangélica Luterana


ID: 2686

João 4.1-15; 28-42

Prédica da Celebração Ecumênica em Guarapari-ES

20/05/2015

Prédica da Celebração Ecumênica em Guarapari - Pastora Luterana Rosane Pletsch

Reflexão de João 4. 1-15; 28-42, no dia 20/05/2015, 19:30,

na Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR),

Paróquia São Pedro, em Guarapari - ES,

por ocasião da Semana de Oração pela Unidade Cristã

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão com o Espírito Santo esteja com todos vocês. Amém

Estimada comunidade ecumênica. Nós acabamos de ler uma história bonita: o encontro de duas pessoas: um homem e uma mulher e um homem e uma mulher de culturas diferentes, Samaria e Judéia/Galiléia. Por muitos motivos, também de intolerância, os samaritanos eram discriminados, considerados um povo não puro, cheio de religiões estranhas, muita mistura. Um povo inferior. A rejeição a Samaria era tão grande que havia até caminhos secundários, atalhos, para não cruzar pela Samaria. Jesus vem da Judéia e vai em direção a Galiléia e decide não seguir os atalhos, mas o caminho oficial e não somente passa pela Samaria, mas fica nela e dialoga com a sua gente, neste caso uma mulher. Nós também temos Samarias, ali onde vivemos, onde não queremos cruzar: os lugares pobres, as favelas, a vida das mulheres que sofrem de violência, o assassinato de jovens...São Samarias que não queremos cruzar, que não estão no nosso roteiro.

Temos Samarias dentro de nós mesmos, aqueles lugares que nunca queremos tocar, analisar, lugares onde moram as nossas intolerâncias, as indiferenças, o nosso orgulhos e más idéias...É preciso chegar ali, cruzar ali, dar uma parada e encontrar-se ali com o outro, buscar outros valores, modos de ser...Melhorar. Isso é necessário se queremos seguir o caminho do Ecumenismo. Ver e superar as Samarias que atrapalham a nossa unidade. Não buscar os atalhos.

A Samaritana, uma mulher sem nome, está junto ao poço. Ela vem buscar água, ela tem sede. Rejeitada como povo e como mulher, ela vai sozinha, ninguém está com ela. Jesus também tem sede, está cansado, exausto. O encontro entre os dois gera surpresa, pois ninguém queria muito ter contato com os samaritanos. Jesus, por outro lado, quis e precisava passar pela Samaria. Era parte de seu ministério. Seu ministério incluía o encontro com o outro, com a cultura diferente, com religiosidades diferentes. Jesus sabia que o amor de Deus não se restringe a um povo. No horizonte de Jesus estava a diversidade, a pluralidade e não a pobreza da homogeneidade. Jesus também sabia que as divisões, intolerâncias, os preconceitos, os julgamentos são contrários ao Reino de Deus. Era preciso enfrentá-los. E mais do que apenas analisar, era preciso fazer com que a paz voltasse a reinar. Assim que aprendemos que nosso encontro com o outro deve abrir o caminho, deve destravar estranhamentos, desbloquear mal entendidos, deve gerar comunhão, deve ajudar a superar conflitos para que a paz reine. Esse é o papel de cada líder, a função de todos nós aqui que seguimos Jesus rumo a Samaria.

Dá-me de beber, diz Jesus! Todos nós temos sedes. Isso nos torna iguais. Todos nós temos sedes e água a oferecer. Temos baldes, temos um poço, algo que possa ser oferecido ao mundo, para que ele seja um lugar bom para todos viverem, não só os meus amigos próximos. Saber-se com sede é algo importante na vida. Nós necessitamos da ajuda e do dom da outra pessoa. Não somos auto-suficientes. Deus fez o mundo interconectado. Não estou fora desta teia de relações que é a vida. SE me excluo, não compartilho o que sei e quem eu sou, estarei fazendo falta, alguém sofre esta minha falta. Somos chamados a aceitar água do poço de quem é diferente e a também a oferecer um pouco de nossa própria água. Na diversidade nos enriquecemos e garantimos o bem viver. O ecumenismo requer o compromisso de cada um/a.

E nós temos sede de que? Sede de água, mas outras sedes, de sentido, de vida. A mulher, neste caso, tinha sede de ser valorizada, de ser reconhecida como pessoa em sua integridade, valorizada e amada. E isso realmente ocorre. No final do texto, ela vai a sua cidade e dá testemunho. Ela deixou o pote, o que mostra que a sede de sentido, de salvação era maior do que a sede de água. Tanto assim que ela deixa o pote e se assume como discípula, seguidora de Jesus. Ela teve uma experiência de libertação, de salvação. Teve a sua sede de sentido e de dignidade saciada. Por isso Jesus é a água viva!

Que nós possamos ter esta experiência de deixar os nossos potes. Que o nosso saciar seja além da sede física. Que tenhamos sede de vida, de superar as barbáries de nossos tempos. Falando da realidade das mulheres, o Brasil ocupa o sétimo lugar no mundo em homicídios/assassinatos de mulheres. E o ES o primeiro no Brasil em assassinato de mulheres, que é a forma mais brutal de violência. Em relação às demais violências os índices são ainda mais alarmantes. E 70% das mortes ocorrem dentro de casa, ou seja, por pessoas próximas. A mulher samaritana certamente também passou por isso, diz o texto que ela teve 5 maridos, quantas experiências de frustração e até de violência certamente estão por trás de todos estes relacionamentos. Por isso ela tem esta sede toda, sede de um mundo não patriarcal, onde homens e mulheres se amem e se respeitem.

Nós precisamos ir até o poço, não tem mais como negar isso, a história, o nosso país requer isso. É preciso sentar juntos, compartilhar da mesma água e buscar a água viva, aquela que vai saciar as nossas sedes mais profundas, de comunhão, de amor, de superação de violência, de intolerâncias, de paz. Saciados da água viva, podemos largar os nossos potes, aqueles que matam somente nossas sedes pessoais, e poderemos saciar as sedes de nossas Samarias e samaritanas. Que Deus assim nos ajude! E que a paz de Deus que supera todo o entendimento, guarde os vossos corações e mentes em Cristo Jesus. Amém.
 


Autor(a): Rosane Pletsch
Âmbito: IECLB
Área: Ecumene
Área: Espiritualidade / Organismo: Semana de Oração pela Unidade Cristã - SOUC
Testamento: Novo / Livro: João / Capitulo: 4 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 15
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 33610

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